JUST FRIEND - MALILA

Capítulo 14 - A chama da Esperança é acesa

Encarei o teto do meu quarto e dei um longo suspiro. Hoje seria o último dia que eu e Marília iríamos para a escola juntas. Sua avó melhorou e seus pais voltariam no dia seguinte, então era bom mas ao mesmo tempo ruim.

Sei que Marília não passou tanto tempo assim aqui, mas já foi o suficiente para que eu me acostumasse com a sua presença. Como por exemplo as manhãs que César fica três horas no banheiro arrumando o cabelo e nós duas ficamos batendo na porta igual loucas porque queremos fazer xixi. Eu sempre deixo ela ir primeiro. Uma vez eu até cogitei fazer no quintal, só pra deixar ela ir primeiro.

Contei isso pra Bruno e ele riu depois de dizer: "Que romântico, as duas têm bexiga frágil!".

Sentei na cama e encarei o relógio. Havia levantado vinte minutos antes do alarme tocar. Eu estava tão ansiosa assim?

Me joguei na cama novamente e usei esses vinte minutos para pensar em algo especial para Marília, já que seria nosso último dia dividindo a mesma casa.

Sei que tudo isso soa meio dramático, mas na verdade só estou triste por não passar um tempo jogando com Enid depois do jantar.

- Você está com uma cara de panaca mais do que a normal.- levantei num pulo ao ouvir a voz da meu irmão vindo da porta do meu quarto.

- O que você tá fazendo aqui?

- Faltou luz e eu vim te chamar. Não notou que seu despertador não tocou, gênia? encarei o aparelho, que agora, de fato estava apagado. - Mas então, qual é a decepção da vez?

- Há há! - ironizei enquanto ficava de pé. - Só estou um pouco triste.

- E porquê?

- Você trabalha na polícia agora?

- Interessante, fugindo do assunto usando o humor. Você é mesmo minha irmã. - bufei e sentei novamente na cama.

Se eu não contasse logo do que se tratava, ele não me deixaria em paz.

- Só estou triste porque amanhã a Marília vai embora. Digo, que bom que a avó dela melhorou e seus pais estarão de volta, mas pensar que não vou mais encontrar ela no café da manhã me deixa um pouco chateada.

- Entendi. Bem, você não pode fazer nada a respeito. Mas você pode convidar ela pra tomar café da tarde de vez em quando, almoçar, jantar. Vocês ainda vão se ver na escola e serão amigas, por mais que a gente saiba que não é bem isso que você quer.

- O q-que... Não... Eu n-não... - César começou a rir e eu dei de ombros – Que seja! De qualquer forma, eu já tentei de tudo e não deu em nada.

- Tentou de tudo, exceto dizer que gosta dela.

- Olha só m César, se você está aqui para jogar verdades na minha cara, pode ir se trancar no banheiro pra colocar aquele gel no seu cabelo e me deixa em paz!- meu irmão riu novamente.

- Só estou querendo dizer que você é burra.

- Ah, muito melhor! - ironizei.

- Reformulando, você não é tão observadora quanto pensa.

- O que quer dizer?

- Você têm medo de dizer para Marília que gosta dela, porque acha que seu sentimento pode não ser recíproco. Mas já parou pra pensar que talvez seja, e nem mesmo ela saiba? E que talvez ela só descubra quando você contar?

- Como assim?

-Maraisa, a Marília joga vídeo game com você quase todos os dias, finge acreditar quando você diz que perdeu a partida porque entrou um cisco no seu olho, te trata como alguém especial e até já te viu de calcinha. Sim, a mamãe me contou. - explicou ao ver eu fazer menção de protestar – Você por acaso já viu como ela te olha?