13- O Espelho de Ojesed

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Fora o melhor Natal da vida de Harry. No entanto, no fundinho da cabeça alguma coisa o incomodara o dia inteiro. Somente quando finalmente se deitou é que teve tempo para pensar nela: a capa invisível, Harry ainda não fazia ideia de quem havia lhe entregado o presente em seu aniversário.

Severo levou os garotos de volta para Hogwarts naquela mesma noite após o jantar na Mansão Malfoy. Draco, cheio de peru e torta e sem nenhum mistério para perturbá-lo, caiu no sono assim que puxou as cortinas de sua cama de dossel. Harry debruçou-se pela borda da cama e puxou a capa que escondera ali.

Do seu pai... aquilo fora do seu pai. Ele deixou o tecido escorregar pelas mãos, mais macio do que seda, leve como o ar. Use-a bem, dissera o cartão.

Tinha de experimentá-la agora, Harry estivera com medo de usar o presente antes e estragar algo que era de seu pai, mas ele saiu da cama e se enrolou na capa. Olhando para as pernas, viu apenas o luar e as sombras. Era uma sensação muito engraçada.

Use-a bem.

De repente, Harry se sentiu completamente acordado. Toda a Hogwarts se abria para ele com esta capa. Sentiu-se tomado de excitação em pé ali na escuridão silenciosa. Podia ir a qualquer lugar com a capa, qualquer lugar, e Filch jamais saberia.

Dray resmungou adormecido. Será que Harry devia acordá-lo? Alguma coisa o deteve – a capa do seu pai – , sentiu que desta vez – a primeira – queria usá-la sozinho.

E saiu sorrateiro do dormitório, desceu as escadas, atravessou a sala comunal e passou pelo buraco do retrato.

– Quem está aí? – perguntou esganiçada a Mulher Gorda. Harry não respondeu. Saiu depressa pelo corredor.

Aonde deveria ir? Parou, o coração acelerado, e pensou. E então lhe ocorreu. A seção reservada na biblioteca. Poderia ler o tempo que quisesse, o tempo que precisasse para descobrir quem era Flamel.

Foi, então, puxando a capa para bem junto do corpo ao andar.

A biblioteca estava escura como breu e muito estranha. Harry acendeu uma luz para enxergar o caminho entre as fileiras de livros. A lâmpada parecia que estava flutuando no ar, e embora Harry sentisse que seu braço a sustentava, aquela visão lhe deu arrepios.

A seção reservada era bem no fundo da biblioteca. Saltando com cautela a corda que separava esses livros do resto da biblioteca, ele ergueu a lâmpada para ler os títulos.

Eles não lhe informavam muita coisa. Suas letras descascadas e esmaecidas formavam dizeres em línguas que Harry não entendia. Alguns nem sequer tinham título. Um livro tinha uma mancha escura que fazia lembrar horrivelmente de sangue. Os pelos na nuca de Harry ficaram em pé. Talvez fosse imaginação dele, talvez não, mas achou que ouvia um sussurro inaudível vindo dos livros, como se eles soubessem que havia alguém ali que não deveria estar.

Precisava começar por alguma parte. Pousando com cuidado a lâmpada no chão, ele procurou na prateleira mais baixa um livro que parecesse interessante. Um grande volume preto e prata chamou sua atenção. Puxou-o com esforço, porque era muito pesado, e equilibrando-o nos joelhos, deixou-o abrir ao acaso.

Um grito agudo de coalhar o sangue cortou o silêncio – o livro está gritando! Harry fechou-o depressa, mas o grito não parou, uma nota alta, contínua, de furar os tímpanos. Ele tropeçou para trás e derrubou a lâmpada, que se apagou na mesma hora. Em pânico, ouviu passos que vinham pelo corredor do lado de fora – enfiando o livro gritador de qualquer jeito no lugar, ele correu para valer. Passou por Filch quase à porta. Os olhos claros e arregalados de Filch atravessaram-no, Harry escorregou por debaixo dos seus braços estendidos e saiu desabalado pelo corredor, os gritos do livro ainda ecoando em seus ouvidos.

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⏰ Última atualização: Mar 01 ⏰

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Severo Snape e o Menino Que SobreviveuOnde histórias criam vida. Descubra agora