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Marina

Maria Eduarda fez o Richard deixar ela em casa — ela literalmente mora nem um minuto caminhando do CT. — e pegamos um engarrafamento feio no caminho, mas logo fui deixada em casa. Conversamos o básico no caminho para não ficar um clima pesado, porém nada além. Inclusive foi nessa conversa que eu descobri que o nome dele é Richard e que ele não é brasileiro.

Entrei em casa e notei que minha madrasta me ignorou, ainda bem, tô sem paciência. Fui direto tomar um banho quente e lavei meu cabelo, sai enrolada na toalha e vesti uma roupa aleatória de ficar em casa, um short jeans e um cropped de tecido confortável. Penteei o cabelo e desci com ele úmido a procura do meu celular, pensei estar com uma das minhas irmãs que sempre pegam para ver desenho.

── Meninas? — As olhei. ── Alguma das duas tá com meu celular? — Elas negaram com a cabeça.

── Por que elas estariam? — Ana me encarou, sentada à mesa com uma xícara de café na mão.

── É porque eu empresto para elas assistirem desenho as vezes, e eu não achei ele e achei que poderia ter esquecido com alguma das duas.

Ana riu e negou com a cabeça, me fazendo arquear uma sobrancelha. Ela nem tenta evitar que detesta minha presença e eu nem sei o motivo disso, a trato bem, trato as filhas dela bem e ela querendo ou não eu sou filha do marido dela, seria o mínimo me receber bem para todo mundo conviver em paz.

── As minhas meninas não são como você ou como a sua mãe.

── O que minha mãe tem a ver com isso, Ana? — Perguntei. ── Meu pai já chegou?

── Sim, meu marido já chegou. — Frizou. ── Você estava insinuando que as meninas te roubaram. — Falou e eu arregalei os olhos, desacreditada do que ela estava falando. ── Sendo que quem tentou dar o golpe da barriga foi a sua mãe!

Eu fiquei a encarando paralisada e incrédula, sem acreditar no que eu acabei de ouvir. A Ana é maluca de verdade ou ela só é tonga? Em nenhum momento eu acusei as meninas de nada e foi desnecessário ela envolver a minha mãe nisso.

── Te garanto que a minha mãe me tratava melhor de como você trata as meninas. — Falei no automático e meu pai apareceu.

── As mulheres da minha vida! Que clima tenso é esse, queridas? — Passou o braço pelo meu pescoço. ── Tá bem, filha?

── Marina acusou as meninas de roubo. — Falou e eu ri anasaladamente sem humor.

── Eu não fiz isso. Pede para a sua esposa parar de falar da minha mãe? — Encarei meu pai, esperando que ele tomasse uma providência.

── Roubo? — Torceu o nariz.

── Eu só perguntei se meu celular estava com uma das duas. — Falei já esgotada. ── Meu dia tá sendo incrível, tomei um banho de chuva, fiquei duas horas plantada na faculdade, surtei na frente de um monte de cara desconhecido e quando eu posso finalmente relaxar, começam a falar da minha mãe e me acusarem de algo que eu não fiz!

Eu to esgotada e olha que só faz um mês que eu to aqui. Ana sabe pegar no meu pé e depois se faz de vítima para o meu pai que, obviamente, cai na lábia dela sempre. Ela sabe que minha mãe é o meu ponto fraco e usa isso para me atingir, e é um assunto recente.

fútil, richard ríos. Onde histórias criam vida. Descubra agora