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Maya Fiore
20 de maio de 2023
Los Angeles

Pode anotar, vinte de maio de dois mil e vinte e três, esse foi meu último dia viva. O caminho da cozinha até a sala era curto, mas pareceu que demorou uma eternidade para que eu encontrasse Neide, a mulher estava sentada e olhava para as próprias mãos. Eu não sabia se me aproximava, ou se apenas esperava ali.

Decidi me aproximar, me sentei na cadeira perto dela e seu olhar encontra comigo. Eu pude sentir meu corpo arrepiar, minha garganta secar e minha respiração parar. Eu definitivamente estava em pânico.

- Sasha disse que a senhora queria falar comigo. - Disse tentando parecer calma, mas provavelmente falhando completamente. Era nítido que eu não estava calma. Ela continuava a me olhar, seu olhar percorreu tudo que podia, eu sentia.

- É, eu quero. - Ela disse se ajeitando e não tirava os olhos de mim. - Minha filha já me explicou tudo, mas eu quero falar com você, sou mãe, você sabe como mães são. - Ela disse e eu concordei, mesmo que não soubesse exatamente como mães eram. - Você e minha filha, é complicado de se imaginar, até alguns meses eu a ouvia reclamar de sua implicância. - Ela dizia calmamente, eu apenas apertava os lábios tentando aliviar a tensão. - E então, eu chego aqui e tenho a confirmação que vocês estão tento algo. Isso parece estranho, não?

- Parece. - Disse e respirei fundo. - Eu vou falar a verdade pra senhora, ok? - Disse e ela sorriu concordando, era como se isso fosse a resposta que ela queria. - O meu problema sempre foi comparação, era uma grande competição na minha cabeça, mas eu cresci, vi que as coisas não são bem assim, claro que existem concorrência, mas não precisamos agir de forma grosseira. - Disse e encarava todos os lugares, menos a mulher a minha frente. - Percebi que Bruna era o oposto do que eu achava, Bruna é uma pessoa maravilhosa, acho que a melhor pessoa que já conheci em toda minha vida. - Disse e minha respiração estava desregulada.

- Calma, não precisa ficar nervosa, eu só quero entender melhor. - Senti a mão da mulher em meu joelho e fechei meus olhos.

- Bruna me fez voltar a ser uma pessoa que eu não era a muitos anos. - Admiti em voz alta. - Eu tenho que agradecer tanto por nós duas termos nos aproximado e as coisas serem como são, nunca imaginei que eu e Bruna pudéssemos ter algo, até mesmo amizade parecia irreal, mas Neide, eu não sei onde estaria agora se não tivesse encontrado Bruna, digo isso de maneira real. - Disse e sentia as coisas se acalmando dentro de mim. - Eu entendo que a senhora possa achar estranho, realmente é um pouco, mas eu amo a sua filha da uma maneira tão pura que nunca conseguiria fazer algo que não fosse pro bem dela. - Disse e vejo um sorriso surgir no rosto dela.

- Tudo bem, eu acredito em você. - Ela disse e eu respirei fundo. - Só é complicado pra mim, foram duas descobertas ao mesmo tempo. - Ela disse e eu concordei.

- Bruna estava nervosa com isso. - Disse e ela franziu as sobrancelhas.

- Nervosa? - Ela diz e eu concordo.

- Sim, em contar. - Disse e pensava se eu estava invadindo a privacidade de Marquezine. Espero que não.

- Não imaginei que Bruna ficaria nervosa, ela parecia tranquila quando conversou conosco. - A mais velha disse e parecia ter muitas informações em sua cabeça. Eu apenas a olhava.

- Acho que além de se assumir, ela estava nervosa de como vocês iriam reagir em ser comigo com quem ela está, eu não sou a pessoa que vocês gostariam que fosse a parceira de sua filha, eu entendo. - Disse e a mulher concordou. Meu coração doeu.

- Você não tem uma reputação boa, Maya, mas se a minha filha quer ficar com você, o que posso fazer? - Ela diz e eu não a respondo. - Você parece gostar dela, parece mesmo, espero que você seja uma boa pessoa como ela me disse.

- Bruna tá me ensinando a me tornar uma pessoa melhor. - Disse olhando para o chão e mexendo em meus anéis.

- Espero que você seja suficiente pra minha garota, em alguns casos apenas amar não sustenta a relação. - Ela disse e foi em direção da cozinha, eu permaneci ali, parada, imóvel. Era como se estivéssemos em um lindo dia de sol, mas um raio caiu justamente em minha cabeça.

Eu podia ouvir risadas, brincadeiras e conversas. Me sentia intrusa ali, respirei fundo e fechei meus olhos, buscando contar a vontade que estava de chorar.

- Achei você. - Senti as mãos de Bruna em meus ombros. - Tá aqui sozinha a quanto tempo?

- Pouco. - Disse abrindo os olhos e a olhando. - Sua mãe quem me chamou aqui, ela queria conversar comigo. - Disse e Bruna me olhou curiosa. - Foi uma conversa, não sei como definir, talvez complexa. - Disse e respirei fundo.

- Logo ela já entende as coisas, ok? - Bruna disse e deixou um beijo em minha testa. - Vamos pra lá? - Ela disse e eu concordei.

- Você pode me dar um abraço antes? - Disse e a garota sorriu, ela abriu os braços e eu me afundei ali. Bruna me segurava firme e dava beijinhos no topo de minha cabeça. - Bruna. - A chamei e ela me olhou, seu movimento desajeito e seu olhar preocupado fizeram um sorriso surgir em meu rosto. - Você é tão linda. - Disse e ela revirou os olhos.

- Você é tão sem vergonha. - Ela disse e deixou um beijo em meu nariz. Eu fiz uma careta diante da sua fala. - Mas eu amo.

- Queridas, entendo que começo a gente não quer desgrudar, mas vamo ajudar? - Sasha disse ao nosso lado e nós duas rimos. - Você vai lá com o Telmo, o sogro você já conseguiu conquistar. - Sasha disse me empurrando levemente, eu dei risada e segui o caminho que foi dito pela loira. - Bru, você tá radiante, puta que pariu, eu tô tão feliz. - Pude ouvir a mulher dizer.

- É essa coisa cheia de tatuagem, ela realmente chegou pra mudar minha vida.

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