Capítulo 18 - Encontro de escorpiões - Parte II

74 7 11
                                    


"Se for acender o fósforo, deve se preparar para lidar com as chamas." - Lex Luthor


Base do D.O.E – sala de interrogatório – 11 horas da manhã.

Há quem diga que os Luthors são como escorpiões: quando se sentem ameaçados eles atacam. Por esse motivo, agir com astúcia, manipulação e muitas vezes até mesmo crueldade, são traços marcantes na natureza de um escorpião. Como uma boa Luthor, Lena deveria aprender desde cedo a como se portar e Lillian sua mãe adotiva, sempre fez questão para que ela compreendesse desde cedo o que era fazer parte da família.

No curto caminho até a sala de interrogatório, Lena passou a recordar-se de uma das memórias mais marcantes que construiu ainda na infância, logo assim que chegou à Mansão dos Luthors. Era uma noite sombria, chovia muito forte e seu pequeno coraçãozinho estava transbordando de saudades de sua querida mãe biológica: Elizabeth Walsh. A pobre menina de apenas 4 anos estava tão assustada, seu corpo pequenino exalava medo e fora ali naquele momento que ela provou pela primeira vez o sabor amargo do abandono.

Contrariamente ao que se possa imaginar, sua recepção aquela nova família, foi insípida e descaracterizada de qualquer gesto de afeição, pelo menos da parte dos adultos, em especial a matriarca da família. 

Apesar disso, a pior parte daquela longa noite, deu-se na hora de dormir. O quarto atual era um lugar completamente diferente de seu antigo quarto, aquele em que ela costumava a dividir com a mãe. Era infinitamente maior e mais luxuoso, havia uma cama de dossel só para ela, porém era totalmente desprovido de aconchego e calor humano.

Absolutamente nada naquele ambiente lhe remetia à ideia de um lar. E então, a pequena Lena Luthor chorou agarrada ao seu ursinho preferido, o pequeno Larry, presente de sua mãe. Naquela ocasião, o choro da criança, foi notado na casa. Lex Luthor, era apenas um adolescente de 14 anos que havia ficado encantado com a garotinha, ao perceber o choro, resolveu intervir, porém foi parado por Lillian, que deixou claro que cuidaria pessoalmente do ocorrido.

Mal sabia a pequena Lena Luthor, mas naquela noite, Lillian lhe ensinaria sua primeira lição:

Mansão Luthor 24 anos atrás

Encolhida embaixo dos cobertores, a pequena Lena chorava com saudades de sua mãe. Aquela seria a primeira noite longe dela e as imagens da morte da mulher que mais amava no mundo, ainda estavam vívidas em sua mente. 

Embora fosse muito inocente para entender certos sentimentos, a garotinha esperta, já havia abraçado a ideia de que daquele momento em diante sua vida mudaria drasticamente. Era uma dura realidade, dolorosa demais para qualquer pessoa suportar, mas a pequena Lena, ainda que frágil pelo tamanho infantil, era sem dúvidas, uma sobrevivente.

Do lado de fora do quarto, Lillian ouvia o choramingar da garota. Logo ela que sempre havia sonhado em ser mãe de uma menina, teria que se adaptar a ideia de cuidar da filha da amante de seu marido, Lionel Luthor. Para uma mulher como ela, seria uma grande humilhação. Ela se sentia traída em sua dignidade como mulher, simplesmente trocada, mesmo após anos de dedicação a um casamento que há muito tempo já estava falido.

A primeira vez em que soube da existência da garota, foi um baque enorme. A sensação amarga de ser deixada para trás a atingiu como um soco forte na boca do estômago. Aquela dor aguda, seguida por aquela típica acidez de um refluxo forte, causando-lhe ainda enjoo e distensão abdominal. Aquele velho refluxo de quem tem muito a digerir, em sua grande maioria, situações desagradáveis e tão amargas quanto o fel.

InterdimensionalOnde histórias criam vida. Descubra agora