Acordei num pulo. Estava ofegante e suando. Tinha acabado de sonhar que Marília descobriu minha queda, penhasco, por ela.- MARAISA! VOCÊ VAI SE ATRASAR SE NÃO DESCER LOGO! - minha mãe alertou.
Gritei que já ia e me arrumei rápido.
Esses sentimentos estavam mexendo com a minha cabeça, preciso dar um jeito nisso antes que eu enlouqueça.
- Bom dia. - cumprimentei todos e me sentei para comer.
Não demorou muito e eu e Marília saímos para a escola. No meio do caminho verifiquei meu celular pra confirmar se a história do Bruno ter contado pra Marília que eu gosto dela, foi de fato, irreal. E graças a Deus, foi apenas um sonho.
- Você está quieta. Aconteceu algo?
- Não, claro que não. - respondi rápido e talvez um pouco desesperada.
Chegando à escola, Marília foi falar com Amanda e eu procurei Bruno por todos os cantos. Porém não via ela em lugar nenhum.
Até chequei o meu celular novamente para comprovar pela décima oitava vez sim, eu contei, que ele não tinha falado nada pra Marília.
Mandei uma mensagem e não demorou muito para ele me responder dizendo que estava doente e que iria faltar.
Que ótimo!
...
Quando o sinal tocou, indicando o intervalo, quis ser uma das primeiras a sair e acabei me atrapalhando e derrubando meu estojo no chão. Eu não tinha muita coisa nele, mas o que tinha, caiu pra fora e o resultado foi uma Maraisa Pereira no chão, juntando enquanto todos saíam da sala.
Vi uma mão juntando minhas canetas e colocando de volta no estojo. Quando levantei, me preparei para agradecer a boa alma com um sorriso, porém o mesmo se desfez quando vi quem era.
- Ah! - deixei um suspiro de desapontamento sair - Obrigada.
- De nada. - Ricelly deu um sorriso que me parecia ser amigável. E nós ficamos em um silêncio constrangedor, olhando um para a cara do outro.
- Bem... Eu vou... - eu fiz sinal para sair, porém ele deu um longo suspiro.
- Será que eu posso falar com você? - fiquei durante alguns segundos assimilando a frase.
- A-Aham. - Ricelly sentou na cadeira de Bruno e eu sentei na minha.
- O que foi? - perguntei realmente curiosa sobre o assunto e talvez com um pouco de medo. O pouco contato que tive com Ricelly não foi lá muito legal e sempre que ele podia, deixava na cara que não gostava de mim.
E por mais que Bruno dissesse que era paranóia minha, eu sabia que não era.
- Então... Eu quero... Hã... Eu quero te pedir desculpas por ter te tratado mal algumas vezes. - Ahá! Eu sabia! - É que... Sabe, eu te acho legal e fiquei meio chateado por não ser como você.
- Oi? - quase me engasguei com minha própria saliva. Tinha algo errado aqui! - Você, Ricelly Reis, acha eu, Maraisa Pereira, legal? - ele assentiu - Isso não faz sentido! - exclamei. - Você é legal, rico, famoso, todas as garotas gostam de você. E você é bonito. Por favor, não entenda isso no outro sentido, eu não sou afim de garotos. - Ricelly soltou uma risada. - Já eu... O que eu tenho?
- Uma vida de adolescente normal, amigos de verdade e as pessoas gostam de você porque você é engraçada, e não porque é rica. - fiquei em silêncio.
Tudo bem que mesmo assim eu preferia estar no lugar dele, mas eu sabia que era cruel demais pensar que Ricelly não tinha um lado humano.
Ele tem amigos de verdade, mas comparado a proporção dos que só se aproximam dele por interesse...
E a questão da vida de adolescente normal, confesso que é um saco fazer as tarefas de casa, mas tudo isso vale a pena quando você pode desfrutar de um chocolate quente enquanto assiste seu anime favorito numa noite de sábado. E pela reputação que o pai do Ricelly tinha, era difícil imaginar o garoto num cenário desses.
- Desculpa, eu não...
- Tudo bem. Sou eu quem te deve desculpas.
- Eu não achei que você pudesse se sentir assim.
- O que posso dizer? Nem sempre as coisas são como a gente acha que são. - por mais que seja uma frase óbvia e repetida, aquilo me fez refletir. No final das contas, acho que Ricelly só era babaca porque não tinha ninguém tão próximo para ensiná-lo a não ser. Tudo bem que ele tinha Bianca, mas não da pra jogar as responsabilidades em cima de apenas um relacionamento de amizade.
- Será que eu posso fazer algo por você?
- Como assim?
- Sei lá, eu e Bruno podemos te levar pra assistir um filme e fazer coisas de adolescente normal. Sei que você tem a Bianca, mas como ela namora...
-Eu acho uma ótima ideia. - ficamos de pé.
- Vamos marcar então. - Ricelly deu um sorriso e virou as costas, indo embora. Porém antes de passar pela porta, ele se virou:
— Maraisa?
- Sim?
- Obrigado.
- De nada, cara.
...
Durante a aula, fiquei rabiscando coisas em meu caderno e pensando sobre a conversa que tive com Ricelly na hora do intervalo.
Por um segundo cheguei a pensar que fosse uma estratégia dele para me tirar da jogada. Mas logo em seguida eu pensei: Que jogada?
Ricelly realmente estava se desculpando e precisava de mais amigos, enquanto eu chegava a cogitar uma idiotice dessas. Eu precisava parar de olhar tantos filmes de crimes elaborados e reviravoltas inesperadas.
...
Depois da aula eu e Marília fomos andando para casa, como sempre.
- O Ricelly estava meio estranho hoje. Parecia triste. - ela disse.
- Pois é, ele falou comigo. - soltei sem querer.
- Falou é? Sobre o quê?
- Ah, coisas da aula! - menti. Pois eu sabia que desde aquele dia da cafeteria, Marília parecia estar se cansando de Ajax e eu não queria tocar no assunto.
- Acho que enfim ele se tocou que é inconveniente demais. Ele tem que ser menos metido. - pela primeira vez, Marília estava falando mal de Ricelly e eu não sentia vontade de fazer o mesmo ou me sentia feliz por isso.
Eu sabia que ela estava pegando pesado e talvez seja porque ele também vacilou um pouco. Mas eu me sentia estranha por não ver mais Ricelly como um inimigo.
O que estava acontecendo? Que reviravolta foi essa?
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JUST FRIEND - MALILA
FanfictionADAPTAÇÃO - @jeonggukat Maraisa era apaixonada por Marília, porém a garota só a via como amiga, pois gostava mesmo era de Ricelly. A garota sabia que não podia competir com o moreno modelo, desejado por todos, então tinha que se conformar que eram a...