PARTE 4 (final)
Glória sumia de pouquinho a pouquinho. Do homem desmanchar a maquiagem com o lenço úmido, de retirar a peruca castanho escuro longa e, finalmente, libertar seu cabelo negro perfeitamente natural. A descer lento sobre o corpo, o vestido longo vermelho com a fenda que pudesse ver sua perna, substituído por suas roupas comuns do seu dia a dia e trocava do salto alto pelo seu tênis gastos.
Facilmente Gerard apreciava esse ritual, seja quando transformava em Glória ou voltava a ser Gerard.
Ele estava cansado pela noite de hoje, e como desejava chegar em casa e dormir por horas na sua cama quentinha. Riu baixinho, percebendo o quão ansioso queria a sua cama.
Ao fechar da porta do camarim, abanava sua jaqueta por força do hábito, não tinha nada de poeira ou sujeira pregada ali. E perambulou pelo corredor até chegar na área do bar, observando a pista de pessoas entretidas no seu próprio mundo, e desviou para o balcão, onde Carmen e Bert estavam.
Carmen ria de algo que Bert dissera, reclamando provavelmente de a casa estar cheia e não ter tempo de nem sequer respirar direito, pois já saía para atender outro cliente. Diante disso, se aproximou do amigo mais velho, que cessava o riso após ver sua movimentação e logo sorria.
— Já vai, querido? — perguntou, pegando o seu coquetel de frutas e a bebendo.
Olhou para aquilo, de Carmen parecer a esposa de um magnata de respeito, a se vestir de uma saia colada pelos joelhos e a blusa de babados na cor roxa e da sapatilha. Seu cabelo loiro de ondulações, com a maquiagem que destacava os seus olhos. Carmen estava deslumbrante, não seria uma surpresa que, para Gerard, era sua maior inspiração.
— Sim. — respondeu — Sabe que não gosto de ficar muito tempo por aqui. — jogou sua mão no ar, sinalizando o bar ao todo.
O mais velho assentiu, ciente do que ele falava.
— Se cuide, viu? Tome cuidado no caminho de casa. — ao ouvir isso, fez quase Gerard revirar os olhos pela preocupação, mas adorava a ternura do Carmen dizendo mesmo assim — Sinto que Bert nem poderá se despedir propriamente. Ocupado demais. — apontou risonho pela cabeça o Bert em um canto afastado do balcão, em que seu semblante raivoso tinha a grande chance de estar xingando para terem paciência nos pedidos.
— Então o despeça por mim. — comentou num bom humor, não deixando de questionar em um instante de como não arrumava outro barman para cobrir junto ao Bert.
— Pode deixar. — assegurou Carmen, pleno.
Logo após isso, Gerard se despediu do amigo e perambulou a esquivar das pessoas na pista até a saída do bar, recebendo a noite contra a sua pele ao pousar na calçada frente ao estabelecimento.
E desejou um cigarro pelo anseio da nicotina nos seus pulmões e, em segundos, pegava o maço dos cigarros guardado no bolso da jaqueta junto ao isqueiro. Agora, com o filtro posto nos seus lábios, acendia para aquecer a leve brisa da noite. Deveria parar de fumar, aquilo resultaria apenas o mal nos seus pulmões, pensou ele. Mas a verdade é que não pretendia sair tão rápido pelo alívio que trazia.
Guardou de volta o maço e o isqueiro no bolso em uma mão livre enquanto a outra segurava o cigarro a tragar lentamente, soltando a fumaça logo depois. Diante disso, Gerard começou a caminhar totalmente distraído, concentrado no seu ato de fumar e no pensamento de ir em casa.
E cada passo que ele dava, naquela mesma rua do bar, a querer virar numa esquina que serve de sua rota. Rapidamente, escuta uma voz o chamando.
Foi o bastante para o paralisar em um instante. Aquele chamado saiu com tanta urgência e necessidade que parecia contraditório, sendo justa a voz familiar que ouvira. Tem que ser uma ilusão dele ao ouvir de repente. E a pessoa que o chamou estava próxima, pelo que ele percebeu, estando atrás de suas costas.
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Hero
FanfictionEm 1985, Frank passa a ter uma nova vida, morando em New York, no Brooklyn. Estava indo bem no novo estilo de vida, mas ele notou algo de diferente sobre si. Frank gostava de homens e, até então, para ele, pensava que só era aberto para mulheres. Ne...