Desespero

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 A gananciosa mulher andava transtornada pela sala de estar, Mariana ainda tentava achar uma explicação lógica, algo em que pudesse acreditar e se conformar, porém, não tinha ideia do que viu. "Aquela merda...aquela coisa! Como é possível? Não, não, foda-se se é possível ou não! Preciso me proteger daquilo do Marcelo, de toda essa merda da Mitchs! Fabíola! É isso, ela tem algo para me ajudar, tem que ter", falava sozinha em seu apartamento como se estivesse tendo uma discussão fervorosa consigo mesma. Uma hora se passou de tentativas desesperadas de entrar em contato com sua colega, sem respostas via mensagem e no telefone só se ouvia um zombeteiro som indicando que a chamada estava sendo feito, mas ninguém atendia, "VADIA MALDITA! ATENDE ESSA MERDA", Mariana berrou e jogou o celular na parede, que por sorte apenas sofreu uma rachadura na tela. "Como eu resolvo isso? Será que...?", ela correu até seu guarda-roupa, lá era onde ela guardava um cofre de emergências, tanto para problemas com dinheiro quanto para proteção, após vasculhá-lo pegou algo que jamais pensou em usar da forma que planejava, um revólver, uma arma que comprou a muito tempo quando tirou sua posse de arma de fogo, caso sofresse alguma invasão; "Não tenho porte, não posso andar com isso, mas isso é o de menos, duvido que alguém vai desconfiar que estou com isso", pensou e começou a procurar sua nécessaire preta para colocar a arma e depois ir a um local muito duvidoso, a alameda grifo, "se eu assustar o Marcelo e mostra que não sou a cordeirinha dele posso virar o jogo! É a única chance que eu tenho de acabar com isso e me garantir". Então ela seguiu, ainda transtornada, porém, com a determinação que iria conseguir escapar de seja lá o que for já que o objeto metálico se tornou um complemento de seu desespero, a deu coragem de enfrentar a situação da forma impetuosa. As emoções a flor na pele de Mariana a faziam se sentir como se estivesse em uma alucinação, a alta velocidade de seu carro e o a rapidez com que queria chegar até a loja Mitchs fizeram a alameda com diversos estabelecimentos diferentes se torna uma espécie de passarela iluminada que anunciava sua chegada e a guiava por aquele "sonho lúcido". Ao chegar na frente da loja viu Marcelo vestindo roupas sociais pretas parado fumando um charuto como se esperasse; Mariana ainda sentia o êxtase do medo e da tremenda autopreservação e o ordenou com voz firme:

— Entre, precisamos conversar.

— Olha só, minha amiga de whisky! — Debochou com um sorriso sarcástico e irritante.

— Sem tempo para seu joguinho, entra na loja!

Ele nada disse em resposta, apenas sorriu de canto e fez uma mensura para ela entrar primeiro. Assim que entraram naquele recanto escuro iluminado apenas por lâmpadas douradas Mariana começou sua investida.

— Escute aqui, as coisas não andam bem e sua empresa não está dando certo para mim. — Disse com um olhar intimidante e penetrante. — Os efeitos são muito arriscados e não pretendo mais participar disso, apenas me deixe em paz, anule o contrato, seja o que for, acabou. — "Pronto, agora é deixar que ele morda a isca", pensou confiante.

— Ainda sobre os efeitos estranhos? Já disse que agem conforme o planejado. Sair não é uma opção muito boa para você, não acha? A polícia está investigando, caso saia, será suspeito. — Observou com um semblante despreocupado.

— É natural não querer fazer negócios com uma empresa que arrisca tanto a saúde dos consumidores. — Retrucou ela, escondendo a surpresa que teve quando ele citou a investigação policial, não tinha certeza se havia dito a ele.

— Você estava muito ciente de tudo isso, me diga, o que realmente fez você se "entusiasmar" e vir aqui? "Preocupação" com seus pacientes? Uma possível má fama da sua clínica? Vamos lá, diga para seu "melhor amigo". — Marcelo questionou e a ênfase nas palavras "melhor amigo" fez Mariana recuar um passo enquanto ele se aproximava devagar, os olhos do sarcástico representante mudaram para um olhar de pura curiosidade.

Sucesso Caótico(Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora