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(ANOS ANTES)

Jess estava pronta para admitir que não fazia ideia do que estava fazendo enquanto atravessava corredores como uma tartaruga. Havia uma quantidade limitada de coisas que ela havia conseguido no curso intensivo de Hungul, e claramente nada estava sendo útil para guiá-la ás aulas avançadas de química. Como diabos ela deveria assistir ás aulas do curso de ciências exatas? Ela não fazia ideia. Mas teria que comprar um dicionário bilíngue com urgência. 

Bom, pelo menos ela havia chegado no início do outono, pensou enquanto observava as folhas amareladas forrarem o chão do gramado externo através da janela do corredor. O que era muito bom considerando que ela em breve enfrentaria um inverno para o qual não estava preparada. Ela teria que fazer compras, mas como havia chegado cedo, teria tempo para isso. E ela adorava casacos. Eram os mais confortáveis. 

Jess puxou o mapa da escola, procurando a biblioteca. Ela não sobreviveria ao resto do dia sem aquele dicionário. O desenho do mapa foi simples o suficiente para que ela chegasse até a ampla sala cheia de prateleiras enfileiradas repletas de livros. Além de muito bem iluminado, o ambiente cheirava a a algo como bamboo ou grama cortada, dando ao espaço um frescor muito bem vindo. Jess olhou em volta, mas a única bibliotecária que encontrou estava soterrada atrás de uma pilha de livros trazida por um aluno.

Ela teria que se virar, pensou, dando de ombros antes de se enfiar entre as prateleiras metálicas. Achar o dicionário foi relativamente fácil, depois de entender a lógica de organização do acervo. Jess no entanto foi fisgada por uma sessão relativamente pequena mas muito interessante no canto do fundo, quase parecendo estar escondida. Eram livros em língua inglesa, e ela quase chorou e adorou aquele espaço. 

Ela sentiu alguém apertar seu ombro e girou, pronta para falar a frase decorada "joesonghabnida. ajig eon-eoleul jal ihaehaji moshabnida. yeong-eoleul hal su issnayo?" (desculpe. Ainda não entendo muito bem o idioma. Você pode falar em Inglês?). No entanto, qualquer som ficou preso em sua garganta. O rapaz era... normal, para ser sincera.  Exceto pelas covinhas que suas bochechas tinham quando sorria. Ela achou incrivelmente fofo.

"oh deus..." ela pensou enquanto ele falava, fazendo perguntas que ela não conseguia entender. Jess piscou. 

-joesonghabnida. ajig eon-eoleul jal ihaehaji moshabnida. yeong-eoleul hal su issnayo? - ela se lembrou de falar.

Ele acenou com a cabeça, fazendo que não. Ela sentiu seus ombros caírem em desânimo, antes de se lembrar do dicionário em sua mão. "vamos a moda antiga" pensou. Ela apontou para si mesma.

-Jess.

-Jess? - ele franziu a testa, como se confirmando a pronuncia. Ela acentiu, mostrando que estava.

-Kim Namjoon. - ele apontou para si. 

-Kim Namjoon? 

Ele sorriu, e ela também. Jes mostrou a ele o dicionário. Ele não pode deixar de rir, e sua risada era tão gostosa, que ela riu junto.

Foi uma conversa longa e curta ao mesmo tempo. Eles logo perceberam que conversar via dicionário não era a forma mais fácil. Na verdade, era bem cansativo. Ela tentou usar o mínimo de palavras possíveis para precisar passar menos tempo procurando. Ajudou, mas não era o ideal e muitas vezes ela era incapaz de formar frases adequadas. 

Levou certa de dez minutos para ela explicar que era americana e estava fazendo um intercâmbio de um ano. Mas ele entendeu e logo sumiu entre as prateleiras. 

Ele tinha se cansado dela? Ela podia ver isso acontecendo já que nem falavam  uma maldita mesma língua. Suspirou, se sentindo derrotada. Isso ia ser mais difícil do que ela achava. Teria que aprender o quanto antes se quisesse sobreviver. Mas pouco depois ele voltou, uma segunda edição do dicionário em suas mãos e ela sorriu.

Forgotten Girl - BTS SOULMATEOnde histórias criam vida. Descubra agora