Doces Deslizes

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Ao chegar em casa Mariana não sabia como agir, seu corpo, sua mente, estava em um êxtase de sentimentos que não sabia distinguir. "UM ERRO", a afirmação de sua mãe cheia de arrependimentos e rancor contra a própria filha, ecoava em sua mente como um sino de igreja, tudo que conseguiu fazer foi deixar em seu sofá e olhar para o teto. "Fiz ela chegar neste ponto...o quanto será que ela me odeia?", perguntou as paredes de seu apartamento, tentando se lembrar do momento exato em que tudo mudou entre elas começou a se aventurar por suas memórias da adolescência, "Será que foi nessa época? ainda éramos próximas, lembro que queria ser cirurgiã plástica como ela...", e então ela se propôs a refletir tendo como única companhia o silêncio.

Chá de revelação da prima Rita

- Como você pode dizer algo tão cruel para ela mãe? Sua própria filha! - Rebeca berrou transtornada na sala de Rita, longe da festa.

- Rebeca, calma, já tivemos uma discussão trágica esta noite, não precisamos de mais uma. - Falava o pai de Rebeca tentando mediar a discussão.

- Pai, a mãe não tem esse direito, Mariana nunca fez nada de errado para ela! Só porque ela resolveu ir embora e viver longe com o próprio dinheiro ela é ruim?!

- Filha, sei que posso ter me exaltado, mas acred- Dizia com pesar Suzane antes de ser interrompida pela voz grave de seu marido.

- Suzane... - Frederico a acenou com a cabeça em reprovação - Vá para a casa, suas palavras machucaram nossas filhas demais hoje.

Ela nada disse em resposta, sem poder se justificar, apenas fez uma saída silenciosa deixando Rebeca e Frederico a sós.

- Por que pai? Por que ela diria algo tão...maldoso? Ela nunca foi assim comigo! Já discordamos, mas isso? - Indagou Rebeca abatida enquanto se sentava em um dos sofás.

- Se eu te desse qualquer motivo, seria mentira minha. Nunca descobri como aconteceu isso também... - Frederico se sentou ao seu lado com um sorriso nostálgico e melancólico - Lembro de quando Mariana era uma adolescente, uns 14 anos, ela e sua mãe eram melhores amigas, falavam sobre maquiagem, iam ao shopping, e então...puff! De um dia para o outro sua mãe via Mariana com olhos decepcionados, sempre perguntei se havia algo de errado e ela nunca me respondeu com sinceridade, apenas um "está tudo bem".

- Eu tinha 5 anos, não lembro de muita coisa.

- Sim, você era apenas uma menininha inocente que dava trabalho para suas babás e eu um homem muito ocupado com o trabalho...me pergunto se algo disso tudo tem minha culpa.

- Pai, você sempre nos apoiou, o que mais você poderia ter feito?

- Ter interferido talvez? Sabe, quando sua mãe mudou, Mariana não mudou junto. Sua mãe sempre foi fechada e teimosa, era difícil para expressar os sentimentos, a cada olhar decepcionada de sua mãe, a cada rejeição de ir ao shopping, a frieza das conversas...sua irmã não sabia como agir. Ela escolheu revidar com sarcasmo e mais afastamento, decidiu sair de casa de tão mal que sentia. Uma conversa minha poderia ter evitado tudo isso... - Concluiu o bom senhor com uma lágrima escorrendo de seu rosto.

- Ou talvez não Pai. A escolha foi de a mãe não compartilhar com você foi apenas dela, sei como você e eu tentamos unir elas, não vale a pena colocar isso nas nossas costas. - Disse ela com um semblante duro e cabisbaixo.

- Beca? O que aconteceu? Por que estão assim? - indagou Pablo ao adentrar na sala. - Vi sua mãe chorando na cozinha.

- Ela e Mariana discutiram, para se dizer o mínimo.

- Por isso vi Mariana saindo mais cedo? Achei estranho ela ir, só não pensei que era por isso... - Pablo parou por um momento, uma expressão confusa apareceu brevemente em seu rosto.

Sucesso Caótico(Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora