Capítulo 13 - O famigerado trabalho em grupo

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- Bom dia, Maraisa! - levantei com dificuldade e esfreguei os olhos, meio tonta com a claridade que vinha da minha janela.

- Marília? - questionei meio confusa.

- Sim, quem mais seria? – ela deu um sorriso e sentou na minha cama ao meu lado.

- O que faz aqui?

- Vim te acordar, já que você não foi na aula.

- O quê? Eu não fui? Que horas são? – arregalei os olhos.

- São duas da tarde. Você ficou jogando até tarde ontem e acabou não indo na aula. Sua mãe queria te acordar, mas eu disse que não tinha nada importante e que você me ajudou com o dever de casa ontem até tarde.

- Muito obrigada, te devo uma.-sorri.- Sabia que não deveria ter ficado até tarde jogando com Ricelly, mas ele é aquele tipo de pessoa que pode dormir por apenas trinta minutos e vai acordar revigorado. Já eu...

- Tudo bem, não se preocupe.

- O que a professora deu na aula de hoje?

- Nada demais. Aula normal e no final um trabalho em grupo. - foi aí que eu senti um arrepio na espinha.

Trabalhos em grupo eram um pesadelo. A professora sempre fazia sorteio, porque segundo ela, isso promovia a interação entre a turma e fazia com que a gente se acostumasse a trabalhar em equipe com qualquer pessoa. Porém, eu e Bruno sempre caíamos em grupos diferentes e eu sempre caía com Mia. Basicamente, era um caos.

- A professora já sorteou os grupos? - questionei com um certo receio.

- Sim. Eu, você – até agora tudo bem - Ricelly - boa - e a Mia. - nós duas suspiramos desanimadas.

- Droga!

-Ricelly chamou a gente pra ir na casa dele fazer o trabalho mais tarde.

- Hoje?

- Sim, porque sabe como ele tem horário por ser modelo, hoje é o único dia que ele pode.

- Como ele consegue fazer tanta coisa e nunca cansar? Eu vou para a escola andando e já morro. - Marília riu, mas minha indignação era verdadeira.

- Somos duas. - disse ela ficando de pé - Agora vamos levantar, comer alguma coisa e ir fazer o trabalho.

- Tá bem.

...

Eu e Marília estávamos paradas na frente da casa do Ricelly, um carro chique parou ali e dele saiu Mia.

- Eu já disse que eu ligo quando eu terminar! - a loira gritou e bateu a porta. - E vocês, fracassadas, o que estão olhando?

- N-Nada. - respondi no desespero. Não é que eu tivesse medo da Mia, ou algo assim, mas hoje ela parecia especialmente brava.

Ela veio até nós com o nariz empinado e limpando a sujeira - não existente – nos ombros.

- Achei que a Maya ia vir com você. - Marília comentou, já que a Maya era quase que uma empregada pra Mia, e nunca saía do pé dela.

- Ela ia, mas aparentemente ela precisou resolver uns "problemas pessoais". - Mia fez aspas com as mãos e revirou os olhos. - Já tocaram o interfone?

- Ainda não. - ela abriu espaço entre nós duas, quase que nos empurrando e bufou irritada.

- Residência do senhor Reis, quem gostaria? - uma voz feminina disse após Mia ter apertado o botão no interfone.

- Mia, a melhor amiga do Ricelly. - disse ela convencida.

- Desculpe, quem? – eu e Marília seguramos o riso, já que a mulher não a conhecia como ela achava.

- Mia, a filha do prefeito. Estou aqui com duas perdedoras e viemos fazer o trabalho da escola com o Ricelly. - eu e Marília nos entreolhamos e reviramos os olhos.

Depois de um tempo, a mulher respondeu que podíamos entrar e abriu os enormes portões. Eu e Marília apenas seguimos a Mia, pois ela andava na frente, já que segundo ela, tinha vindo aqui inúmeras vezes.

- Sejam bem-vindas, Ricelly irá descer em breve. - disse a mulher do interfone, que havia se apresentado como Nathalie, a assistente da família.

Ficamos ali paradas e não demorou muito para o Ricelly descer e vir falar com a gente.

- Oi pessoal, vamos fazer o trabalho no meu quarto, podem vir. - subimos as escadas seguindo ele, enquanto Mia não parava de falar.

A única coisa que eu consegui fazer quando entramos no quarto de Ricelly, foi ficar de boca aberta com o tanto de coisas que existiam.

- O seu quarto é um máximo!- falei com os olhos brilhando e ele riu.

- Valeu! - disse meio envergonhado - Pedi pro cheff fazer um lanche, daqui a pouco ele vem trazer. Enquanto isso vamos iniciando o trabalho.

- Certo, vamos começar então. - tiramos as coisas da mochila e sentamos em círculo sobre o tapete fofinho do quarto do Ricelly. Mia estava praticamente colada no garoto, enquanto Marília estava mais perto de mim e dessa vez, ela não parecia incomodada com as atitudes da Mia, talvez tivesse superado o Ricelly mesmo.

- Precisamos fazer cartazes representando as partes da célula.

- Vamos imprimir as imagens e escrever, assim terminamos mais rápido. - Mia sugeriu.

- A professora acharia mais legal se a gente mesmo desenhasse e escrevesse. - sugeri – Digo, não que eu saiba, mas a Marília desenha muito bem.

- Boa ideia, Maraisa! - Ricelly falou- Marília desenha, nós pintamos e a Mia escreve. Mas todos podem pesquisar. O que acham?

- Pode ser. - falamos juntos e encaramos Mia, que ficou calada. Ela nos encarou de volta e revirou os olhos.

- É, pode ser.

Começamos a pesquisar as coisas e montar os cartazes. Estava indo tudo muito bem até a parte onde Mia teria que escrever a sua parte.

- Isso é muita coisa pra escrever! - a loira protestou.

- Mas são só três linhas. - Ricelly explicou.

- Nessa parte. Depois tem mais.

- Você concordou que ia escrever! - Marília suspirou, tentando ficar calma.

-Mas agora eu não quero mais fazer isso.

- Não tem mais nada pra fazer.

- Ótimo! - disse ela ficando de pé - Terminamos.

- Não terminamos, não. – fiquei de pé - Primeiro que você concordou com a divisão de tarefas, segundo que você mal ajudou na parte da pesquisa e agora você não quer fazer a única coisa do trabalho que você precisa fazer?

- E o que você acha que pode fazer sobre isso? - ela cruzou os braços e me encarou, me desafiando com o olhar.

Eu sabia que responder era arriscado, mas eu não podia ficar quieta diante dessa situação totalmente injusta. Todos os trabalhos em grupo com Mia eram assim e eu nunca falava nada. Estava na hora de mudar isso.

- Eu acho que posso tirar o seu nome do trabalho. - ela abriu a boca incrédula.

- Você não faria isso!

- Faria e vou fazer se você não sentar nesse tapete agora e escrever a sua parte. – ficamos nos encarando por alguns segundos, até que Mia cedeu e sentou no tapete.

- Tá, então me dá a caneta.- Ricelly entregou a caneta para a loira e Marília me olhou com um sorriso e fez um certinho com o polegar. - Que fique registrado que eu ao menos vim, pois eu poderia estar fazendo compras agora!

- Nós também poderíamos não estar aqui fazendo o trabalho por você, mas infelizmente foi sorteio e não tivemos poder de escolha.- falei - Porque se tivéssemos, com certeza não teríamos feito um grupo com você.

JUST FRIEND - MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora