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Maya Fiore
10 de maio de 2024
Los Angeles

Milhares de matérias sobre o suposto relacionamento que estava acontecendo entre nós foram postadas nas últimas semanas. Marquezine não se importava, a garota ria ao ler as manchetes e as teorias de nossas fãs.

Eu, bem, eu ria também, mas tinha medo, tinha medo de que minha mãe lesse algo e viesse atrás de mim para perguntar algo. Eu sabia que isso aconteceria, aconteceu, agora estou eu parada na frente da casa dela, tomando coragem para entrar por aquela porta e ouvir mil coisas novamente.

Eu não sabia ao certo se dizia tudo pra ela ou simplesmente ouvia e ia embora, eu só não sabia o que fazer mais, eu não disse nada para Bruna, sei que talvez seja um erro, sei que provavelmente vá me arrepender, mas a garota estava tão feliz nos últimos tempos que não tive coragem de tirar o sorriso do rosto da garota.

Eu bati a porta do carro e entrei pela porta da casa. Vi que minha mãe e meu irmão estavam sentados na cozinha, havia um ar pesado no ambiente, era como se esperassem por mim para deixarem cair toda a chuva que as nuvens carregavam.

- Oi. - Disse e senti minha mãe me fuzilar.

- Oi? Você acha que é isso que eu quero ouvir? - Ela disse e eu respirei fundo, meu irmão
como sempre só concordaria com ela. - Que porra é essa? - Ela apontou pras revistas que tinham sobre a mesa.

- Revistas de fofoca. - Disse a observando.

- Engraçadinha, essa história de você e Marquezine de novo? Só me faltava essa. Aquela garota é uma cobra. Ela sempre quis acabar com a sua carreira, se bem que você anda fazendo isso sozinha, né?

- Para com essa merda. - Disse a interrompendo e respirei fundo. - Para de falar essas coisas.

- Mas você não concorda comigo?

- Não, não concordo. - Disse firme, eu poderia morrer aqui, mas morreria falando o que meu coração clamava. - Você não consegue ver que eu sou uma pessoa e não um boneco? Você acha que sou uma máquina de fazer dinheiro?

- Você nunca se importou com essa merda de sentimento, Maya. - Ouvi a voz de meu irmão e fechei meus olhos enquanto sugava uma boa quantidade de ar.

- Óbvio que não, vocês dois só despejavam raiva em mim, acho que esse sentimento ninguém deseja. - Disse me virando pra ele. - E você, para de falar essas bostas de Bruna. - Disse apontando pra minha mãe e recebi um tapa em minha mão.

- Não aponta pra mim, você deve sua vida a mim, eu quem fiz você ser quem você é hoje.

- Não, não foi. Eu cheguei aqui por ser capaz, você não tem noção de metade das coisas que aconteceram na minha carreira, você nunca se importou comigo e nunca vai se importar, não é mesmo? - Disse a olhando fixamente. - Se eu tô com Bruna ou não tô, não te importa, você não se importa com isso, só tem medo de que alguém abra meus olhos e me faça ver que essa porra de família não é uma família. - Disse olhando para os dois. - Eu já entendi isso, tenho o mínimo de respeito por vocês e pronto.

- Você não pode ser tão imbecil de ter ouvido aquela idiota. - Minha mãe passou às mãos pelos cabelos. - Ela quer acabar com a sua vida, ela logo vai te dar um golpe e quero ver.

- Parece que você também queria, né? Apenas falava comigo por causa do dinheiro. - Disse rindo irônica.- Golpe por golpe, pelo menos vou ter amor, aqui eu só colhi ódio. Vocês nunca fizeram questão de mim, nunca quiseram conversar comigo, nunca me quiseram aqui de verdade, então pronto, a partir de hoje eu não piso aqui nunca mais, nunca agradeci tanto por você não ter colocado seu sobrenome em mim, pelo menos apenas com papai tenho ligação. - Disse e minha mãe ficava furiosa a cada palavra, meu irmão voltou ao silêncio.

- Você é uma ingrata, tudo que eu fiz por você não valeu de nada? Ter feito você virar quem você é não foi nada? - Ela disse e eu negava com a cabeça.

- Acho que antes de me tornar uma atriz famosa mundialmente você deveria ter pensado em como me amar primeiro. - Disse e senti um peso saindo de mim, a cada palavra eu me sentia mais livre. - Antes de qualquer coisa você deveria ter sido minha mãe, a pessoa que ama, que cuida, mas você foi quem me odiou, me machucou, agora não quero mais nada.

Minha mãe apenas se calou, pela primeira vez na vida ela não rebateu, não me xingou, não pronunciou um som. Respirei fundo e olhei para os dois profundamente.

- Espero que não me incomodem com nada mais, eu vou viver minha vida, espero que façam o mesmo. - Disse ainda surpresa com o silêncio que estava. - Tchau.

Segui de volta para meu carro, nenhum grito, ninguém me seguindo, ninguém me xingando, absolutamente apenas eu e o silêncio, eu dirigia de volta pra casa sentindo algo diferente em mim. Eu me sentia outra pessoa, eu me sentia verdadeira.

- Oi Lindo da mamãe. - Disse afagando Augusto assim que abri a porta, o cachorro abanava o rabo rapidamente. - Mamãe fez algo bom hoje, finalmente. - Disse sorrindo para o pequeno que me olhava. - Mamãe não vai mais chorar por palavras ruins, Guto, mamãe não vai dar esse gosto pra eles, quem me ama está comigo, não é? - Disse e recebi uma lambida do cachorro.

- O que aconteceu, Amor? - Ouvi e vi Bruna vestindo uma camiseta minha e com um balde de pipoca em mãos. - A gente tinha combinado de fazer uma noite de filme, esqueceu? - Bruna disse para minha cara de confusa.

- Desculpa. - Sorri enquanto me levantava, Bruna me observava pensativa.

- O que você fez de bom? - Ela disse curiosa e eu sorri mostrando meus dentes.

- Fui na minha mãe, disse tudo que tinha aqui, tecnicamente disse que temos algo, não afirmei, mas não neguei. - Disse imóvel com medo da reação de Bruna. - Eu, bem, eu disse pra eles tudo, Bru. - Disse soltando uma grande quantidade de ar e Bruna deixou o balde de pipoca na mesa ao lado, caminhando até mim lentamente.

- E como você está? - Bruna disse parada em minha frente.

- Bem, eu realmente me sinto bem. - Disse olhando em seus olhos e vi que um sorriso surgiu em seu rosto.

- Estou orgulhosa de você. - Bruna disse e deixou alguns beijinhos em minha bochecha. - Estou muito feliz que você está cuidado de você, cuidando de quem está perto de você. - Ela disse enquanto segurava meu rosto e selou nossos lábios.

- Você tem grande mérito disso.

- Não, o mérito é todo seu, só estive ao seu lado, é isso que fazemos com quem amamos, não? - Bruna disse e entrelaçou nossos dedos. - Na felicidade, na tristeza, em qualquer coisa, estarei aqui. - Bruna disse e eu sorria feito boba.

Competição - Bruna MarquezineOnde histórias criam vida. Descubra agora