-- EU NÃO QUERO IR! -- Falei alto o suficiente para Nobara.
-- Eu te perguntei se você quer? -- Ela cruzou os braços. -- Não vou deixar você ir a uma festa de aniversário vestindo o que veste todo dia.
-- Não tem nada de errado no que eu visto. -- Reviro os olhos.
-- E nada certo também. -- Ela sorri divertida. Era impressionante como Nobara conseguia levar tudo na brincadeira. Eu gostava do jeito dela, me fazia bem nos meus piores momentos, mas nesse caso...bom, estava me irritando um pouco. -- Uma saia então. Umazinha só, eu te empresto uma blusa. -- Ela fez sinal com as mãos, implorando para que eu aceitasse.
-- Uma saia, Nobara. -- Ela deu um gritinho de alegria e logo me puxou para fora de casa.
Levou alguns bons minutos para chegarmos ao shopping, e não demorou nada para ela me enfiar em qualquer loja cara de roupas sociais. Claro que ela não me fez procurar apenas saias, como eu bem imaginava, era apenas uma estratégia para me tirar de casa e me trazer junto. Pelo visto conseguiu.
Nobara gostava de fazer compras, se divertia no meio das roupas e era como se tudo aquilo fizesse sentido pra ela. Eu sempre disse a ela para fazer faculdade de moda, super combina com o jeito estiloso e ao mesmo tempo despojado dela.
-- Uuuuuh, toma! Experimenta esse s/n. -- Ela tacou um vestido rosa brilhante que ficaria super justo em mim. Não era feio, na verdade era lindo, mas não combinava nada comigo.
-- Não vou usar isso.
-- Shhhh, eu decido sua vida a partir de agora.
-- É o que?
-- Experimenta! -- Ela faz uma cara emburrada e aponta para o provador a minha direita. Eu olho pra ela e reviro os olhos.
Eu experimento aquilo e me estranho por completo, era como se minha personalidade fosse sugada pra fora de mim. De repente, simplesmente do nada, Nobara abre a porta.
-- EU PODERIA ESTAR SEM ROUPA! -- Gritei desesperada.
-- Mas não está! -- Ela coloca o dedo no rosto, próximo a seu queixo, como se estivesse analisando e pensando, emitindo um som interno confirmando sua atitude. -- Ficou lindo!
-- Está apertado. -- Minha cara de tédio entregava que eu não estava curtindo ser obrigada a usar aquilo.
-- São seus quadris e coxas que fazem isso, eu acho que isso destaca muito mais! Mas se quiser posso arrumar uma numeração maior.
-- Não tem outra cor? E outro modelo? E outra...
-- Você e sua mania careta de não usar colorido vibrante! -- Ela bufou em desaprovação -- Tá, que tal um verde escuro então? Verde musgo?
-- Bem melhor. -- Eu assenti e sorri com sua expressão de insatisfação. Ela estava tentando me ajudar de todo jeito, e isso eu conseguia apreciar.
Ela sorriu com minha resposta, acho que sentiu que eu estava cooperando de alguma forma. Logo ela chegou com o vestido verde musgo, um pouquinho mais largo na parte dos quadris e coxas. Tenho que admitir, esse ficou maravilhoso em mim, eu conseguia me admirar como quase nunca fazia.
Nobara abriu o provador de novo e eu lancei o mesmo olhar de antes para ela por abrir sem bater, ela riu e deu de ombros.
-- Olha só, é disso que estou falando! -- Ela analisou todo o modelo do vestido em meu corpo.
-- É, bonito mesmo, não posso negar.
-- Então é esse. -- Bateu palminhas e saltitou um pouco -- Vem, vou pedir pra embrulhar pra você!
Como esperado, ela me fez gastar uma nota com um vestido, mas de certa forma achei uma experiência até que legal. Uma experiência que nunca me dei chance de aproveitar e que agora parecia a coisa certa a se fazer. Eu estava animada...eu me diverti.
-- Ele vai amar. -- Ela quebra meus pensamentos com essa frase.
-- Quem?
