Capítulo XIV - Helpless, Afraid

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PARTE 4 (final)

Glória sumia de pouquinho a pouquinho. Do homem desmanchar a maquiagem com o lenço úmido, de retirar a peruca castanho escuro longa e, finalmente, libertar seu cabelo negro perfeitamente natural. A descer lento sobre o corpo, o vestido longo vermelho com a fenda que pudesse ver sua perna, substituído por suas roupas comuns do seu dia a dia e trocava do salto alto pelo seu tênis gastos.

Facilmente Gerard apreciava esse ritual, seja quando transformava em Glória ou voltava a ser Gerard.

Ele estava cansado pela noite de hoje, e como desejava chegar em casa e dormir por horas na sua cama quentinha. Riu baixinho, percebendo o quão ansioso queria a sua cama.

Ao fechar da porta do camarim, abanava sua jaqueta por força do hábito, não tinha nada de poeira ou sujeira pregada ali. E perambulou pelo corredor até chegar na área do bar, observando a pista de pessoas entretidas no seu próprio mundo, e desviou para o balcão, onde Carmen e Bert estavam.

Carmen ria de algo que Bert dissera, reclamando provavelmente de a casa estar cheia e não ter tempo de nem sequer respirar direito, pois já saía para atender outro cliente. Diante disso, se aproximou do amigo mais velho, que cessava o riso após ver sua movimentação e logo sorria.

— Já vai, querido? — perguntou, pegando o seu coquetel de frutas e a bebendo.

Olhou para aquilo, de Carmen parecer a esposa de um magnata de respeito, a se vestir de uma saia colada pelos joelhos e a blusa de babados na cor roxa e da sapatilha. Seu cabelo loiro de ondulações, com a maquiagem que destacava os seus olhos. Carmen estava deslumbrante, não seria uma surpresa que, para Gerard, era sua maior inspiração.

— Sim. — respondeu — Sabe que não gosto de ficar muito tempo por aqui. — jogou sua mão no ar, sinalizando o bar ao todo.

O mais velho assentiu, ciente do que ele falava.

— Se cuide, viu? Tome cuidado no caminho de casa. — ao ouvir isso, fez quase Gerard revirar os olhos pela preocupação, mas adorava a ternura do Carmen dizendo mesmo assim — Sinto que Bert nem poderá se despedir propriamente. Ocupado demais. — apontou risonho pela cabeça o Bert em um canto afastado do balcão, em que seu semblante raivoso tinha a grande chance de estar xingando para terem paciência nos pedidos.

— Então o despeça por mim. — comentou num bom humor, não deixando de questionar em um instante de como não arrumava outro barman para cobrir junto ao Bert.

— Pode deixar. — assegurou Carmen, pleno.

Logo após isso, Gerard se despediu do amigo e perambulou a esquivar das pessoas na pista até a saída do bar, recebendo a noite contra a sua pele ao pousar na calçada frente ao estabelecimento.

E desejou um cigarro pelo anseio da nicotina nos seus pulmões e, em segundos, pegava o maço dos cigarros guardado no bolso da jaqueta junto ao isqueiro. Agora, com o filtro posto nos seus lábios, acendia para aquecer a leve brisa da noite. Deveria parar de fumar, aquilo resultaria apenas o mal nos seus pulmões, pensou ele. Mas a verdade é que não pretendia sair tão rápido pelo alívio que trazia.

Guardou de volta o maço e o isqueiro no bolso em uma mão livre enquanto a outra segurava o cigarro a tragar lentamente, soltando a fumaça logo depois. Diante disso, Gerard começou a caminhar totalmente distraído, concentrado no seu ato de fumar e no pensamento de ir em casa.

E cada passo que ele dava, naquela mesma rua do bar, a querer virar numa esquina que serve de sua rota. Rapidamente, escuta uma voz o chamando.

Foi o bastante para o paralisar em um instante. Aquele chamado saiu com tanta urgência e necessidade que parecia contraditório, sendo justa a voz familiar que ouvira. Tem que ser uma ilusão dele ao ouvir de repente. E a pessoa que o chamou estava próxima, pelo que ele percebeu, estando atrás de suas costas.

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⏰ Última atualização: Sep 20 ⏰

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