Capítulo 3

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- Eu quero sua palavra que tudo isso ficará entre nós, pelo menos até você ler e assinar o contrato que meu advogado irá providenciar - Assinto, acompanhando suas palavras. - Como farei questão de acompanhar tudo de perto, será inegociável que você fique sob minha vigilância durante toda a gestação, e isso inclui morar na minha casa...

Seria tarde demais para eu me arrepender de tudo isso?

Essa é uma pergunta que começou a rodear minha mente desde o momento que chegamos em minha casa. Ainda mais que antes de qualquer coisa, seu maior interesse foi em minha saúde, já que ela me encheu de perguntas sobre a mesma. 

Seria ela capaz de vender meus órgãos para o mercado negro? Lembro que uma das suas primeiras perguntas foi sobre minha idade, sem contar que já marcou alguns exames para amanhã mesmo.

Pulo no mesmo lugar ao escutar a voz juntamente com a imagem da mulher bem próxima a mim.

- Desculpe, você não respondia e eu fiquei preocupada - Fala rápido, seu rosto demonstrando sinceridade.

- Tudo bem - Sorrio sem muito humor. - Apenas me perdi em pensamentos - Não deixo de falar a verdade.

- Como quais?

- Você não é nenhuma traficante de órgãos, é? - O silêncio predominou o ambiente e isso me deixou tensa o suficiente para desviar meu olhar do seu. Olho para todos os lugares possíveis enquanto passo minhas mãos sobre as pernas, mas levo um pequeno susto quando uma gargalhada alta e intensa preenche meus ouvidos, me fazendo encarar a mulher de imediato. - Para - Peço após ser contagiada. - Mas se coloca no meu lugar por um momento, é inevitável não ter esse medo - Sua gargalhada cessava aos poucos.

- Tem razão - Paraliso. - Não! - Sorrir mais ainda. - Não falo isso sobre o tráfico de órgãos - Deixa claro. - Concordo com seu medo, ele é totalmente válido. E não, caso ainda haja alguma dúvida, não sou traficante de órgãos, meu único interesse em você é seu útero - Respiro aliviada, afinal esse era o esperado.

- Graças aos céus - Falo sério mas com uma leve pitada de diversão. Ela me olha por alguns segundos com um pequeno sorriso nos lábios. - E se é assim, eu tenho uma dúvida - Decido sair do seu foco exclusivo, afinal já estava me sentindo envergonhada demais.

- Prossiga - Suspiro.

- E meu pai? - Eu sei que esse problema é meu, mas isso me preocupava ao ponto de querer sua opinião. - Por que eu sei que uma das suas exigências é a confidencialidade do acordo, mas acontece que eu não posso simplesmente "sumir", não quando meu pai está debilitado e só tem à mim - Pressiono os lábios enquanto vejo ela aparentemente pensar.

- Talvez você possa dizer que vai viajar a trabalho, afinal ele sabe sobre suas questões financeiras, certo? - Assinto, porque mesmo ele dizendo inúmeras vezes para eu não me preocupar com nada sobre sua situação, eu não consigo, então farei tudo que tiver ao meu alcance apenas para não perde-lo.

- Está sugerindo que eu fique sem vê-lo durante esse tempo?

- Realmente aprecio o sigilo total - Deixo meus ombros caírem.

- Se é assim eu preciso pensar - Foi a única coisa que consegui dizer.

- Achei que já estivesse certa sobre o acordo - Franze o cenho.

- E estava, pois confesso que pensei apenas em um lado da história, sendo esse o ótimo tratamento que meu pai podia ter.

- E vai - Coloca sua mão contra a minha. - Basta aceitar tudo isso - Encaro seu rosto.

- Eu não posso deixar meu pai nesse momento - Nego com a cabeça, já decidida quanto a isso.

Camila passa uma mão por seu cabelo, antes de me encarar hesitante.

- Talvez possa visitar ele nos primeiros meses, já plantando a ideia de que logo precisa viajar a trabalho, sabe? - Analiso seu rosto. - Assim que você assinar o acordo eu vou tomar a liberdade de transferir ele para a melhor clínica da cidade, onde ele poderá iniciar um tratamento adequado e sendo assim você poderá se informar sempre que quiser, desde que não influencie negativamente na gravidez.

- Por que tanta insistência quando pode encontrar facilmente outra pessoa?

- Eu não sei - Dá de ombros. - Só sei que sinto que deve ser você, sem contar que você precisa do dinheiro para algo que nem é diretamente para você, e eu posso estar enganada, mas você me transmite sinceridade ao ponto de eu confiar em você antes de qualquer outra coisa - Controlo o sorriso que quis surgir.

- Tudo bem - Falo por fim, ainda temendo se realmente estou fazendo o certo.

- Ótimo, hoje mesmo providencio o acordo, e depois dos seus exames, pode ficar à vontade para ler e assinar se assim desejar - Suspiro. - Existe algo que queira acrescentar? - Penso um pouco.

- Você falou que terei que me mudar para sua casa, certo? - Ela assente. - Vou poder levar Duda comigo? Afinal ela não pode ficar aqui sozinha - Desvio para a cadelinha deitada em sua cama, ela estava quieta, parecendo entender e analisar tudo que foi dito naquela sala.

- Tenho certeza que ela vai adorar brincar pelo os jardins - Sorrio. - Algo a mais? - Indaga.

- Acho que não, minhas dúvidas foram apenas sobre meu pai - Dou de ombros.

- Tudo bem - Levanta, pegando sua bolsa. - Então nos vemos amanhã - Assinto também me levantando. - Ah - Me encara, parecendo lembrar de algo. - Obviamente não vai continuar trabalhando na empresa - Fico quieta, absorvendo a informação, mesmo já tendo uma pequena ideia sobre isso. - Mas não se preocupe, se amanhã tudo der certo, faço questão de adiantar um determinado valor, apenas para você ficar tranquila quanto a isso - Assinto, não tendo muitas opções.

Acompanho Camila até a porta e fico parada no mesmo lugar, observando ela entrar no carro e Jason dar partida no mesmo.

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