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Marina

── Vocês pretendem me dar netinhos? — Sandra, minha sogra nos questionou. ── Toma cuidado, hein Marina? Seu namorado era um diabinho quando criança, você vai pagar seus pecados com uma mini versão dele. Mas eu quero netinhos!

── Mãe, não. — Richard falou negando com a cabeça. ── Você não vai ter netinhos agora.

── Lógico que agora não, mas eu tô deixando a menina avisada. Sabia que com cinco anos o Richard incomodou tanto, tanto, mas tanto que o pai dele só puxou a orelha dele e brigou com ele, aí ele arrumou todas as coisas dele na mochila da escola e sumiu. Fomos atrás e ele tava sentado na parada de ônibus, disse que ia fugir de casa. Com cinco anos! — Reforçou.

── Eu achando que a história do cocho de água das vaca era a sua pior. — Falei o encarando. ── Acho que é melhor a gente adotar, Ríos.

── Do cocho de água das vaca? Que ele tomou banho?

── Sim, a Juvena me contou.

── A Juvena era outra, os dois não podiam se juntar que sempre aprontavam. Uma vez sumiu os dois juntos por horas, tava eu e minha irmã preocupada, a gente foi atrás e eles tavam pendurado em uma árvore gigante dizendo que eram o Tarzan e a Jane.

Eu dei risada junto dela. Imagina a dor de cabeça que vai ser ter um mini Richard assim? Deus me livre! Nós vamos adotar.

── Mãe, você está estragando seu próprio sonho de ter netinhos! — Richard falou.

── Ah, mas meu filho é um bom rapaz. Como se conheceram?

── Ela é filha do Abel.

── Isso você nos contou, querido, eu estou conversando com a minha nora. Como foi, Marina?

Richard entreabriu a boca, surpreso pela atitude da mãe e eu novamente dei risada. Uma querida, adorei ela!

── Meu pai atrasou para me buscar pela terceira vez na semana e eu não tinha como voltar para casa, peguei chuva, ai fui de Uber até o CT com a minha amiga e eu cheguei lá surtando com o meu pai.

── Ai eu olhei e falei, certeza que é uma patricinha chata com um problema fútil. — Ele completou.

── Não, você falou "por que ninguém me falou que o Abel tem uma filha da nossa idade?"

── E você me xingou, bobona.

── E eu xinguei ele. — Olhei Sandra e notei Neimar voltando até nós, se sentando ao lado da esposa. ── Ai meu pai pediu para ele me deixar em casa, ele me deixou e eu esqueci o celular no carro dele.

── Ai eu voltei para devolver e ela tava chorando.

── Tava tão visível assim? — Olhei ele, que concordou com a cabeça.

── Bastante!

── Ai ele sugeriu me animar com a condição de que eu contasse para ele o que tinha acontecido.

── Você é um fofoqueiro! — Sandra o encarou e ele riu. ── É bem filho do seu pai mesmo.

── Ei? Foi você que criou o moleque assim, todo dia fofocando com a sua irmã no portão. — Falou e recebeu uma encarada da mesma.

── Você não me irrita, Nei.

── Não me irrita, Nei. — Respondeu com voz de criança. ── Ai, mulher louca! — Falou após receber um beliscão e eu me controlando para não rir.

Eu sei por quem o Richard puxou a ser abusado.

── Perdoem meu marido, ele acha que tem quinze anos ainda. — Voltou a atenção para mim. ── E aí?

── Nos viramos amigos depois disso, só isso. Começamos a ficar e ficamos enrolando por um tempão até o pedido de namoro oficial, que foi ontem.

── Eu não te aceitaria para genro, filho. — Neimar falou cruzando os braços. ── Você é muito chato!

── Você tem que ter muita paciência. — Sandra me olhou. ── Porque esses dois são iguais.

── Eu sei disso, ele vive me perturbando.

── Por que você não me aceitaria para genro? Eu sou um bom genro. Tudo bem que o Abel não gosta de mim mas o Abel é louco. — Eu o encarei. ── Com todo respeito!

── Você não foi falar com o pai dela?

── Pai dela trata ela como se ela fosse criança, me falou várias vezes para ficar longe dela. — Deu de ombros.

── Mas você tem que conversar com ele. — Neimar falou. ── Ele só vai ter que aceitar ou te aturar.

fútil, richard ríos. Onde histórias criam vida. Descubra agora