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Jess acordou antes do alarme tocar, se levantou e foi direto para o banho. A água quente era quase irresistível, mas ela se apressou. Tomou as vitaminas receitadas pelo pessoal que regulava sua alimentação e foi para a academia.

Ela preparou o celular, colocou a playlist e subiu para na esteira para iniciar o trabalho de cárdio. Meio minuto depois, ela corria. Apesar das batidas enérgicas de Beyoncé e da velocidade alta, ela se sentia dormente. A sua frente, ela podia ver seu reflexo, o cabelo preso em um rabo balançando, as gotas de suor aparecendo na testa.

-Merda! - gritou, acelerando ainda mais a velocidade ao se lembrar do vídeo mais uma vez.

Jess correu a plenos pulmões como quem corre de um perseguidor. Ela se sentia de novo aquela adolescente abandonada, mas dessa vez, não apenas por sete, mas por sete que ela sabia que deveriam amá-la mas escolheram não o fazer.

Mas correr não tirava o aperto na boca do estômago, não regulava os batimentos de seu coração e o cansaço físico não impedia sua mente de correr. Ela se sentia presa dentro de uma tortura interna. Porque ela o amava. Então ela chorou. Correndo o máximo que podia, sozinha na academia, com os fones explodindo ao som de 7/11. E ela soluçou, sem parar de correr, o coração parecendo afundar em seu peito.

Ela reduziu a velocidade até parar, vinte minutos depois. Jess se abaixou, sentada na beira do equipamento e colocando a cabeça entre os joelhos. E então se levantou, secou as lágrimas e foi para o estúdio. Ela estava cansada de estar presa em celas mentais de dor. Ela tinha que tirar isso do peito para continuar.

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-Estão falando que foi golpe publicitário. - disse Seth ao passar pela porta. - A entrevista com a Ellen.

-Que bom para eles. - ela resmungou, sem tirar os olhos do computador em que estava criando a batida da música que criou ao sair da academia.

Ele analisou o estúdio ao seu redor, estava como sempre, muito bem arrumado, exceto por uma quantidade maior de papéis jogados na mesa de trabalho. Ele se aproximou e viu letras escritas à mão.

-Não funcionou. - ele comentou, ainda olhando as letras.

-O que?

-O marketing. As revistas ainda estão lançando quase toda manhã alguma manchete ou comentário sobre a entrevista. Ainda sim, não soltamos nenhum produto para venda, então nenhum desses anúncios foi revertido em dólar.

-O streaming de músicas não aumentou? -ela perguntou, ainda focada no computador.

-Oh, bem, sim, mas ele já era excepcionalmente alto. Você já estava no top ten, se lembra?! Não é como se não tivesse acabado de quebrar o recorde de reprodução três semanas atrás... Deveríamos ter preparado algum produto antes daquela entrevista, pelo menos lucraríamos alguma coisa com o tal marketing que fizemos,  segundo as manchetes de todas as manhãs...  - ironizou, enquanto se jogava no sofá de couro encostado na parede. - Então, você nunca me respondeu sobre o Alex.

Jess riu, finalmente girando a cadeira para olhar o amigo.

-Sem chance. Não estou no momento, você sabe muito bem. Além disso, ele não é meu estilo.

-Não é seu estilo? Ele é bonito, jovem...

-E chato. O cara não consegue manter uma conversa que seja mais profunda que uma poça d'água da chuva na rua. Não se preocupe, Seth, pode ficar com ele.

- U-hum... Você ainda está bebendo. -  ele apontou uma taça de vinho no canto.

-Eu estou tentando, Seth. - ela resmungou, mas não negou - É difícil passar pelos ensaios. Sorrir como se estivesse na melhor festa da minha vida, falando sobre holofotes e figurinos brilhantes e microfones com cristais e fogos de artifícios... Quando eu estou com a ferida aberta, na minha depressão mais profunda cinco horas depois, soluçando no chão do meu quarto escuro sentindo a solidão e pensando neles. As vezes sinto que vou explodir...  - suspirou. - Pelo menos eu ainda estou tentando.

Forgotten Girl - BTS SOULMATEOnde histórias criam vida. Descubra agora