Barriga de Aluguel (G!P)

Capítulo 13

Acordei com a claridade invadindo o quarto, esqueci de fechar as cortinas e agora já era tarde demais, se levar em consideração que eu não conseguiria voltar a dormir facilmente.

Olho para o relógio ao lado me certificando que ainda estava cedo, mas que mesmo assim eu apostava que todos dessa casa já estavam de pé.

Caminhei em direção a sacada para observar a vista maravilhosa, a ventania estava consideravelmente forte e isso me fazia querer dar meia volta e me esconder em baixo dos cobertores.

Me sentei em uma das cadeiras alí afim de deixar os últimos acontecimentos invadirem minha mente, mas isso não foi possível já que assim que sentei e relaxei meu corpo, uma borboleta sobrevoou ao meu redor, ganhando minha total atenção quando fez questão de pousar sobre meu braço. Tinha uma cor azul, sendo umas das mais lindas que já vi.

Suspirei fundo, olha-lá me trazia paz.

Sem me conter desço meu olhar até meu ventre. Será que tudo estava dando certo? Será que a filha de Camila já estava aqui, dentro de mim? Seria eu tão insensível ao ponto de ainda não sentir nada?

Por um momento sorrio, afinal todos estão ansiosos para a chegada desse bebê, e isso acaba refletindo em mim.

Decido levantar e ir tomar um banho, na intenção de tomar o café da manhã com todos eles, afinal não sei o horário que Camila irá sair, e como não vi ela desde ontem no jardim, quero aproveitar qualquer mísero tempo ao seu lado.

Ainda durante o banho anoto mentalmente que após retomar para o quarto eu tenho que ligar para a clínica que papai está internado, assim como venho fazendo ultimamente, afinal fico muito aliviada em todas as vezes que falo com o médico, ele sempre me enche de esperanças que no fim tudo dará certo.

Após me arrumar eu desço as escadas em passos silenciosos, afim de conseguir ouvir algum barulho, mas nada me dava a certeza que eles já estavam tomando o café da manhã. Sequer podia ouvir uma xícara contra o pires.

Vou até a sala de jantar e não encontro ninguém, mas quando meu olhar vai além do espaço, consigo notar duas presenças sentadas à mesa da varanda, conversando entre si. Não me movimentei muito para ser notada, afinal era uma parede de vidro que dava total visão.

- Bom dia - Falo assim que alcanço o ambiente.

- Bom dia - O casal responde em uma perfeita animação. - Sente conosco, querida - A senhora aponta para um lugar vago. - Camila saiu bem cedo e por isso preferiu não te acordar, mas deixou isso para você - Me estende um pequeno envelope.

" me desculpe por ontem, é que você conseguiu me deixar sem palavras, mas não de uma forma ruim. Não vejo a hora de voltar, já estou com saudades do tempo em que passamos juntas."

Sorri antes de guardar novamente. 

- Acho que alguém gostou do que leu - De repente fico tímida com o comentário de Alejandro.

[...]

Os dias até que passam rápidos por aqui, e hoje Sinuhe me levou no restaurante que tanto falou bem nos últimos dias, almoçamos e após isso ela me fez uma "surpresa" ao me levar para comprar roupas novas.

Estávamos no shopping, em uma loja específica para gestantes, pois ela fez questão de entrar e me ajudar com algumas peças. O problema era que cada roupa me mostrada era uma careta diferente.

- Querida, você vai ver com o decorrer dos meses que um vestidinho básico como esse vai ser a sua melhor opção - Encaro seu rosto após desviar da peça.

- Mas são exatamente vestidinhos como esse que enfeitam meu guarda roupa desde o dia em que cheguei - Meu desabafo foi imediato, e só depois notei que não deveria reclamar de nada, afinal não tenho posição de exigir nada. Mas a senhora apenas sorriu.

- Então que tal ir em outra loja? Uma que você goste mais? - Eu queria poder negar e levar os tais vestidinhos, mas minha cara de pau não permitiu isso, pelo o contrário, apenas concordei com Sinuhe.

