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Maya Fiore
16 de maio de 2023
Los Angeles

- Amor, ei, eu tô aqui. - Disse segurando o rosto de Bruna, a garota chorava como nunca tinha visto antes. - Vamos sentar, vem. - Disse a guiando até o sofá que estava próximo, nos sentamos e a garota colocou o rosto em meu pescoço, eu fazia carinho em suas costas e apenas tentava deixar com que ela se acalmasse.

- Maya. - Ouvi meu nome ser chamado e olhei para Bruna, seu nariz vermelho, seus cílios molhados, seus olhos pequenos.

- Oi, tô aqui. - Disse fazendo carinho no rosto da mais velha.

- Eu tô com medo. - Ela disse e entrelaçou nossos dedos. - Eu só apresentei homem pra minha família e ainda é você. - Bruna disse e eu respirei fundo. - Não que você seja ruim, você não é, você entendeu o que eu quis dizer.

- Entendi, fica tranquila. - Disse e deixei um beijo em sua testa. - Vai dar tudo certo, vou ser a maior puxa saco deles, pode ficar tranquila, meus sogros vão me amar. - Disse sorrindo e Bruna me acompanhou.

- Você chamando eles de sogros foi fofo. - Ela disse e eu deixei vários beijinhos em seu rosto.

- Mesmo que você não me peça em namoro, eles são meus sogros. - Disse e ela revirou os olhos. - Te amo, ok? - Disse e ela me beijou.

- Eu te amo, obrigada por ter vindo. - Bruna disse e se ajeitou melhor em mim. - Eu não sei, Maya, só tô com muito medo de tudo. - Bruna disse enquanto brincava com a cordinha de meu moletom. Eu fazia carinho nela, tentava fazer isso ser o suficiente. - Eu conversei com Sasha, ela disse que eu não preciso ficar assim, que meus pais vão ficar tranquilos, mas, Maya e se não ficarem? - Bruna disse e não me olhava.

- Espera. - Disse confusa. - Eles não sabem sobre você se relacionar com mulher?

- A gente nunca conversou sobre. - Bruna disse e eu engoli seco. - Eu nunca quis ter essa conversa, não teve algum momento bom pra isso, minha irmã sabe, já conversamos, mas meus pais, nunca. - Bruna disse e eu respirei fundo, ok, isso pode ser mais complicado do que eu havia entendido. - Talvez eles imaginem por causa de já terem me especulado com algumas mulheres, mas nunca me questionaram sobre.

- Eles, tipo, eles são tranquilos? - Disse e podia ter certeza que minha voz estava trêmula. - Sabe? Preconceito e tal.

- São, mas existe aquela coisa de ser a filha, né? - Bruna disse e me olhou, tirei os cabelos da garota de seus olhos e pude ver melhor seu rosto.

- Sim, mas, vai dar tudo certo, se precisar eu sou só sua amiga, depois você conversa com eles, daí eu sou algo a mais. - Disse sorrindo sem graça e Bruna negou repetidamente.

- Não, eu quero te apresentar como minha namorada, não tem como eu fingir ser sua amiga, eu quero estar de mãos dadas, quero deixar beijinhos em você, quero poder ser verdadeira ao seu lado, não foi isso que combinamos? - Bruna disse e eu respirei fundo.

- Mas é diferente, Bruna. - Disse fazendo carinho em sua bochecha.

- Eu tô cansada de te esconder. - Ela disse e eu engoli seco.

- Eu não quero que você sofra. - Disse com a voz embargada. Bruna me olhava querendo uma explicação. - Homofobia dói, eu não quero que você viva isso. - Disse sem olhar pra Bruna, eu sabia que era idiota o que eu falava, mas era o que eu sentia. Eu queria proteger Bruna de qualquer coisa.

- Mas eu sou assim, eu amo você e eu quero você, só você. - Bruna disse e eu concordei.

- Eu sei, mas eu não quero que você passe por tudo aquilo, não quero que você sofra com isso.

- Amor, não pensa nisso, ok? - Bruna disse e deixou um selinho em meus lábios. - Não tem como você me proteger disso, você vai tá do meu lado, isso já é mais que o suficiente.

- Bruna, mas. - Disse e a garota me interrompeu.

- Mas nada, Maya Fiore, me escuta. - Bruna disse firme, porém seus olhos ainda tinham algumas lágrimas, eu as limpei. - Eu quero poder andar de mão dada contigo, te dar beijinhos, ir em eventos com você, quero poder postar uma foto contigo, quero poder te fazer carinho em público, quero que o mundo saiba que você e eu estamos juntas, entendeu? - Bruna disse e eu concordei. - Então, consequentemente eu vou me assumir, eu não vou estar nem aí pras pessoas falando, Maya, eu vou tá tão feliz de poder ser sua namorada em público que nada mais vai importar.

- Namorada? - Disse sorrindo e Bruna empurrou meu rosto.

- Quase namorada, desculpa o erro. - Ela disse rindo e me abraçando. - Você entendeu?

- Sim, mas eu não quero que você se sinta pressionada por mim. - Disse e ela concordou.

- Amor, a coisa que você menos faz é me pressionar, chega a dar raiva essa sua calma. - Ela disse brincando e eu sorri. - Sério, você é tão incrível, obrigada, tá?

- Amor, só tô tentando ser tudo que você merece. - Disse e Bruna resmungou. - Tô falando sério. - Disse puxando ela mais pra perto e a garota ficou com o rosto em meu pescoço. - Você é tipo uma deusa, caralho, eu sou muito apaixonada em você. - Disse e a garota me olhou de maneira tímida.

- Para de ser besta. - Ela disse e eu neguei.

- Você me deixou bobinha por você, Amor. - Disse sorrindo e deixando um selinho na garota. - Nossa, quando que eu poderia imaginar esse sonho de criança se tornando realidade.

- Sonho de criança, aham, você nem olhava na minha cara. - Ela disse e eu revirei os olhos.

- Sempre tive um queda por você, mas sabe que o ego não me deixava, sabe? - Disse e Bruna estava sorrindo. - Nossa, quando a gente ficou pela primeira vez, acordar do seu lado foi tipo, porra. - Disse e ouvi ela rir. - Mas aí você me deu um esporro, fiquei até traumatizada.

- Você negou meu beijo por medo de eu te xingar depois. - Ela disse rindo e eu concordei.

- Óbvio, se com uma ficada você me estraçalhou, imagina nas próximas.

- Tudo bem, mas eu sou boazinha, não sou?

- Você é boazona, Amor.

Competição - Bruna MarquezineOnde histórias criam vida. Descubra agora