ATRAVÉS DO BRILHO DAS ESTRELAS | MJ

prólogo

8 DE SETEMBRO DE 1997, SEGUNDA FEIRA.

Eram 4h33 da manhã quando Georgina despertou de seu sono na poltrona do quarto de Jacob, seu filho. Os últimos dias haviam sido uma provação, com o funeral e enterro de sua amada irmã, Lady Di de Gales. Georgina se levantou e dirigiu-se ao seu quarto, mas Andrew já não estava lá, como de costume. Ela suspirou e desceu para a cozinha, ainda de pijama, preparando uma pequena tigela com leite e cereais. Sentou-se sozinha à grande mesa retangular no centro da sala de jantar, onde as janelas estavam abertas, permitindo que a brisa da manhã invadisse o ambiente ainda escuro. O som da colher batendo na tigela ecoava no silêncio da casa.

Uma das empregadas reais desceu as escadas rapidamente, porém silenciosamente, dirigindo-se à sala de jantar e lançando um olhar para Georgina de longe.

– Vossa Alteza, necessita de alguma coisa? – perguntou. Georgina negou com a cabeça.

– Está tudo bem. Verifique se Jack ainda está dormindo.

– Sim, senhora! – respondeu a empregada, antes de se retirar com a mesma discrição com que havia chegado.

Georgina suspirou profundamente enquanto observava a empregada se afastar. Ela sentia o peso da solidão e da incerteza pairando sobre ela. Apesar de estar rodeada pela opulência e pelos confortos do palácio, seu coração estava repleto de tristeza e desesperança.

Enquanto terminava seu café da manhã solitário, Georgina pensava em como sua vida havia mudado drasticamente nos últimos meses. O casamento com Andrew, que outrora prometia felicidade e estabilidade, havia se desintegrado lentamente, deixando-a presa em um relacionamento vazio e desgastado. A perda de sua amada irmã Diana apenas aprofundou sua sensação de desamparo, deixando-a à deriva em um mar de angústia e desespero.

O som de passos se aproximando interrompeu seus pensamentos. Georgina ergueu os olhos para ver quem se aproximava, encontrando o olhar preocupado de Jack, seu filho, que acabara de descer as escadas, ainda sonolento.

Georgina olhou para Jack e notou a expressão preocupada em seu rosto. Ela levantou-se da mesa e caminhou em direção a ele, colocando suavemente suas mãos sobre as dele. Com gestos delicados, ela começou a se comunicar usando a linguagem de sinais, uma habilidade que haviam desenvolvido juntos para superar as barreiras de comunicação: Jacob era surdo.

– Você está bem, querido?

– Estou um pouco triste, mamãe.

– Eu sei, meu amor. – Georgina segurou as mãos de Jacob. – Estamos passando por um momento difícil.

– Por que tudo isso está acontecendo, mamãe?

– Às vezes, coisas ruins acontecem, mas precisamos ser fortes e nos apoiar um no outro. – suspirou, enquanto Jacob assentia, parecendo mais reconfortado.

– Eu entendo, mamãe. Vamos ficar bem juntos, certo?

– Sim, Jack. Vamos ficar bem juntos, sempre. – e os dois se abraçaram. O Sol então começou a surgir no horizonte, lançando uma luz suave sobre o palácio adormecido.

Georgina observou enquanto a empregada abria as cortinas e recolhia a tigela da mesa. Ela acenou em agradecimento antes de voltar sua atenção para Jack, que estava ao seu lado.

– Mamãe, posso faltar a escola hoje? – perguntou ele, com uma expressão esperançosa em seu rosto.

Georgina hesitou por um momento, preocupada com a ideia de privar Jack da rotina e da estrutura que a escola proporcionava, mas ao mesmo tempo, compreendendo a necessidade de dar a ele algum conforto extra em um momento tão difícil.

– Meu amor, hoje não! Mas eu posso te buscar mais cedo, o que acha? – sugeriu ela, esperando que isso fosse suficiente para satisfazer o desejo de Jack por um pouco de alívio.

Jack soltou um suspiro de alívio e seu rosto se iluminou com um sorriso radiante.

– Sim, sim, sim! – expressou ele, empolgado com a perspectiva de passar mais tempo com a mãe.