-- Você sabe muito bem. -- Ela sorri convencida.
-- Não me vesti pra ele.
-- Ele quem? -- Nobara brinca comigo, me provocando. -- Eu não disse o nome de ninguém. Poderia muito bem estar falando de Itadori ou Megumi. -- Ela colocou a mão em seu peito fingindo estar ofendida, claramente debochando de mim.
-- A gente sabe que você não está falando deles. -- Eu corei um pouco com aquilo, meu rosto esquentou rapidamente.
-- Ninguém saberá. Fica aí o questionamento -- Ela dá de ombros e ri da situação. -- No entanto, você estava falando de alguém específico. Está parecendo um pimentão.
-- Já te mandaram tomar naquele lugar hoje?
-- Ainda não, mas eu não curto muito, né? A última vez foi super cansativo e chato -- Eu ri de seu comentário.
-- Espero que você vá bem arrumada também, não quero ser a única elegante lá. -- Eu fazia mais o estilo tímida e introvertida, não gostava nada de ser o centro das atenções.
-- Sabe que, se eu pudesse, iria totalmente desleixada, só pra atenção ficar todinha em você. Mas você sabe que eu preciso estar sempre bonita e estilosa, senão dá pane no meu sistema.
-- Sei bem. -- Eu ri. De repente, um pensamento surge em minha cabeça -- Meu Deus, o que eu compro pra Utahime?
-- Sei lá, vocês são amigas, você que tem que saber. -- Ela dá risada.
-- Nobara não tem graça, faz muito tempo que não a vejo, como vou saber os gostos dela agora?
Fico super nervosa de pensar em que presente dar, não tinha ideia do que Utahime gostava mais, nós ficamos sem nos falar por anos. E se eu der algo que ela odeia?
Nobara começou a pensar em algo, isso era visível em sua expressão, mas o que me assustou foi quando ela olhou pra mim sorrindo. Aquele sorriso pentelho. O sorriso de quem vai aprontar algo.
-- Seja qual for sua ideia, a resposta é não.
-- Você nem ouviu...
-- E acho que não quero.
-- Então dê um presente horrível pra ela, não sou eu que darei mesmo, né? -- Ela riu fraco e balançou os ombros como quem não estava nem aí.
-- Argh! Fala! -- Olhei pra ela.
-- Bom...você não fala com ela há um bom tempo, né? Seria tãããooo bom se vocês tivessem um amigo em comum que pudesse ajudar, né? -- O tom de ironia dela se fez presente, ela pisca os olhos diversas vezes enquanto sorri, e eu rapidamente entendi sua ideia. -- Ahhh peraí, vocês tem, né? -- Ela tampou o sorriso brincalhão com a mão.
-- Espero que não esteja sugerindo que eu ligue para aquele convencido.
-- Eu não, estou só te ajudando com o presente. -- Sorriu de novo vitoriosa.
Eu reviro os olhos e pego o celular. Ela estava certa, isso me dava nos nervos. Abro os contatos e olho para aquele número desconhecido que me ligou ontem. Penso...penso...penso...
-- Tic, tac, tic, tac...o tempo está passando... -- Ela balança a cabeça de um lado para o outro.
-- Você ainda vai pagar caro pelo que faz comigo!
-- Se for em forma de vestidos, ficarei agradecida.
Era isso. Eu tinha que ligar pra ele. Tinha que falar com aquele arrogante de novo. Eu esperava que a última vez que nós conversariamos seria na festa da Utahime e, se depender de mim, será.
Clico no telefone e coloco em meu ouvido, escutando o soar do "chamando" e logo em seguida sendo atendido. A voz dele suave, grossa...concentre-se!
-- Olá, "Sr. perfeitamente bem".
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♤ I'm On Fire - Suguru Geto × Fem Reader
RomancePor tantas vezes eu desejei conhecer alguém que eu pudesse me relacionar e chamar de meu, mas caramba eu não sabia que era tão difícil assim. Eu desisti. Mas dizem que as coisas acontecem quando a gente menos espera, não é? Quando eu conheci Geto...