Amala estava pronta em cima da cama e Amybeth sorriu de satisfação. Sua vida ia começar a partir daquela viagem e ela mal podia esperar para embarcar naquela aventura ao lado de Elliot.
Ele ainda estava relutante, embora já tivesse concordado em partes pela sua ida com ele até a França. Amybeth entendia o porquê. Elliot estava pensando no pai dela, a quem não conhecia pessoalmente, mas já ouvira falar do respeito que a sociedade de Londres tinha pelo conde.
Ela foi até a janela e lançou seu último olhar para a paisagem lá fora, sentindo um pequeno aperto em seu coração. Amybeth nascera naquela casa e ali também crescera, por isso, era impossível que ela não sentisse amor por aquelas terras.
O que ela detestava era a hipocrisia da sociedade, que fingia ser cheia de moral e bons costumes, mas, no fundo, cometia os mesmos pecados de quem ela apontava com seu dedo acusador. Amybeth estava cansada de ter que refrear suas vontades, suas opiniões e explicar seu posicionamento diante de fatos da vida. Ela nascera em uma época errada e em um corpo errado, como sempre dizia para Anne.
Se fosse um homem, a sua fala seria ouvida, respeitada e debatida ao invés de ser ignorada por ser mulher. Ela amava a moda, a delicadeza feminina e gostava de se sentir bonita e ser admirada por isso. O que era maçante, em seu ponto de vista, era ter que suportar calada aquilo com o qual não concordava, apenas porque se falasse tudo o que se passava em sua cabeça, seria certamente vista de forma negativa.
Não que se importasse, mas se preocupava com sua irmã e seu pai. Eles não mereciam ser rechaçados por conta de sua personalidade inquieta, forte e sem filtro. Era por isso que precisava ir embora, pois, sua felicidade nunca estaria em Londres. Estava abrindo mão dos luxos que tinha, da rotina enfadonha de acordar e dormir, sabendo exatamente como seria o dia seguinte. Ela não nascera para ter suas asas podadas e sim para voarem pelo mundo, onde encontraria exatamente o que estava procurando: a liberdade.
Amybeth saiu da janela e se olhou no espelho. Estava disfarçada por roupas masculinas, e ninguém a reconheceria daquele jeito. O bilhete falso que Anne escrevera fora aprovado por ela. Detestava envolver sua irmã naquela história, mas sem a ajuda dela, nada do que planejara se concretizaria. Anne era uma parte sua também, e a levaria com ela por onde fosse.
Se ela tivesse o mesmo idealismo que Amybeth tinha arraigado em seu coração, a garota ruiva a convenceria a partir com ela. Que alegria seria, conhecer o mundo em companhia da irmã, porém, Anne nunca abandonaria o pai de ambas. Ela tinha um senso familiar, que Amybeth nunca cultivara de fato dentro de si. Não era egoísmo de sua parte, apenas era uma forma diferente de ver as coisas.
Em sua opinião, um filho deveria ser criado para ganhar o mundo assim que se tornasse adulto, pois, experiência de vida era somente conquistada se fosse vivida na íntegra. Mas, o que via com frequência, especialmente no caso de uma garota, era uma servidão ao marido e filhos com a qual nunca concordaria. Era disso tudo do que estava fugindo. Nunca seria esposa de alguém, ou mãe de meia dúzia de filhos. Não criticava quem tinha esse tipo de sonho, mas ela, definitivamente, não se encaixava nesse estereótipo.
Com cuidado, Amybeth saiu do quarto e caminhou até o de Anne, que a estava esperando para se despedir. Aquela seria a parte mais difícil, no entanto, tinha que ser feita. Iria sentir falta de Anne mais do que qualquer coisa, entretanto, o mundo lá fora também a estava esperando, e não podia deixar que essa oportunidade passasse por ela, sem que fizesse pelo menos uma tentativa de encontrar seu destino fora dali.
Ela entrou no quarto, cuja porta já estava aberta e sorriu para a irmã, que se manteve séria, sem esboçar nenhuma reação. Amybeth conhecia Anne, e podia imaginar o que estava se passando na cabeça dela, mas desta vez, ela decidira por si mesma o que queria fazer de sua vida e nenhuma palavra da ruivinha a faria mudar de ideia.
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Dois lados da mesma moeda
FanfictionDuas irmãs gêmeas, idênticas em aparência, mas completamente distintas em personalidade. Tímida e sonhadora, Anne é como um amanhecer calmo e tranquilo, enquanto Amybeth é inconstante como uma tempestade de verão. Filha de um Conde de saúde fragiliz...