Capítulo 35

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Liam

 Estava nos vestiários do ginásio terminando de me arrumar para ir pra casa, o treino havia terminado a uns quinze minutos, e o inspetor já tinha vindo avisar que era pra desocuparmos o lugar.

 Minha cabeça estava explodindo de dor, tinha passado o dia pensando no jogo de domingo e na gravidez de Olivia. Mas o pior de tudo era ver a Margot e ter que ignora-la completamente, aquilo tava acabando comigo. Passei o fim de semana bebendo sozinho em minha casa, não deixei nem mesmo Mike ir me ver, estava tão abalado com a última conversa que tive com Margot, que simplesmente queria me manter anestesiado a base de bebida o tempo todo. E provavelmente era o que iria fazer depois daqui, beber e dormir.

- Oii! - Donna fala na porta dos vestiários e todos nós levamos um susto.

 Sinto um ar gelado no estomago em pensar que Margot estaria com ela, mas não, apenas Donna entra e vai até Mike.

- Você é louca? Podíamos estar pelados. - Kevin fala vestindo sua camiseta.

- Mike já tinha me avisado que estavam todos vestidos, idiota. - Donna fala e Kevin faz uma careta pra ela.

- Todos já foram? - ouço Mike perguntar.

- Sim, eu ia pegar carona com o primo da Margot, mas preferi vir aqui para irmos juntos. - Donna responde e minha respiração muda só de ouvir o nome dela.

 Pego minhas coisas, ponho na mochila e jogo a mesma em meu ombro. Todos já estávamos prontos, então saímos ao mesmo tempo indo em direção a entrada da escola.

- Ué, Margot ainda está aqui? - Donna fala assim que saímos dos portões. 

 Me viro para onde Donna olhava, e era Margot e outro cara indo em direção ao café da esquina, e aquele cara não me era estranho.

- Aquele é quem eu tô pensando? - Mike fala e eu aperto com força a alça da mochila. - É o Paul? - pausa. - Nossa, será que os dois estão... - ele tenta supor algo mas Donna o interrompe.

- Não, até parece. - Donna nega com a cabeça. - Se ela estivesse tendo algo com ele, eu com certeza saberia. - ela me olha. - Sem contar que ela ainda está muito mau por conta de tudo que um certo alguém disse. - fala brava.

- O que esse cara quer com a Margot? - pergunto sentindo meu sangue ferver.

- Não faço ideia, mas seja lá o que for, não é da nossa conta. - Mike fala e dá um tapa leve no meu ombro. - Até amanhã, cara. - fala e saí em seguida abraçado com Donna.

 Ah, é da minha conta sim.

 Caminho calmamente até o café, parando um pouco antes de chegar às grandes janelas, onde podia se ver tudo de dentro pra fora e vice-versa. Me encosto na parede e me inclino um pouco para a frente, tentando ver onde os dois estavam sentados, e para o meu azar, eles estavam do outro lado do café, não daria para ouvir nada dali, no máximo observar.

 Paul estava de costas para onde eu estava, e Margot estava de frente pra ele, sorrindo simpática como sempre faz para tudo e todos. Como ela conseguia ser tão maravilhosa assim? Como eu posso não ficar mau sabendo que deixei uma mulher dessas ir embora?

 Eles conversavam e podia ver Margot ficando cada vez mais confortável com ele. Ela segura na mão de Paul, me fazendo recostar na parede, respirando fundo para não enlouquecer e entrar naquele café e fazer o mesmo que fiz quando vi ela e Zachary naquela cafeteria aquela vez.

 O que eu estava fazendo? Perseguindo a pessoa da qual eu mesmo terminei? Isso é ridículo, eu sou ridículo. Mas meus pés estavam colados no chão, eu não conseguia sair dali de jeito nenhum. Já está tarde, e Margot está com aquele cara que ela mau conhece, como eu poderia não ficar e esperar até ter certeza que ela iria pra casa em segurança? Eu não iria me perdoar se mais alguma coisa acontecesse com ela. Margot já passou por coisas demais depois que se envolveu comigo.

 Ouço o sino da porta do café tocar, anunciando que alguém estava saindo. Estava torcendo para ela não virar essa esquina e me ver ali, mas já era tarde demais, vejo ela vindo pela visão periférica e apenas aceito a situação.

 Margot para de andar assim que me vê, e eu evito olhar para a mesma, sabendo que se eu parasse para olha-la eu não iria conseguir ignorar a presença dela de novo. Ela me olha por alguns segundos, e eu espero que ela fale algo, mas ela apenas fica em silêncio e continua seu caminho, o que me faz querer ainda mais falar com ela.

- O que aquele cara queria? - pergunto e Margot interrompe seu andar novamente. - O que vocês dois tem pra conversar de tão urgente que tem que ser a essas horas da noite? - deixo meu ciúme transparecer e então ela se vira para mim e eu paraliso em seu rosto.

- O que você está fazendo aqui? Virou stalker ou algo do tipo? - pergunta de volta para mim e eu me surpreendo com sua resposta. - É muita coragem sua ainda querer exigir algo de mim. - fala com um certo deboche e eu travo meu maxilar.

- Não vai me falar o que o Paul queria? - pergunto novamente.

- Eu preciso? - ela devolve a pergunta e aquilo já estava me irritando. - Só o que você precisa saber é que não tem nada haver com você, então pode ficar tranquilo. - ela se vira e começa a andar mas eu não me controlo e seguro em seu braço a puxando para um pouco mais perto de mim, fazendo ela ficar em minha frente.

- Tem haver com quem então? Com você? - rio sarcástico. - Vocês tão saindo agora ou o que? - pergunto e ela revira os olhos parecendo tão irritada quanto eu.

- E se eu quiser sair com ele? O que isso te interessa? - sinto uma pontada no peito e franzo a testa. - Você não tem um filho para se preocupar agora, Liam? Não foi por isso que você me jogou para escanteio? Para poder se dedicar a Olivia que agora está esperando um filho seu? - ela chega ainda mais perto de mim e eu podia sentir ela quase cuspir as palavras na minha cara de tanta raiva. Dou uns passos pra trás e acabo batendo com as costas na parede. - De agora em diante eu não quero mais saber de você se metendo na minha vida, entendeu? Eu faço o que eu quiser, com quem eu quiser, a hora que eu quiser, e você não tem nada haver com isso. - sinto meu sangue ferver e ao mesmo tempo meu estomago estava gelado, parecia que eu ia surtar a qualquer momento a cada palavra que ela dizia. 

 Margot me olha uma última vez e sai dali indo para a frente da escola, pegando seu celular e ligando para alguém. E eu, não conseguia nem me mover depois de ouvir tudo isso. Era uma mistura de choque e raiva. Ali eu pude ver o quão brava ela havia ficado comigo, e isso significava que eu tinha conseguido o que eu queria: afasta-la de mim.


Apaixonada por um Babaca - Sua Escritora, XOXOOnde histórias criam vida. Descubra agora