Capítulo 7

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P.O.V Regina

Eu confesso que me diverti muito nesse jantar, vendo toda aquela situação estranha e engraçada com a mãe da Cady, e também da Cady conseguir juntar dois grupos completamente distintos em um mesmo ambiente, inclusive eu e a Janis.
Falando nela, ainda ecoa pela minha mente a nossa conversa. Janis ainda tem o mesmo humor de sempre, e eu meio que senti falta disso por um milésimo de segundo enquanto conversávamos, é estranho.
Um pouco antes de eu ir embora, Janis conversou com a Cady sobre uma garota chamada Riley, eu notei que ela estava animada, tipo, muito animada. E apenas por mera curiosidade, eu decido perguntar para a Cady.

- Quem é Riley? -Eu questiono, me esforçando para parecer o mais indiferente possível.
- Ah, Riley e uma garota que Janis conheceu recentemente, no baile. -Cady franze a testa por um momento, talvez surpresa com a minha pergunta.
- Ah, entendi. -Eu murmuro, minha voz soa mais fria do que eu pretendia dizer.

Meu ego está ferido? Até hoje eu havia visto a Janis se interessar somente por uma pessoa: eu. Acho que nunca imaginei ela realmente saindo com uma garota, durante esses anos eu me acostumei a ver ela cruzar para o outro lado do corredor quando eu me aproximava, e sempre ficar ao lado do Damian, mas agora ela tá saindo mais cedo da casa da sua melhor amiga, para ir encontrar uma garota.
Cady ainda está me encarando, mas eu acabei não notando até agora.

- É bom ver a Janis finalmente se abrindo para pessoas, né? -Cady diz, ela parece querer aliviar o clima.
- É, tanto faz, eu não ligo. -Eu dou um sorriso forçado, mas falo de maneira calma e sutil.

Eu me despeço da Cady e do Aaron, ele ainda soa frio comigo. Levo as meninas para as suas casas e vou para a minha.

[...]

  Eu me movo pelo meu quarto, retirando da sacola as coisas que comprei hoje, deixando para trás os pensamentos agitados do dia enquanto me preparo para a minha rotina noturna. Vou ao banheiro do meu quarto, começo a desfazer as camadas de maquiagem que usei durante o dia, deixando minha pele respirar livremente. Massageio gentilmente meu rosto com um removedor de maquiagem suave, meus poros agradecem. Pego um frasco de creme hidratante e começo a massageá-lo em minha pele, sentindo a umidade luxuosa penetrar profundamente na minha pele.
Eu me jogo em minha cama, podendo finalmente relaxar com o meu próprio perfume do hidratante. Fico de barriga pra cima, de olhos fechados e viajando nos meus pensamentos. Hoje foi um dos melhores dias que eu tive, preciso admitir que eu gosto da ideia de sair um pouco da minha realidade quando eu todo mundo ali, incluindo Janis.

[...]

A manhã começou com tensa quando me deparo com o texto emocionalmente carregado que minha mãe postou no Instagram, mais uma vez revivendo o trauma do acidente de ônibus. Com um suspiro frustrado, desço as escadas e entro na cozinha, pronta para expressar minha indignação.

- VOCÊ NÃO PODE SIMPLESMENTE PARAR DE TRAZER O PASSADO Á TONA? -Eu grito, não queria que o meu tom de voz soasse tão alto, mas apenas escapou. - Toda vez que você sente vontade você posta, republica ou curte alguma coisa que fala sobre isso. Eu estou tentando seguir em frente, e você não deixa! -Eu digo, é nítido a raiva e frustração em meus olhos.
- Regina, as pessoas me seguem justamente pra saberem sobre isso. Eu estou apenas tentando dar forças para pais e mães que também passam por isso. -Minha mãe diz, ela coloca o seu suco verde ao lado.
- VOCÊ NÃO PASSA, MÃE! Eu estou bem, eu não tenho fraturas, eu não tô em uma cama de hospital, eu não tenho sequelas. -Novamente eu grito e ranjo os dentes.

