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Marina

── Me mudo semana que vem. — Contei sentada sobre o balcão.

O encarei e ele vestia apenas a bermuda deixando um pouco da cueca de mostra. Acho incrível que esse filho da puta fica gostoso até com o rosto amassado de sono. Estava sem camisa já que a camisa dele estava no meu corpo.

── Vai morar sozinha?

── Não, vou dividir um apartamento com a Lívia.

Ele pareceu se ligar e se virou.

── Lívia sua amiga que mora em Nova Iorque?

── É, já consegui todas as burocracias. — Suspirei. ── Eu preciso ir, eu tô gastando muito com passagem. Muito mesmo!

Não é mentira, sai muito mais em conta me mudar do que gastar esses horrores com passagem aérea. E eu fiz isso. Meu pai chorou quando eu contei mas depois me apoiou, afinal, eu vou voltar.

── Vai ficar até que dia no Brasil?

── Próxima terça, é o período que eu ganhei para poder organizar tudo.

Ríos se aproximou e parou entre minhas pernas, segurando minha cintura. Depositou um selinho rápido na minha boca.

── Fica comigo esse tempo! — Pediu com o olho brilhando.

── Você pode me ajudar a te superar? — Pedi e ele riu.

── Não é chamando seu ex de madrugada e esperando ele de lingerie que você vai superar, tá? — Falou voltando para o fogão.

O encarei naquela posição, sem camisa e cozinhando e na minha mente me veio todos os planos que um dia tivemos juntos, nosso casamento, nossa casa, nossa família. Como eu queria que se realizassem, poder acordar sempre igual eu acordei hoje mas as condições não são nada favoráveis.

── Tá pensando no que? — Perguntou. ── Você usa uma cara muito específica quando tá pensando longe.

── Tava pensando em nós. — Fui sincera. ── Em todos os planos que um dia fizemos.

── Sabe que eles ainda podem se realizar, né?

── Queria que pudessem.

── E por que não podem? — Perguntou servindo o suco e as crepiocas.

── Fica meio difícil se colocar na balança que, além de nós não termos reatados, eu vou para outro país. — Falei.

Meu ex veio até mim com o copo e o prato e me entregou, abri um sorrisinho bobo e o agradeci com um selinho. Ele sempre foi assim desde o início do namoro! Adoro o jeitinho prestativo que ele tem, acho que a linguagem do amor dele é gestos de serviço.

── Até pouco tempo atrás nós estávamos em um relacionamento a distância.

── É, mas eu confiava em você. — Desviei o olhar. Eu realmente não consigo voltar a confiar, sei que vai ter uma hora que eu vou surtar. ── Desculpa.

── Eu queria poder voltar no tempo e não ter saído aquela noite. — Suspirou. ── Se eu soubesse que isso custaria o nosso relacionamento, eu não teria ido.

fútil, richard ríos. Onde histórias criam vida. Descubra agora