Capítulo 7 - O esforço pra sair da zona de conforto

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A situação estava difícil para a soldada Maraisa Pereira. Acontece que a friendzone era um lugar frio e triste. E eu não queria ficar mais lá, então tinha que dar um jeito de sair.

- O que você acha que eu devo fazer? - perguntei ao Bruno que me encarou com uma expressão de tédio.

- Se jogar de uma ponte.

- Credo!

- É sério! Eu já te dei vários conselhos, não posso fazer nada se você não segue eles direito.

- Seguir eu até sigo, mas todos eles me levam para a friendzone. E esse não é o objetivo. - Bruno me olhou aborrecido e deu mais uma mordida no seu sanduíche.-Você precisa me dar uma luz!

- Quem dá a luz é mulher grávida! - ri porque foi idiota e eu sou idiota, então gostei da piada.

- Tá, o que eu faço?

- O que aconteceu quando vocês foram tomar sorvete ontem?

- Conversamos sobre Friends, a série que ela gosta. Pelo menos uma coisa que eu encontrei que temos em comum.

- É isso! - Bruno quase gritou me fazendo dar um pulo. - Vocês têm algo em comum, usa isso pra se aproximar dela.

- Como? Devo fazer piadas sem graça pra ser como o Chandler? Eu tentei e isso não funcionou!

- Não, você pode levar ela naquela cafeteria que é inspirada na série. - disse e tomou um gole do seu refrigerante.

- Boa ideia! - bati no braço dele, porém me empolguei demais e ele acabou cuspindo o refrigerante no meu rosto. - QUE NOJO!

- Ninguém mandou você ser sem noção e me bater! - passei a mão lentamente pelo rosto, tirando a mistura de refrigerante com o DNA de Bruno.

- Só não te odeio porque você é meu melhor amigo e me deu um ótimo conselho.

...

Estava tudo certo para irmos a cafeteria inspirada em Friends. Eu tinha feito a reserva, pois era um local muito movimentado e era necessário reservar antes, até mesmo se fosse sentar em um dos sofás.

Marília ó precisava aceitar ir comigo. Se ela não aceitasse, eu não choraria pela derrota e levaria Bruno comigo mesmo.

Quando eu pensei em ir ao quarto de Marília para convida-la, ouço batidas na minha porta.

- Pode entrar!

- Oi, Maraisa. Está ocupada? - neguei com a cabeça e Marília entrou no meu quarto. - Pensei que a gente pudesse jogar vídeo game. – quase caí para trás. Não é todo dia que a garota que você gosta chega no seu quarto e diz que quer jogar vídeo game com você.

- C-Claro. - me repreendi mentalmente por ter gaguejado - Que jogo você quer jogar? - perguntei enquanto me aproximava do vídeo game para colocar algum jogo.

- Gosto muito de Ultimate Mecha Strike III. Você tem? - tropecei na cama e quase caí. SIMPLESMENTE ERA MEU JOGO FAVORITO! - Você tá bem?

- Estou. Tenho sim. - respondi rápido e fiz uma pose descolada, ou pelo menos tentei - Eu... Vou colocar o jogo. – me virei de costas para ela e comecei a arrumar o vídeo game, me xingando baixinho por parecer tão idiota.

- Não acredito que você gosta de Percy Jackson! - me virei e vi que ela olhava os meus livros na estante.

- Ah! S-Sim, eu gosto.

- Eu também!

- Deixa eu adivinhar, filha de Poseidon? - ela assentiu.

- Como sabe?

- Apenas um palpite! - dei de ombros.

- E você? Filha de Apolo?

- Apolo? Porque eu seria filha de Apolo? - terminei de arrumar o vídeo game e fiquei de pé, encarando Marília com um certo receio sobre a sua resposta.

- Bem, você é morena, engraçada, simpática e eu diria até que tem um porte atlético. - quase desmaiei. Aquilo era demais para mim, não estava preparada para tantos elogios de uma vez só!

- E-Eu... Hã... Valeu! - ela riu.

- Vamos jogar?

- Sim, é claro.

...

Ainda estava abalada pela noite anterior por dois motivos: Marília me elogiou; Marília acabou comigo no meu jogo favorito e eu nem precisei deixar ela ganhar porque sou apaixonada por ela.

Se eu fiquei mais apaixonada ainda depois de ser massacrada no jogo? Sim!

Se eu sou trouxa por criar ainda mais expectativas? É claro!

Pelo menos eu e Marília teríamos um encontro hoje. Talvez ela não saiba que de fato é um encontro, mesmo assim eu já estava muito contente.

Podem me chamar de trouxa novamente, eu deixo.

- Quando vai me dizer aonde vamos? – Marília perguntou enquanto caminhávamos. Ela estava linda, só para constar.

- É uma surpresa. – ela fez uma careta tentando parecer brava, porém só a deixou mais fofa.

- Tudo bem. - continuamos caminhando em um silêncio, que pela graça das divindades era tranquilizador, e não constrangedor.

Quando chegamos na frente do local, apontei e fiz uma expressão animada. Marília sorriu e me deu um abraço, fazendo com que eu ficasse ainda mais apaixonada.

- Eu não acredito! Adorei! Você é a melhor! - sorri feito a idiota que sou e em seguida abri a porta para adentrarmos ao local. Obviamente a deixei entrar primeiro, como uma perfeita cavalheira.

Demos os nossos nomes para a recepcionista e sentamos em uma das mesas perto da janela.

Eu e Marília conversávamos animadamente sobre o jogo de ontem enquanto nossos pedidos não chegavam, quando de repente o sorriso dela se transforma em uma careta e eu me viro para olhar na direção onde ela encarava.

E lá estava ele, um dos motivos de eu permanecer na zona da amizade: Ricelly Reis.

Virei para frente e engoli em seco. O universo realmente não conspira ao meu favor, não é mesmo?

- Você quer ir falar com ele? - perguntei mesmo com o coração apertado.

- É claro que não. Acho que quero esquecer ele, só que ainda é difícil. - novamente aquela ponta de esperança se acendeu dentro de mim.

- Tudo bem. Podemos focar em outra coisa se você quis...

- Oi Marília. Oi Maraisa. – Ricelly apareceu ao nosso lado, segurando uma sacola e eu quis me jogar pela janela.

- Oi. - respondemos juntas.

- Não sabia que frequentavam essa cafeteria.

- Na verdade é a primeira vez que viemos. - falei dando um sorriso forçado.

- Ah! Estão tendo um encontro? - quase me engasguei com a própria saliva. Marília não parecia diferente de mim.

- Viemos apenas porque somos fãs da série. Algum problema com isso? - arregalei os olhos ao ouvir Marília falar aquilo e aparentemente Ricelly não estava esperando por isso também.

- Não, nenhum. Bem, eu preciso ir. Tchau. – disse rápido e saiu, nem dando tempo para que falássemos algo.

- Nunca tinha notado o quanto ele é inconveniente. – encarei Marília novamente, sem acreditar - O que foi?

- N-Nada. Você tem razão. Ah, olha! Os pedidos chegaram!

JUST FRIEND - MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora