Capítulo 7

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Lena deu um passo para trás, estudando a pirâmide de caixas com olhar crítico. Depois de muita deliberação, ela deu uma cutucada suave no de cima. Um segundo depois, ela empurrou-o de volta para onde havia começado e suspirou.

Absolutamente nada dependia dela para centralizar perfeitamente a caixa. Dado que Nia estava de ressaca, Sam estava mandando mensagens de texto para o namorado e nenhum cliente havia passado pelo estande em pelo menos vinte minutos, era seguro dizer que ninguém notaria, muito menos se importaria, com a aparência da vitrine. Mas isso deu a Lena algo para fazer.

Algo que não fosse enlouquecer enquanto analisava demais o que diabos ela estava pensando ao beijar a vaqueira gostosa na noite anterior. Lena já tinha feito isso o suficiente. Ela passou o que pareceram anos tentando encontrar uma razão para seu comportamento maluco, mas não conseguiu entendê-lo. Tudo o que ela sabia era que, em uma escala de um a dez, baseada em todos os beijos que ela já havia experimentado, aquele obteve nota quinze, facilmente.

Nia levantou-se e espreguiçou-se, os olhos enrugados de uma forma que sugeria que os efeitos colaterais da festa ainda a acompanhavam. "Estou morrendo de fome. Alguém quer fazer uma pausa e ver as amostras comigo?"

O estômago de Lena revirou à menção de comida. Já era tarde e ela não tinha comido nada desde o café da manhã, mas a perspectiva de enfiar uma miscelânea de amostras de vendedores de alimentos na goela abaixo a deixou enjoada. "Estou bem por enquanto. E você, Sam?"

"Eu não me importaria de fazer uma pausa." Sem precisar ser perguntada duas vezes, Sam já estava em pé e guardando o telefone na bolsa. "Podemos estar de volta em trinta minutos para que você possa ir também."

"Podem ficar uma hora", disse Lena. "Duvido que haja um grande público para ver materiais de embalagem de papelão até lá."

"Tem certeza?" Nia perguntou. "Já estará quase na hora de sair e você não terá muito tempo para explorar a exposição."

"Ainda tem amanhã", respondeu Lena, pressionando discretamente a mão na barriga e rezando para que talvez desta vez sua ansiedade sempre presente diminuísse. Não aconteceu. Foi isso que aconteceu quando você saiu para passear por Las Vegas, beijando as pessoas querendo ou não. Mesmo agora, a lembrança daquele beijo queimava seus lábios de uma forma que eclipsava todo desejo por comida. "Vocês duas vão e se divertem."

"Tudo bem", Sam concordou. "Ainda vamos jantar hoje à noite, certo?"

"Não aquele lugar de cem dólares", disse Lena balançando a cabeça.

"Definitivamente não", Nia interrompeu. "Não depois da noite que tive nas mesas de pôquer."

"Iremos para algum lugar mais barato", prometeu Sam. "Meu tempo no cassino esta manhã também me arrasou."

"Quanto mais barato, melhor." Lena ainda tinha na carteira os ganhos que havia sacado na noite anterior, mas não estava disposta a gastá-los. Ela pode ter perdido alguns dos sentidos nas últimas vinte e quatro horas, mas não todos.

Foi só depois que seus colegas de trabalho se afastaram que Lena percebeu a desvantagem de ficar para trás. Ela estava sozinha com seus pensamentos. Não importa o quanto ela tentasse, esses pensamentos sempre voltavam para uma coisa.

Kara.

Mais especificamente, os lábios de Kara e como Lena os encontrou pressionados contra os seus, no que Lena estaria mentindo se dissesse que não foi o beijo mais incrível e sensual que já aconteceu na história.

Lena já se sentira atraída por uma mulher antes? Não particularmente. Ela nunca foi do tipo que jura que isso não poderia acontecer, mas também nunca esperou que acontecesse. Se ela fosse um tipo diferente de pessoa, Lena poderia ter culpado o rum. Ela era honesta por natureza e, ocasionalmente, consigo mesma. Ceder à tentação de beijar Kara pode ter sido influenciado pelo álcool, mas o desejo de fazê-lo existia mesmo quando ela estava totalmente sóbria.

KARLENA - Viagens&EmoçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora