Capítulo 8 - O momento que a Marília descobre tudo

395 65 25
                                    



Estava tudo maravilhoso! Marília e eu conversamos de modo decente, eu não fui uma idiota e ao que parece Ricelly não é mais um problema.

Espero que eu esteja certa sobre Ricelly, pois assim seria mais um ponto a meu favor, embora seja meio egoísta pensar desse jeito.

Apesar disso, eu e Marília estávamos tendo um dia agradável. Nesse momento nós duas estávamos sentadas no parque conversando, após ter saído da cafeteria e ter tomado um sorvete.

- Então desde aquele dia eu não saio de casa sem minha bolsa. - ri junto com ela, mas nem sabia do que estávamos falando, afinal, estava ocupada prestando atenção em como ela fica linda quando se empolga em algum assunto. - O que foi? Por que está me olhando assim? Tem algo no meu rosto? - Marília começou a passar a mão dela pelo seu rosto e eu neguei.

- Não tem nada, é que você é muito linda. - arregalei os olhos assim que eu notei que tinha dito aquilo alto - D-Digo... Você não é! Não! Você é... Só que eu... Ah! Você é linda, pronto. - falei extremamente envergonhada.

- Obrigada Maraisa, você também. - ela sorriu pra mim e eu não pude evitar de fazer o mesmo.

- Desculpe, é que eu estou meio nervosa. - admiti, me repreendendo mentalmente de novo por ter dito em voz alta.

- Tudo bem, é até engraçado, eu também ficava assim quando falava com o Ricelly. - ficamos em silêncio durante alguns segundos até que a fala de Marília foi assimilada por nós duas, então arregalamos os olhos e nos encaramos. - Espera! Mas se eu... Você...

- N-Não! Eu... - me desesperei.

- Você... Você gosta de mim? - perguntou calmamente e eu fiquei paralisada, não sabia se devia falar a verdade.

Toda a minha vida passou diante de mim em poucos segundos, conselhos do César, conselhos do Bruno, minha mãe fazendo dancinhas constrangedoras, eu me ferrando tentando ser notada por Marília, ela suspirando por Ricelly, ela xingando Ricelly.

Eu tinha um segundo para decidir a minha vida. Tudo seria diferente se eu dissesse que "sim" e admitisse que gostava dela.

Mas poderia ser diferente de uma maneira boa, ou uma ruim.

- Eu... - me conhecendo, a resposta era óbvia - Claro que gosto, você é minha amiga! - é oficial, nunca sairei da zona da amizade.

- Ah, também gosto de você! - ela sorriu amigável e eu fiz o mesmo, porém com uma leve vontade de me afogar no laguinho que tinha ali na nossa frente. Será que tinha alguma chance de ter um tubarão ali?

...

Nesse exato momento eu estava deitada na minha cama, encarando o teto e dizendo a mim mesma para pegar leve comigo por ter sido idiota por ter estragado tudo.

A verdade é que eu percebi que não queria perder a Marília, por mais que isso significasse que devemos ser apenas amigas. O que eu quero dizer é que ela não aparentava gostar de mim do jeito que eu gosto dela, e se eu dissesse a verdade, Marília poderia se afastar e eu não queria isso.

Talvez eu seja uma idiota — quem eu quero enganar? É claro que eu sou por ter feito tudo isso e desistir agora, num momento decisivo. Mas não adianta, eu preferia ter Marília gostando de mim e sendo minha amiga, do que se afastando por não sentir o mesmo.

No entanto, existia uma voz na minha cabeça — que parecia muito com a do Bruno me dando conselhos e me chamando de idiota — que perguntava: E se ela sentisse o mesmo?

Eu duvidava dessa possibilidade, pois só agora Marília tinha desistido de Ricelly. Era difícil imaginar que ela já tivesse começado a gostar de outra pessoa, que no caso sou eu.

E se ela tivesse desistido dele por mim?

Nah! Acho difícil.

...

Eu e Marília fomos para a escola e o clima parecia diferente entre nós. Pela primeira vez eu não estava nervosa, na verdade estava desconfiada.

- Você e o Bruno vão sentar com a gente na hora do intervalo, não é?

- Claro.

- Que bom! - ela sorriu animada. - Depois da aula a gente podia sair pra tomar um sorvete ou podíamos assistir um filme. O que acha?

- É, pode ser!- falei procurando Bruno com o olhar. Queria perguntar sobre o que ele estava falando nas mensagens que tinha me mandado ontem.

— Maraisa?

- O que foi?

- Aconteceu algo? - neguei com a cabeça - Está procurando o Bruno?- assenti.

- É. Ele me falou umas coisas estranhas e eu queria... - encarei Marília e a mesma estava olhando para o chão, como se estivesse envergonhada ou algo do tipo.

— Marília?

- É que... Bem... - ela riu e me encarou com as bochechas vermelhas - Eu acabei falando com ele depois que chegamos em casa e... Como eu posso dizer isso? - não disse nada, apenas continuei paralisada escutando o que ela tinha a dizer e com muito medo, só pra constar. Ela respirou fundo e continuou. - Acontece que eu não fiquei muito convencida com a sua resposta sobre gostar de mim e acabei pensando tudo que já fez por mim. Sabia que se eu te perguntasse você negaria, então perguntei para o Bruno.

- E o que ele disse? - falei meio travada e com medo.

- Eu tive que insistir muito para ele me contar a verdade.

- Q-Que verdade? - engoli em seco.

- Eu sei que você gosta de mim. Não só como amiga.

Nesse momento apenas uma pergunta surgiu na minha mente: Me matar ou matar Bruno?

JUST FRIEND - MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora