Capítulo III - Conversations

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Ouvia da porta ser trancada lentamente, enquanto eu observava a movimentação do Gerard sentar-se no banco do passageiro da Pansy. Ele estava nervoso, mas quem sou eu para dizer algo? Eu também estava nervoso. Parecíamos dois adolescentes num primeiro encontro, e sinceramente? Essa visão não é muito agradável.

Segundos em silêncio, parado no estacionamento do supermercado com as compras minhas e dele no banco de trás. Eu ligo a ignição do fusca e dou a partida, seguindo um caminho aleatório, pois não sabia onde Gerard ainda morava.

— Eu vou conduzir onde deve ir, motorista. — pronunciou Gerard, me observando atentamente, como se já previa a minha dúvida da sua moradia.

Ele conduzia formalmente, sem nada mais. Eu sabia que isso estava se tornando monótono demais e o homem do meu lado compartilhava da mesma opinião. E se tornou mais pior esse clima quando o trânsito ficou engarrafado com o horário de pico.

— Você sabe dirigir? — perguntei alheio, observando o carro na minha frente tomar movimento, longo fazendo a Pansy ir na frente.

— Hum? Sei sim, mas não sou bom dirigindo.

— Acho que você não seja ruim como diz. — comentei na intenção de o bajular. E que degradante por sinal, não precisava fazer isso.

— É sério, Frank. — riu sem graça, olhando à frente — Eu tenho trauma de pegar um volante na minha vida.

— Por que? — observei ele confuso, e Gerard olhou meu semblante e repensava no que diria.

— Digamos que quando eu era um recém habilitado e usava do carro do meu pai, acabei batendo em um ônibus. Não foi nada grave, mas ainda foi constrangedor. — esfregava a nuca envergonhado, e pela sua reação, eu sorria me divertindo.

— Como foi depois que bateu no ônibus?

— Lembro de me sentir culpado com o motorista e os passageiros. Me desculpei com todos sem exceção, a maioria estavam indo no trabalho ou voltando. Agora imagina Frank: um jovem adulto de dezoito anos pedindo desculpas prestes a ter um ataque de nervos. Consegue imaginar? — tagarelou.

Eu conseguia imaginar ele jovem perfeitamente. Uma versão do Gerard talvez um pouco rechonchudo, comparando o seu eu de agora magro e de seu presente cabelo negro com mechas jogadas para os lados. No passado, penso no seu cabelo ser um corte no estilo que os membros do Beatles usavam nos anos 60, acompanhado do seu rosto mais jovem e sem nenhuma marca de expressão também. Eu me apaixonaria por ele jovem facilmente.

Diante dessa meu pensamento, eu ri sincero sobre mim mesmo. Eu estava gostando mesmo de um mini Gerard? De fato estou.

— E o seu pai? — sorria de lado, e os carros na frente começaram a tomar um caminho, tirando do engarrafamento.

— Ah, ele nunca me permitiu ousar a usar o carro dele depois do acidente. — murmurou, perdido nas memórias parecendo melancólico.

Gerard gesticulou para o lado da sua janela, após minutos de silêncio entre nós. Ele apontou para o bar gay fechado, onde nos encontramos pela primeira vez. O que me lembrou dele comentar que morava perto, e logo disse que não demoraria muito a chegar na sua residência.

Por fim, chegamos na sua pequena casa e aos lados havia edifícios médios. Achei engraçado essa comparação. Uma pequena casa com a pintura amarela descascando e de arquitetura antiga e ao redor dos edifícios modernos. Julgaria que o local moravam um casal de velhos, mas não, era Gerard que morava.

Estacionei a Pansy, e saí logo pegando as sacolas de compras do Gerard. Mesmo ele não deixando levar uma que ele pegara, alegando que eu carregaria muito peso. Queira que ele não levasse nada, eu não havia me esquecido que ele teve uma noite nada boa e é por isso do motivo da sua exaustão.

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