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Nathaniel tinha cinco anos quando foi abusado pela primeira vez.
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Nathaniel estava sentado na cama de sua mãe, enquanto encarava ela tratando de seus próprios machucados.
— Mamãe? — Chamou o ruivo, segurando Lulu nos braços. Sua mãe não desviou o olhar do espelho, enquanto passava uma maquiagem em seu rosto para disfarçar o roxo – Quase preto – que se instalava no rosto de sua mãe.
Como ela não respondeu, Nathaniel continuou. — Onde você e o papai estão indo? — Perguntou o pequeno, olhando curioso para sua mãe.
Ela suspirou e encarou Nathaniel pelo espelho, ele se encolheu no mesmo instante.
Sua mãe sempre o olhava com um semblante irritado no rosto, uma careta se formava sempre que tinha que se dirigir a palavra ao seu filho.
Como se ela sentisse nojo.
— Vamos para um restaurante. — Num instante ela deu um sorriso apaixonado no rosto. — Seu pai disse que queria me fazer uma surpresa já que eu estou muito desanimada ultimamente.
Nathaniel parou para pensar por alguns segundos, ele nunca tinha saído dessa casa, nunca tinha tido contato com outros seres vivos a não ser do círculo pessoal de seu pai.
— Eu posso ir? — Pulou da cama animado, indo direto para o lado de sua mãe, a olhando com expectativa em seus olhos.
Mary fechou a cara na hora.
— Claro que não! — Bateu o pé irritada, como uma criança. — Finalmente tenho um tempo com meu querido e você quer roubar até isso de mim? Já não basta ter roubado toda a felicidade dessa casa? Saia daqui antes que eu perca a paciência. — Cuspiu todas aquelas palavras em Nathaniel, que sentiu os olhos encherem d'água enquanto saia correndo do quarto com Lulu em suas mãos.
Nathaniel não chorava, ele tinha prometido a si mesmo.
Ele só chorava enquanto estava sendo machucado por alguém.
Oque era frequente.
Ele correu e correu até esbarrar em alguma coisa, caindo no chão.
Ele olhou para cima e viu seu pai, o medo começou a consumi-lo de dentro para fora, o pavor nos olhos de Nathaniel davam para ser visto de longe, Nathan deu um sorriso para seu filho.
Nathaniel se levantou devagar, apertando seu ursinho nos braços, não olhou para seu pai nos olhos, manteve sua cabeça baixa, esperando o golpe vir como sempre.
A regra era clara, Nathaniel não podia olhar nos olhos de seu pai até que o mesmo desse permissão.
— Não se preocupe Nathaniel, não vamos brincar hoje. — O alívio cobriu todos os ossos de Nathaniel, segurou um suspiro que ameaçava vir. — Eu e Mary vamos sair, sua tia Lola e seu tio Jack irão cuidar de você até que cheguemos.
Nathaniel sentiu um desconforto cobrir seu corpo todo, mas não discutiu – Ele não era louco de fazer isso – E apenas concordou com a cabeça.
Nathan se afastou de Nathaniel, dando a volta por ele e indo em direção ao quarto de Mary, onde ele estava lá a alguns minutos atrás.
Nathaniel olhou para o corredor de canto, suspirando pesadamente quando viu que seu pai já tinha desaparecido entre os quartos.
Saiu correndo até seu quarto, fechou a porta atrás de si e pulou na cama, abraçando Lulu.