Capítulo 12 - O caminho da verdade - Parte II

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"A verdade é mais poderosa que a espada. "

Robert Fisher – O cavaleiro preso na armadura.


Medo e dúvida, me consumiam nesse momento. Em toda a minha existência, essa era a primeira vez que eu me sentia confrontada a respeito das minhas reais motivações. Com medo de encará-la, tive que fechar os olhos, na falsa ilusão de que essa angustia que tanto me atormentava passasse. Infelizmente, o silêncio que se instalou entre nós era tão desagradável e nauseante, que toda minha pele se arrepiou. 

Lena estava me encarando, eu podia sentir os seus olhos sobre mim, como uma brasa ardente, queimando a minha pele. De repente, senti minha respiração ficar pesada, meu coração estava batendo tão descompassado. Eu estava a ponto de colapsar de tanta agonia, e certamente o teria feito, se não fosse uma alienígena com superpoderes.

Em meio a toda essa bagunça que estavam os meus pensamentos, tive a sensação de ser transportada para um lugar bastante conhecido por mim. Era como estar de volta a meu tão amado Krypton. Para ser mais exata, eu estava em um distante continente ao sul, do outro lado do oceano, no qual só era possível ir através de aeronaves. 

Meu pai, Zor-El, como bom geólogo que era, costumava vir a esse lugar para estudar a atividade sísmica dos vulcões que haviam na redondeza. A fumaça e os gases sulfurosos estavam em ebulição no ar, enquanto havia poços borbulhantes que ferviam à minha volta. Era possível, sentir as brisas quentes soprarem em meus cabelos, emaranhando-os de forma irregular em torno do meu rosto. Devido a temperatura elevada, meus olhos estavam vermelhos e ardiam, enquanto a fumaça e a areia manchavam minha pele.

Foi então que minha mente fértil recriou imagens de uma batalha colossal, na qual eu, uma das pessoas mais poderosas do universo, travava uma luta sangrenta contra um ser bestial e tenebroso. Para ser mais exata, era um Hrakka. Os Hrakkas, eram uma espécie de lagartos de pele negra, oriundos do continente selvagem no Sul de Krypton. 

A besta possuía chifres e espinhos ao longo de seu corpo, além de, escamas de ébano e cristas escarlates na cabeça. Por natureza, eram criaturas extremamente violentas, acostumadas a caçar e estripar suas próprias presas. A fera a minha frente, emitia um odor gorduroso proveniente de suas glândulas almiscaradas, localizadas atrás de sua poderosa mandíbula. Ao observar com mais atenção, pude constatar que estava invadindo seu habitat natural.

Diferente do que vocês possam imaginar, eu, Kara Zor-EL, a última filha de Krypton, estava em maus lençóis. O medo me congelou e ali, de volta ao meu planeta, eu estava completamente à mercê dos perigos e ataques daquele ser bestial. Eu já não era mais a Supergirl. Na verdade, eu era tão humana e indefesa, como qualquer outra pessoa da face da Terra. 

Enquanto eu tentava inutilmente me desviar de seus ataques, senti que a criatura me encarava. Seu olhar era muito assustador e perverso. Tenho certeza que ele já devia ter percebido a minha presença e o quanto eu estava apavorada. Estar com medo, nessa situação, seria o mesmo que dizer que o fogo era quente, e por falar em fogo, quase fui completamente incinerada pela rajada de lava escaldante emitida por um gêiser que havia no local.

— Ora, ora! Temos um ratinho medroso aqui! — o hrakka bradou com sua voz bestial. Seu timbre era tão horripilante, que senti imediatamente minhas pernas tremerem, o que não passou despercebido por ele. — Eu sinto o cheiro do seu medo, Kara Zor-El! Você não passa de um ratinho covarde!

— Co...mo...como sabe o meu nome? — gaguejei de forma ridícula.

De repente, uma gargalhada espantosa se fez presente. A besta desdenhava da minha desgraça.

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