Capítulo 8 - Compartilhando sentimentos

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O gosto do champanhe em seus lábios era excitante. Ela nunca fora fã de bebidas alcoólicas, mas ali na França, e longe de olhares curiosos e cheios de recriminações, Amybeth se sentia livre para experimentar o que quisesse.

Sua cabeça estava leve e a garota ruiva se sentia flutuar. Naquele instante, o mundo todo poderia desaparecer que ela não notaria, pois estava em uma esfera de sonhos, empolgação e alegria. Ela queria dançar e dançar até alcançar as nuvens.

Do outro lado do salão, Elliot tomava seu uísque, enquanto conversava com várias pessoas influentes. Ele viera trabalhar na França, representando o jornal que o contratara, vendo com os próprios olhos os efeitos que a guerra estava causando no mundo todo. Era um trabalho arriscado, ele sabia, mas não estava ali por questões financeiras, embora fosse bem pago para isso. Elliot estava ali pela necessidade de contar ao mundo o que estava acontecendo fora dos limites de suas casas. A informação era tudo, libertava e evitava muitas tragédias. Então, ele estava na França para ser o porta-voz de uma catástrofe mundial que podia arrasá-los a qualquer momento.

Mas nem a iminência do perigo conseguia afastar seus olhos e pensamentos da garota ruiva do outro lado da sala. Ela era eletrizante e parecia prendê-lo aos encantos dela com apenas um sorriso. Contudo, havia algo diferente nela naquela noite. Amybeth se entregara aos prazeres da champanhe cara cedo demais, e de onde estava, Elliot podia vê-la muito perto da mureta que havia no terraço, dançando como se flertasse com o perigo.

Uma rapaz bem apessoado aproximou-se dela, e após cinco minutos de conversa, ele já tinha arrancado gargalhadas da garota ruiva, que ignorava o que aquilo poderia significar. Pedindo licença aos seus amigos, Elliot venceu a distância entre seus passos e o terraço e chegou lá no exato momento em que o rapaz atrevidamente colocava uma de suas mãos na cintura de Amybeth. ― Com licença. A garota está comigo. ― Ele disse, recebendo a desculpa do rapaz, que não escondia a expressão contrariada em seu rosto por ter sido interrompido.

― Amybeth, vou te levar de volta para o hotel. ― Elliot disse, tentando segurar na mão da ruiva, mas ela foi mais rápida e o enlaçou pelo pescoço.

― Por que? Está tão divertido aqui. ― Ela falou, aproximando seu rosto do de Elliot.

- Você já bebeu demais. - O rapaz respondeu, tentando não mergulhar seus olhos naquele rosto tão próximo do seu. Ele já tinha muitas dificuldades para manter-se longe de Amybeth no dia a dia. Agora, com ela tão perto, era uma tarefa quase impossível.

― Você costumava ser mais divertido, Elliot. Onde está aquele homem que sabia apreciar as coisas boas da vida? ― Ela perguntou, falando com a voz enrolada por causa da bebida.

― Você está bêbada. Precisa de um café forte e uma boa noite de sono. Amanhã vai acordar péssima, mas eu irei cuidar de seu bem-estar. ― Elliot afirmou, tentando levá-la para o hotel, mas Amybeth não parecia disposta a resistir.

Soltando-se do rapaz, ela correu para a outra extremidade do terraço, onde não havia ninguém no momento para compartilhar a sua alegria.

Para o desespero de Elliot, Amybeth subiu os degraus que ficavam escondidos no canto direito do terraço, equilibrando-se precariamente; um passo em falso faria com que ela caísse de uma altura significativa, matando-a instantaneamente.

― Amybeth, desça daí. Pode ser perigoso. ― Elliot pediu, preocupado.

Por um instante, ela não respondeu, pois se sentia no topo do mundo, quase como se pudesse voar, flutuando a caminho do infinito.

― Por que não sobe aqui comigo? Isso é incrível! ― Amybeth falou, abrindo os braços e olhando para cima, encantada com a imensidão negra acima de sua cabeça e milhares de estrelas que brilhavam, como pontinhos iluminados no infinito, ignorando completamente a altura na qual estava.

Dois lados da mesma moedaOnde histórias criam vida. Descubra agora