Capítulo 5 - O drama de Maraisa Pereira

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Bruno ficou me encarando e pensando no que falar após eu ter contado o que aconteceu antes da aula com Ricelly.

- É, isso é ruim.

- Sério que você ficou cinco horas calada só pra dizer o óbvio?

- Cinco horas? Maraisa, a dramática! - ele revirou os olhos.

- É sério Bruno! Você precisa me ajudar. Eu estou sendo legal com a Marília e ela está até me notando, mas não vai adiantar se o Ricelly ficar por perto! – falei desesperada.

- Você quer que eu elimine ele?

- O quê? Não! Como voc...

Bruno começou a rir e eu fechei a cara por ter caído na sua piada. – Você não brinca comigo!

- Deixa de ser tão desesperada. Tá parecendo um garoto com seu primeiro amor. Você não é assim. – parei pra refletir e ele realmente tinha razão.

- Você tem razão.

- E quando que eu não tenho?

- O que eu devo fazer então?

- Para de recuar. Na hora de jogar Overwatch você xinga o time que avança pelo bate-papo, agora que o Ricelly avançou você vai simplesmente recuar?

- Então eu devo xingar ele?

- Não, sua idiota! - ele jogou um salgadinho em mim - Foi uma analogia. Significa que você precisa atacar. Mas não literalmente. Digo avançar.

- Todo esse discurso era só pra dizer que eu devo me aproximar sem recuar?

- Às vezes eu odeio você e a sua capacidade de entendimento que funciona de vez em quando.

...

Hoje eu e Marília voltaríamos andando para casa. No meio do caminho, ela começou a falar como tinha sido seu dia com Ricelly mais próximo.

- Será que existe alguma chance do Ricelly estar gostando de mim? - eu queria dizer não. Queria dizer que ela deveria parar de se iludir. E que talvez ele só estivesse brincando com ela. Mas eu não conseguia.

- Porque não? Vai ver ele está te notando!

- Isso seria fantástico! - ela continuou falando, porém eu não prestei atenção. Cada palavra era uma facada no meu pobre coraçãozinho.

Mas se pensam que eu vou me entregar, não mesmo. Desistir e recuar era tudo o que eu tinha feito até agora e eu não ia repetir o erro.

Segundo a analogia de Bruno, minha situação é igual à uma partida de Overwatch. Então eu só precisava tomar o ponto e teria a minha vitória.

- Marília! - ela parou de falar e me encarou confusa.

- O que foi? - respirei fundo e tomei a atitude mais corajosa da minha vida.

- O que acha de ir tomar sorvete comigo amanhã depois da aula? - Marília pareceu pensar por alguns segundos e senti que ela ia negar o meu pedido – Aí a gente pode conversar melhor sobre isso e eu até posso te dar conselhos sobre o Ricelly.

- Claro, poder ser.

- Ótimo! – não, não estava ótimo. Até quando eu acerto eu erro. Pelo amor de Deus!

...

Nesse momento eu estava no meio de uma partida solo do meu jogo online favorito, quando alguém bate na porta. Quase mandei César ir tomar em um lugar não muito agradável, porém me calei quando vi que era Marília.

Até morri no jogo. Mas eu não me importei.

- Oi Marília.

- Oi Maraisa. Te interrompo? - neguei mesmo que tivesse interrompido.

- Aconteceu algo? - ela entrou, fechou a porta e sentou na minha cama, meio cabisbaixa.

- Isso. - mostrou o celular e lá estava o Instagram de Mia aberto e a última foto postada era dela abraçada com Ricelly em um restaurante.

- Ah! - estava feliz e triste. Feliz com a ideia de que isso talvez pudesse fazer Marília esquecer um pouco de Ricelly, mas triste porque ela estava triste. - Porque não posta uma foto também?

- Postar uma foto? Porque eu faria isso?

- Pra Mia ver e concluir que você não foi atingida pela provocação dela.

- Mas eu não estou muito no clima. – ela baixou a cabeça – Espera! Porque você não tira uma foto comigo?

- E-Eu?

- Sim. Somos amigas e eu tenho uma foto com todos os meus amigos. Com você não podia ser diferente. - olha eu feliz e triste de novo - O que acha?

- Pode ser. – sentei ao lado de Marília, que segurou no meu ombro para tirar a foto. Não conseguia sorrir direito pois estava nervosa. Porém quando olhei rapidamente para o lado e vi ela sorrindo, uma felicidade inexplicável tomou conta de mim e eu não pude evitar de sorrir também.

- Ficou muito boa! - nem tinha percebido ela tirar porque estava olhando para ela. - Posso postar?

- É claro. - Marília sorriu novamente e deu um beijo na minha bochecha.

- Obrigada Isa.

- De nada. - disse e por fim saiu, me deixando ali parada com cara de tonta e com a mão na bochecha.

...

Hoje eu e Marília fomos andando para a escola. No caminho ela me mostrava as curtidas na nossa foto e até alguns comentários.

- Olha, a Bianca comentou que formaríamos um belo casal. - ela riu e eu arregalei os olhos rindo também. Mas rindo de nervosa. - Ela é hilária! - Uh! Soldado ferido.

-Mudando de assunto, ainda vamos tomar sorvete hoje, não é?

- É claro. Aliás, queria que você e o Bruno sentassem pra comer com a gente na hora do intervalo. Você é minha amiga e eu gosto da sua companhia. – feliz e triste pela terceira vez, mas eu supero.

- Obrigada, Marília. Vamos sentar com vocês sim.

...

- Não vamos sentar, não.

- Ah, qual é Bruno?! Você mesmo disse que eu tinha que avançar. Agora vai me puxar pra trás?

- Não é isso. Eu só não gosto de interagir com pessoas.

- Bruno, de novo, eu vou procurar um novo melhor amigo.

- Mas é que você é diferente. Gostamos das mesmas coisas e tal.

- Por favorzinho! - juntei as mãos e me ajoelhei na frente do meu amigo - Eu prometo que não vou te deixar de lado.

- Maraisa, levanta! Olha o micão!

- Só vou levantar se você aceitar.

- Tá bom, tá bom. - ele suspirou - Vamos lá!

JUST FRIEND - MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora