Capítulo X - Weakened Flames

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Estávamos parados, e Gerard mexia os seus dedos com a vergonha sobre si. No mesmo momento em que eu observava ele, pude perceber que não era o único envergonhado nesse recinto. Porque, é claro, acabamos de confessar que gostávamos um do outro.

Não era um “eu te amo”, mas é algo perto dessas palavras. E para alguém que está apenas começando a sentir borboletas no estômago, é a melhor coisa a ser ouvida com a pessoa de quem você gosta.

Neste instante, ele enrugou o nariz, fazendo uma leve careta. O que foi deveras engraçado.

— Qual é o problema? — perguntei, tentando ao máximo não mostrar um sorriso de divertimento.

— Preciso de um banho. — esfregava a mão na região da nuca — Estou fedendo. — admitiu sem graça. 

Infelizmente, acabei rindo após sua fala, e o que recebo é um revirar de olhos do Gerard, mas ele não estava ofendido, pois lançava um sorriso pequeno na minha direção.

Em pouco tempo, ele perambulou para um corredor, e hesitante, parou, se virando para me observar.

— Poderia me esperar até o meu banho? Devo explicações melhores para você... Não quero fazer isso nesse estado. — comentou receoso.

Disse nada, apenas confirmei que sim. Daria o tempo que precisasse para Gerard, sei que o assunto a ser comentado é sensível para ele.

Então logo, ele some pelo corredor, fazendo-me ficar sozinho na sala. E atentei a olhar aos redores como alguém que não quer nada, mas parei naquelas garrafas vazias de cerveja e os medicamentos.

Eu vi uma pequena parcela da sua recaída, e já desejava que isso não ocorresse mais com ele. Mesmo que seja provável acontecer futuramente, ao menos, tentaria ficar ao seu lado se tivesse tendo mais uma crise.

Suspirei sensível, pegando as garrafas deixadas no canto do sofá com intenção de jogá-las fora. Lembro que tinha uma lata de lixo fora de casa, e não custaria nada dar uma ajuda para Gerard na bagunça. Então, faço a mágica de segurar todas as garrafas com os meus braços; e se Gerard voltasse do banho, me vendo assim, provavelmente soltaria um comentário com um sorriso travesso que me deixaria nervoso.

Assim feito, abrindo a porta com as mãos livres, fico sem saber o que fazer a seguir, podendo nem cogitar mexer nos medicamentos dele, e eu não faria. Portanto, contento-me em sentar no seu sofá, à sua espera, deixando meus pensamentos me consumirem.

Gerard tem Aids.

E perguntas repassavam na minha cabeça, e todas só seriam sanadas se Gerard me contasse. Havia uma coisa importante a ser perguntada também, algo que nem me lembrava até nesse instante por ver uma vez na matéria do jornal meses atrás.

Sem demora, escuto passos pelo corredor, assim, me inclino naquela direção quando Gerard surge ao mexer do seu cabelo úmido com as próprias mãos.

E ele se vestia de uma camiseta básica preta e usava um short camuflado. Do seu short, era curto o bastante para ver suas pernas totalmente despidas, e sentia meu interior dar cambalhotas com a visão que estava tendo, porém, tive que ignorar após ver Gerard vermelho dessa minha observação.

— Onde está? — apontou para o vazio do sofá, onde estariam as garrafas, confuso.

— Joguei fora. Se for um incômodo ter feito isso... — acariciava a barba rala que começava a crescer, um tanto nervoso.

Mas ele sorriu, negando com o balançar da cabeça, e logo veio para o caminho ao meu lado, e sentou-se no sofá. E por fim, ele me olhava, esperando alguma coisa vindo de mim.

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