Christine chegou a Adij Rariff tão afobada que quase atropelou a Sra. Fidelma com o trote rápido do seu cavalo.
A senhora emitiu um berro quando o corcel de Damien quase a derrubou, mas ela apenas gritou um pedido de desculpas e seguiu para as cocheiras, abandonando o cavalo exausto aos cuidados de Dario.
Minutos depois, já subia a escadaria do vitral de Bahija. Projetando a sua energia, procurou por Rael, mas encontrou apenas rastros de sua presença. Não estava na fortaleza.
Serena veio ao seu encontro e ela teve apenas o tempo de tirar a capa. A outra já a puxava para as masmorras. As duas desceram as escadarias, encarando o ar frio e úmido dos corredores que levavam às celas. A escada em espiral descia cada vez mais e os guardas se afastaram para deixar a regente passar.
Com frases apressadas, Christine contou o que ouvira sobre a diáspora dos filhos e o temor de Heralis sobre o que estava escondido na nova cidade, Bahadum.
Ao som daquele nome – Bahadum – Serena parou abruptamente, elevando a cabeça para encará-la do degrau logo abaixo. Christine viu, pela primeira vez em anos, que seus olhos se reviravam, suas mãos tremiam, seus pés perdiam o equilíbrio no meio da escadaria íngreme. Chris não via aquilo desde a queda da Torre do Arzhel, mas ainda conseguia identificar os sinais: uma visão chegava e seria arrebatadora.
Seu estômago se contorceu em antecipação.
Uma visão de Serena era tudo o que ela precisava!
Estava exausta de tentar encontrar respostas sozinha quando tinha ao seu alcance a maior ghaya já tocada por Alim desde os tempos de Merab... Mas os dedos de Serena seguraram firmemente seu pulso e, logo, seus olhos estavam normais, determinados.
Serena a mirou ofegante.
– O que você viu? – questionou Christine com urgência.
– Nada – a antiga ghaya mentiu.
– Serena...
– Foi apenas um momento de fraqueza.
– Por favor, Serena, você pode não acreditar, mas não nos prive da sua visão!
– Não é visão, é loucura!
– Amadam não me dá mesmo um minuto de paz! Agora que sou a Qayid a maior ghaya da Ilha resolve que não vai mais cooperar! Diga logo o que você viu! — irritou-se Chris.– Um fantasma – cantarolou uma voz antiga. – Ou um novo Raj. Não foi isso que viu, criança?
Os lábios de Serena se crisparam: – Não sou criança. E fantasmas não existem.
– Concordo. Fantasmas não existem. Resta a outra alternativa – a voz veio sorrateira, deslizando entre as grades da última cela como uma cobra.
As duas terminaram de descer as escadas e se viram diante da escuridão em que a velha ghaya vivia. Christine acendeu uma chama na palma da mão. Olhos ametistas e cansados brilharam na escuridão.
– Saia da minha mente – cuspiu Serena.
– Ora, ora... Que visitas mal-criadas... Seus pais não lhe deram modos? – a velha riu, batendo a bengala contra a pedra. – Creio que não.
Christine tentou conter a raiva. Rowena Gwenaël zombava delas, sabia muito bem quanto a infância das duas não havia sido privilegiada com amor e cuidados.
– Rowena – chamou Christine. – Conte-nos sobre Judicaël.
– Tão mandona... Que tal começar me chamando de titia?
– Titia... – Christine revirou os olhos, mas repetiu a palavra, surpreendendo Serena. O que antes lhe custava tanto, agora ela passava por cima sem ao menos pestanejar. Esse era o tamanho do seu empenho em salvar a Ilha. A amiga sentiu orgulho da nova Qayid. – A senhora está de bom humor para quem apodrece há anos nesta cela.
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O Portal IV - Fios de Alim - Degustação
FantasyLANÇAMENTO EM 21 DE OUTUBRO DE 2024 NA AMAZON Cinco anos se passaram desde que a terra se abriu e, no lugar da Torre do Arzhel, não sobrou nada além de cinzas e uma fenda de morte, o Abismo da Rani. Noa Rariff é Raj e Kral, dois soberanos em um, mas...