A discussão se desenrolou em um amontoado de acusações e ressentimentos, mas no final, eu estava furiosa e decidida a sair para espairecer. Amarrei meus tênis e saí pela porta, geralmente eu correria na esteira dentro de casa, mas eu preciso mesmo sair daqui.
Eu não sou fã de corrida, mas acabei entendendo que isso realmente ajuda com a ansiedade e nervosismo depois de fazer por muito tempo.
Eu corro por cerca de meia hora pelo bairro até que decido parar em uma cafeteria para pedir um chá ou algo assim. Eu entro na fila, ainda estou com raiva, mas agora isso não parece importar tanto.
Enquanto espero na fila, meus olhos se fixam em uma figura familiar sentada em uma das mesas, concentrada em seu trabalho artístico. Janis.
Eu pego o meu copo de chá descartável, vou caminhando devagar pela cafeteria, não consigo conciliar meus pensamentos e o meu corpo. Eu penso em dar a volta e sair daqui, mas o meu corpo segue em direção a Janis. Ela está costurando algo, concentrada, tomando o seu típico chocolate-quente.

- Oi. -Falo, minha voz sai fria e autoritária.
- Oi, Regina. -Janis me olha, ela permanece com o mesmo olhar da festa e do jantar: desconfiada. - O que faz aqui?
- Longa história. O que está desenhando? -Pergunto, eu ainda estou em pé na frente da mesa dela.
- Um retrato da Riley, uma garota que conheci recentemente. -Janis fala, é notável o pequeno sorriso se formando no canto da sua boca.
- Ah, ok. -Eu finalizo. - Vocês estão juntas ou algo assim?
- Algo assim. -Ela diz, mas agora parece seca, como quem não quer falar sobre isso.
- Algo assim, entendi. -Falo, quase no mesmo tom que o dela.

Janis me olha por alguns segundos, eu bebo um pouco do meu chá e a observo da mesma maneira. Ela parece querer me ler ou coisa assim.

- Por que falou desse jeito? -Janis perguntou, agora ela parece brava.
- Assim como?! -Eu questiono de volta.
- "Algo assim". -Ela imita a forma como eu falei, mas de um jeito bem mais irritante.
- Você literalmente falou isso, eu só concordei. -Arqueio as minhas sobrancelhas, Janis mexeu comigo na hora errada. - Tá obcecada com o que eu tô pensando?

Janis da aquele sorriso de como quem diz "é, eu sabia que você iria fazer isso de novo". Ela coloca a peça que está costurando em cima da mesa, cruza as mãos e me encara por algum tempo.

- Nem tudo é sobre você, Regina George. -Ela diz, friamente. - Nem tudo gira em torno de você, sabe? As pessoas têm as suas próprias vidas, relacionamentos, e nem por isso pensam em você.

Meu coração esquenta nesse momento, sinto as palavras de Cady mais fortes do que elas realmente poderiam soar. Sinto as minhas emoções se juntarem como uma espécie de bola de neve no meu peito. Por um lado, eu sou o centro do universo dessa obsessão da minha mãe em likes, e do outro, Janis me ataca por nada, falando coisas que ela sequer sabe.

- Sua obsessão por mim foi mais relevante do que o seu "algo assim" de agora, Janis. -Eu falo, a cada palavra dita eu me arrependia mais.

Percebi Janis ficar desnorteada, como quem está recalculando a sua rota. Eu me arrependi no momento que falei essa maldita frase pra ela, porque sei como isso a deixou traumatizada por anos. Mas saiu, só saiu.
Eu não me despeço dela ou coisa do tipo, apenas saio da cafeteria com o meu café. Minha cabeça pesa muito mais do que antes agora, eu vou caminhando pra casa, e não demora muito para eu começar a receber mensagens de texto da Cady falando que está decepcionada comigo.
O que está acontecendo comigo? Eu não falei aquilo realmente para machucar a Janis, mas de alguma forma o meu ego ficou tão ferido. Eu preciso consertar essa merda.

Enemies to Lovers - Mean GirlsOnde histórias criam vida. Descubra agora