fútil, richard ríos.

004

Marina

── Por que você tá nervosa? — Maria perguntou sentando ao meu lado no sofá enquanto Richard e Joaco estavam na cozinha preparando algo para jantar.

── Não tô nervosa. — Menti e ela cruzou os braços com cara de tédio.

── Tá sim, tá toda quieta e você não é quieta. Que que tá rolando com o Ricardo?

── Ricardo? — Torci a boca.

── O que trouxe nós.

── Richard, Maria Eduarda! — Respondi rindo e ela me acompanhou. ── Não basta o Jorge?

── Eu realmente achei que o nome dele fosse Jorge, ok? Mas você não me respondeu! O que tá rolando?

── Nada. — Fui sincera. ── Esqueci meu celular no carro dele ai deu uma confusão lá em casa com a Ana e ele chegou bem na hora, viu que eu tava meio abalada e topou me animar.

── Tipo, sugando sua tristeza? — Eu a encarei com cara de tédio. ── Ai amiga, por Deus! Por que não beija logo?

── Não vou ficar com ele, é jogador do meu pai, vai dar problema, sabe como o pai é ciumento. — Maria bufou, jogando a cabeça para trás.

── Você não sabe viver mesmo!

── Quem não sabe viver? — Richard perguntou vindo até nós com um copo na mão e sentando ao meu lado. ── E por que?

── Você. — Maria o encarou. ── Você perdeu um pênalti decisivo, Richard!

── Ih, nem palmeirense você é, quer reclamar do que? — Minha amiga deu de ombros.

── Do seu time, óbvio! Como flamenguista é direito meu, ok?

── Cê não fala do meu time, garota. — Joaco veio até nós, sentando ao lado de Maria.

── Você também é flamenguista? — Richard me olhou e eu concordei com a cabeça.

── Mas eu nem acompanho futebol.

── A partir de agora você é palmeirense então.

── Ué, por que? — O encarei enquanto o mesmo me entregava seu copo. Beberiquei e tentei esconder a careta. Que veneno! Richard começou a rir.

── Porque eu sou seu amigo e eu jogo para o palmeiras. Que cara é essa?

── O que tem aqui? — Levantei o copo.

── Velho Barreiro.

── Pela misericórdia. — Joaquín se pronunciou. ── Bebida de velho cachaceiro.

── Eu não sou nem velho e nem cachaceiro. — Richard rebateu o próprio amigo.

Peguei o controle da televisão e mudei a música, colocando algum pagode aleatório. Hoje é quinta-feira, como ele pretende ir treinar amanhã de manhã bebendo perto da meia noite? Velho Barreiro ainda por cima. Não demorou muito para Joaco e Maria sumirem indo fazer sabe Deus o que e nos deixarem a sós. Já beirava uma da manhã na altura do campeonato e eu estava com sono e levemente alcoolizada, estava com a cabeça deitada no ombro de Richard enquanto ele fazia carinho com a mão livre no meu braço, conversando sobre todas as aleatoriedades existentes.

── Sabe, eu queria te fazer um convite. — Falou e eu levantei a cabeça, interessada.

── Para?

── Eu sei que você não curte, mas vamos ter um jogo bem importante domingo, decisivo. — Me olhou de relance. ── Acho que seria legal você ir.

── Vai ser aqui em São Paulo? — Concordou com a cabeça. ── Ok, eu vou, vou ver se a Maria vai comigo.

── Provavelmente o Joaco vai chamar ela. Vocês estão sempre juntas? — Riu.

── Quase, a gente mora meio longe, né? Mas estuda na mesma universidade então os horários vagos estamos sempre juntas.

── Foda isso, acho fofo como vocês se tratam, se pá é coisa de mulher. Eu, o Joaco e o Veiga nós tratamos a base do esculacho.

── Quem é Veiga?

── Ele joga com a gente, acho que vocês vão curtir a namorada dela. Pós jogo sempre tem comemoração, enfim, vocês vão se trombar. São bem parecidas, inclusive!

Ele não só tava me convidando para o jogo como para a comemoração pós ele também? Fiquei surpresa e não escondi o sorriso de canto que brotou nos meus lábios. Richard virou o rosto para me olhar e ficamos trocando olhares por poucos segundos, até eu perceber que nosso rosto estava próximo demais.

Não, não!

Não vou ser mais uma na lista desses carinhas. Conheço jogador, tive amigas que já se envolveram e quebraram a cara feio. Não quero passar pela mesma coisa. Virei o rosto para encarar a televisão.

── Tô meio cansada, acho que tá na hora de ir.

── Vamos, te deixo em casa.