Capítulo 1

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Meu pai para o carro em frente ao colégio e sinto meu estômago gelar. Paraliso por um momento e meu pai me olha preocupado, segura minha mão e diz:

– Qualquer coisa, eu estou aqui, é só me ligar. – ele fala e eu sorrio para ele.

– Tchau, papai. – dou um beijo em sua bochecha.

Saio do carro e várias pessoas já haviam chegado. Ponho meus fones para evitar ouvir qualquer pessoa, e tento seguir calmamente até a biblioteca, mas sou interrompida por um toque leve em meu ombro assim que entro no colégio, me arrepio inteira e me viro tirando os fones.

– Srta. Campbell Hill? – o diretor me olha e eu sorrio aliviada.

– Bom dia, diretor. – falo. – Como posso ajudar?

– Esta é Donna Davis, uma colega nova que iniciará o ano com a gente. – olho para a garota loira ao lado do diretor que sorri gentilmente para mim e eu retribuo o sorriso. – Você está na turma da Sra. McCracken, certo? – ele pergunta.

– Sim, estou.

– Ótimo, ela é sua nova colega de classe então, pode levá-la até a sala? – pergunta e eu assinto com a cabeça.

– Claro, pode vir comigo, Donna. – falo usando o último resquício de carisma que me sobrou.

Levo ela até a sala em silêncio, ela parecia analisar a escola enquanto andávamos.

– Bom, aqui é nossa sala, não tem muitas pessoas na turma, então sinta-se livre pra escolher seu lugar. – falo simpática.

– Onde você se senta? – pergunta e eu olho a sala novamente.

Percebo que tinha uma pessoa sentada em cima da minha carteira, onde eu costumava me sentar, e de costas eu já reconheci Olivia.

Ela estava de frente para Liam que sentava em uma cadeira em sua frente, e em volta deles estavam alguns atletas, incluindo Mike.

– Tem uma bunda na minha mesa agora, então acho que vou escolher um lugar novo junto com você. – digo forçando um sorriso e apertando as alças da mochila.

– Não dá pra pedir pra ela sair? – Donna pergunta e é claro que eu não iria fazer isso, mas ela não sabia do meu histórico aqui.

– Aquela é a Olivia, eu não me arrisco mexer com ela. – chego perto do ouvido da Donna. – Ela costuma ser intimidadora.

– Ah, me poupe. – Donna fala e vai até minha mesa onde Olivia está sentada.

Fico paralisada na porta vendo ela fazer algo que eu morria de vontade de fazer, mas não teria coragem nunca.

Ela cutuca o ombro de Olivia que vira para a mesma e a olha dos pés a cabeça com desprezo.

– Pode dar licença, a minha amiga quer usar essa mesa. – Donna fala e eu continuo paralisada.

– Quem é você? – Olivia pergunta ainda sentada na mesa.

– Você vai descobrir se não tirar essa bunda suada da mesa da... – ela para de falar e me olha, ela não sabia meu nome. – Dela. – todos que estavam ali olham em minha direção e pude sentir minha morte chegando.

– Haha, mereço isso. – Olivia revira os olhos e desce da mesa. – Agora você tem uma segurança? – fala para mim e eu continuo quieta.

– Margot? – Mike fala me olhando e percebo que todos me olhavam estranho.

Donna vem até mim, pega meu braço e me leva até meu lugar me pondo sentada nele, depois se senta ao meu lado, enquanto eu não dizia uma palavra sequer.

– Acho que tem gente que esqueceu onde é o seu devido lugar. – Olivia põe as mãos na minha mesa. – Não vai me cumprimentar, sua burra-feia?

Abaixo minha cabeça, querendo morrer naquele exato momento.

– Pode tirar as mãos da minha mesa? – falo baixo tirando coragem do fundo da minha alma, ainda sem olhar para ela.

– Você falou alguma coisa? – ela se debruça ainda mais.

Donna da um tapa no ouvido de Olivia me fazendo arregalar os olhos e Olivia berrar alto.

– O que é isso!? Sua maluca! – fala indo pra cima de Donna, mas Liam finalmente faz algo e a segura.

– Achei que estava com problemas na audição, dei um tapinha pra ver se resolve. – Donna sorri cínica.

– Acho melhor você ir pra sua sala. – Liam fala para Olivia a tirando dali enquanto a mesma xingava Donna de todos os nomes possíveis.

– Quem é essa ridícula? – Donna me pergunta e eu continuo a olhando incrédula. – O que foi?

– Obrigada. – falo e ela fica sem entender.

– Não acredito que você não disse nada pra ela? Por que ficou quieta ouvindo merda? – pergunta e eu dou de ombros.

– Não sou corajosa, prefiro não me incomodar. – falo e agora ela que me olhava incrédula.

– Você é doida, tem muito o que aprender comigo, ainda bem que agora somos amigas. – ela fala pegando as coisas na mochila.

– Amigas? – pergunto sem conseguir esconder meu sorriso.

– Por que? Não quer ser minha amiga? – me olha sério, me dando um pouco de medo.

– Quero sim, quero. – falo e ela sorri.

– Legal.

[...]

Depois do ocorrido, Donna não desgrudou mais de mim, e foi a primeira vez em muito tempo que entrei no refeitório para de fato pegar comida.

Durante o intervalo, Donna me perguntou o porquê de Olivia ter me tratado daquela forma e o porquê de eu não ter falado nada.

Decidi contar tudo resumidamente, uma hora ou outra ela ia acabar sabendo, continuando a ser minha amiga ou não.

Quando terminei de contar, ela ficou me olhando com uma expressão estranha, como se não soubesse o que dizer.

– O que foi? – pergunto.

– Não me mata, tá? – apenas assinto. – Mas eu já fui como a Olivia.

– Como assim? – fico confusa.

– Antigamente, eu costumava ficar intimidando outras pessoas, mas era só porquê eu me sentia insegura, e diminuia as pessoas pra me sentir confiante. – ela fala e eu não sabia se sentia raiva ou pena.

– Mas qual o sentido disso? – pergunto.

– Não consigo te explicar, mas tem haver com falta de confiança e autoestima. – fala. – Talvez, eu só quisesse ser melhor do que eu era, e fazia as pessoas se sentirem mau, pra eu me sentir bem, faz sentido? – pergunta.

– Não. – respondo seca olhando para frente. – Não pra mim, pelo menos.

– Você não parece nenhum pouco com quem acabou de me contar. – olho para ela. – Na verdade, você é bem bonita. – fala e eu rio.

– Não precisa falar isso pra mim me sentir melhor.

– Eu não sinto pena das pessoas, Margot. – ela fala e eu levanto as sobrancelhas. – Estou falando isso porque é o que eu acho. – pausa. – E digo mais, você aparenta ter muito mais confiança do que imagina, deve ser por isso que aquela Olivia foca tanto em você. – conclui.

– Só pode ser. – falo. – Não faz sentido ela me odiar por eu ser feia, né? Quem faz isso. – olho para Donna e ela começa a rir.

Acabo rindo junto com ela, e foi ali que ficamos até o sinal do fim do intervalo tocar.

Quando voltamos pra aula, Liam e seus amigos não estavam ali, provavelmente por conta dos treinos do basquete que começaram. A sala fica muito melhor sem eles nela.

Apaixonada por um Babaca - Sua Escritora, XOXOOnde histórias criam vida. Descubra agora