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6 - Daddy Issues

Scars

É normal que a maioria de nós vá perdendo grande parte das memórias da nossa infância a medida que vamos nos tornando mais velhos, Izuku entretanto estranhamente se lembrava de como havia sido sua infância de forma nítida e isso se dava porque muitos dos acontecimentos dessa fase de sua vida foram muito impactantes para uma criança.

Midoriya Izuku se lembra que desde sempre foram ele, sua mãe e sua irmã. Ele conheceu bem pouco seu pai, já que mesmo havia falecido em um acidente de carro um ano após o nascimento de Sora e na época ele tinha apenas três anos, mesmo que tenha ficado abalado com a perda do homem Izuku se conformou que ele estava em um lugar melhor que é para onde sua mãe sempre dizia que ele tinha ido mas não tinha tempo de ficar triste quando tinha uma irmãzinha que alegrava muito os seus dias.

Sora era adorável e tinha puxado todos os genes do pai deles e fora os cachos não possuía nenhum traço de Inko ou Izuku. Cachos castanhos escuro e olhos azuis claros, e uma pinta no canto superior da boca.

Izuku a adorava e conforme ela foi crescendo e começou aprender a andar ele ficou ainda mais apegado a irmã pois agora tinha alguém para brincar e mesmo que as vezes a pequena fizesse pirraça, Izuku tinha toda paciência do mundo com a caçula. Chegou até a ensina-la algumas palavras em francês que sua mãe o havia ensinado.

E assim a grande parte da sua infância foi boa e ele era grato por ainda se lembrar dela. Por essa parte pequena e pura da sua vida, que ele guardava como o seu bem mais precioso, não ter sido apagada de sua mente com pesadelo que se sucedeu a partir daí.

***

Izuku lembrava com dor o dia que sua mãe tinha apresentado Hizashi à eles como seu noivo e de como viu algo nos olhos dele que o encheu de medo e por isso não permitiu que ele chegasse perto de sua irmã a mantendo atrás de si em uma ação protetora o que arrancou uma risada de Inko.

Todavia, ele não sorriu e muito menos riu.

Mais tarde naquele mesmo dia Inko os explicou que não precisavam ter medo de Hizashi, que ele era bom e que seria bom para eles também mas o esverdeado, embora muito jovem na época não acreditou naquilo pois ele tinha visto algo nos olhos de Hizashi que não era confiável e que simplesmente o assustava e ele tentou avisar isso a sua progenitora mas ela não o deu ouvidos porque achava que toda desconfiança era coisa de criança.

Mas no final das contas, Izuku estava certo. Por um curto período de tempo Hizashi fingiu ser alguém decente, carinhoso, amoroso e protetor tanto com eles quanto com sua mãe até enfim revelar quem ele realmente era.

Hizashi era um maldito alcoólatra e tinha acessos de raiva muito facilmente e o que começou com discussões leves rapidamente viraram cenas de violência que ninguém deveria presenciar. Tapas, gritos, xingamentos e choro se tornaram corriqueiros naquela casa outrora aconchegante e amorosa.

Sempre que passava do horário que ele chegava do trabalho Inko trancava Izuku e Sora no porão e escondia pois que ele estava no bar e chegaria bêbado e violento e só os tirava dali quando ele se acalmava ou pegasse no sono jogado em algum canto da casa. Já tiver vezes dos dois irmãos dormirem naquele lugar sem nem ao menos terem jantado.

Inko já não aguentava mais ser humilhada e agredida todos os dias e o constante perigo que seus filhos corriam. Mais de uma vez pensou em fugir mas para onde iria? Seu "marido" havia a feito cortar laços com todas sua família e amigos, assim como a obrigou a largar o emprego então ela não tinha dinheiro e nem meios para ir embora.

E todo esse inferno que caiu sobre sua vida a fez entrar em um estado de depressão profundo e ela ficou doente por não estar se cuidando e se alimentando corretamente, Hizashi como o esperado se recusava a levá-la no médico alegando que aquilo tudo era "frescura". Infelizmente a mulher não resistiu muito mais tempo e veio a óbito e diferente de como foi perder seu pai, perder Inko descolou completamente Izuku. No dia do enterro pouquíssimas pessoas foram prestar suas homenagens a falecida e ninguém se dispôs a ajudar o esverdeado a consolar sua irmã que chorava copiosamente.