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Yasmim

Encarava o soro caindo na minha veia como se eu tivesse poderes e a qualquer momento não irei ter mais aquele líquido caindo.

Bufei frustrada e impaciente.
Não aguentava mais ficar deitada nesse cama, principalmente nesse hospital e com essa agulha em mim.

O que mais me deixava angustiada era essa agulha

— Mãe, e aí, como ele tá ? - Perguntei, pela sexta vez.

Malu: Ele está indo para o quarto agora meu amor, provavelmente só acordará amanhã. - Concordei cabisbaixa.

E foram longos minutos esperando os últimos pingos do soro caindo.

Observei a última gota de soro cair sobre minha veia e sorri aliviada. Logo em seguida a médica entrou, caminhando até mim

- Como se sente, querida ? - A senhora de idade perguntou; com um sorriso alegre.

— To bem.. - Sorri

- Vamos tirar essa agulha daí e tá liberada!  - Observei ela por uma luva nas mãos e começar que mexer na agulha que estava no meu braço.

Senti um alívio assim que a mesma tirou a agulha, colocando em uma bandeja de metal.
A senhora pois um curativo de Barbie, e me olhou rindo

- Gostou do seu curativo ?

— Eu adorei ! - Dei uma leve risadinha

— Bom, não se esqueça de se alimentar direitinho dona Yasmim. - Concordei - Estão liberadas.

Me levantei da cama e calcei meus sapatos, logo em seguida saindo do quarto

Malu: Partiu casinha e amanhã viremos aqui ver Igor - Apenas balancei a cabeça.

[...]

Me joguei na cama de toalha no corpo e no cabelo.
O alívio que é você se jogar na sua cama depois de um dia cheio e cansativo não tem explicação pro quão perfeito é.

Quando era mais nova, na fase dos 14 anos eu tinha uma melhor amiga.. A Aline, era uma menina perfeita, por onde passava contagiava o ambiente.

Era eu, ela, Igor, Kaue e Jn.
O 5 palhaços da escola.

Ela namorou Jn, por isso hoje ele é mais fechado quando o assunto é amor. Tem medo de se apaixonar e a mesma coisa acontecer, ele tem trauma.

Aline tinha alguns problemas com a saúde, e acaba que de 4 em 4 meses tinha que tirar exame de sangue. Eu sempre ia com ela, éramos como carne e unha.

Me lembro que já tinha dados os 4 meses, e era um dia normal, fomos tirar o exame de sangue e eu sempre entrava na sala com ela pra dar forças, ela morria de medo de agulhas..

Me lembro que a médica tinha errado cinco vezes a agulha, e iria furar ela pela sexta vez.

E foi quando de repente, Aline começou a ter uma crise no meio da sala, começou a se tremer, ficar com falta de ar e a espumar pela boca.

Entrei em desespero no meio da sala, e rapidamente a moça correu pra chamar ajuda.. Mas foi tarde, Aline faleceu na minha frente, segurando nas minhas mãos..

Foi uma dor inexplicável, quase entrei em depressão.
Ficava só trancada dentro do quarto, não saía pra lugar algum.

E as memórias sempre viam pra mim, ela morrendo na minha frente, segurando minha mão e tentando não me olhar. Pra mim não ver aquela cena.

E foi por isso que, Igor saiu do Brasil.
O mesmo não conseguia ficar por aqui e não ter lembranças dela..

Jn ficava trancado no quarto, sempre chorando.. no dia eles brigaram, não conseguiram se despedir.
E também por pouco não entrou na depressão.

Kaue foi difícil de superar também, era sempre chorando pelos cantos. Graças a Deus ele não teve uma quase depressão

Eu sempre tento não lembrar daquela cena, porque a única cena que eu quero lembrar dela é ela sorrindo, brincando..

Sobre nós [2]Onde histórias criam vida. Descubra agora