Saímos da loja após agradecer a gentileza da atendente, e não andamos muito para que uma loja me chamasse a atenção, afinal se vou apenas engordar e inchar, que eu vista algo confortável e que também eu goste.

- Esses me parecem perfeitos para o meu corpo daqui alguns meses - Puxo um moleton de uma tamanho maior que o meu costumeiro. - Até porque saídas não são opções, então esses aqui estão ótimos para ficar em casa - Sorrio para a mulher que apenas dá de ombros, concordando comigo.

- Tudo bem, escolha quantos quiser, contanto que se sinta bem - Após sua fala eu pego mais alguns, aproveitamos para comprar outras coisas que segundo a mãe de Camila, são necessárias.

Enquanto andávamos entre conversas ela me disse que assim que Camila retornasse, eles teriam que ir embora, parece que Alejandro tinha alguns compromissos e como já ficaram longe tempo demais, não podiam mais adiar. Mas ela me garantiu que estaria presente no dia da descoberta do sexo da criança, sem contar que me confidenciou uma certeza apenas dela, essa sendo que seu neto já estava dentro de mim, pois segundo ela era o que via através dos meus olhos.

Não soube o que dizer ou até mesmo o que pensar, afinal é uma mistura de sentimentos, porque mesmo eu querendo muito realizar o sonho dessa família, fico me perguntando em como tudo vai ser quando a criança nascer e o contrato acabar.

- No que tanto pensa? - A visão da senhora se faz na minha frente.

- Nada não - Nego com a cabeça, um sorriso sem muito humor nos lábios.

- Sabe que pode desabafar comigo, hm? - Sorrir docilmente. - Podemos não se conhecer a muito tempo mas eu gosto muito de você, sem contar que sinto que ainda vamos conviver por bastante tempo, então ficaria muito honrada de ter sua confiança e poder te ajudar no que precisar.

- Obrigada por isso - Suspiro, pois a mulher a minha frente me fez lembrar da mãe que eu tive o privilégio de ter na minha vida por alguns anos. - Eu só tenho um pouco de medo - Revelo. - De tudo que pode vir, entende? - Ela me encara por alguns segundos, antes de me puxar até um lugar, onde sentamos ainda nos encarando. 

- Eu entendo você, mas por que não se permite viver um dia de cada vez? Eu sei que é inevitável não pensar nessas coisas, ainda mais quando esse medo envolve certos sentimentos, estou certa? - Assinto e ela sorrir antes de segurar uma das minhas mãos. - Não sei se isso vai te deixar mais tranquila mas eu vou te contar uma coisa - Suspira animada. - Faz algum tempo que não vejo os olhos da minha filha brilharem tanto quando ela se refere a alguém, e você é a única responsável por isso - Sinto meu coração acelerar. - Camila sempre foi uma mulher muito fechada para o amor, mas sinto que você será a responsável por quebrar todas as barreiras em volta daquele coraçãozinho. Você chegou e tudo mudou, pois mesmo ela também tendo medo, o sentimento é visível - Fico mais animada ao saber disso. - Por isso peço que leve um dia de cada vez, aproveitando todos os momentos como deve ser, e se for da sua vontade também, deixe seus sentimentos sempre claros para ela, Camila precisa dessa confirmação para se libertar de todos os seus medos - Dá leves batidinhas em minha mão. - E sabe o que eu desejo? - Nego com a cabeça. - Que tudo dê certo entre vocês e que meu neto cresça com suas duas mães, assim como deve ser - Suspiro.

- Obrigada, Sinuhe - Novamente agradeço. Ela pressiona os lábios negando com a cabeça antes de se levantar.

- Agora vamos? Camila deve estar achando que eu perdi você em algum lugar - Reviro os olhos.

- Até parece - Falo em desdém, já que desde sua viagem, sequer me ligou para saber se estou viva.

- Fala isso porque a bobona não enche seu saco e sim o meu - Fico sem entender até ela me mostrar a tela do seu celular, onde a maioria das mensagens era sobre mim. - Não pense que ela não se importa com você, pois se importa e muito. Apenas não está sabendo agir com tudo que está acontecendo - Começamos a caminhar para fora do shopping, onde Jason já nos esperava.