Capítulo 9

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O que deu em você, Lena?

Essa pergunta estava na cabeça de Lena desde que ela e Kara deixaram a mesa, atravessaram o opulento saguão que parecia algo saído da velha Europa e se dirigiram à recepção para garantir um quarto para passar a noite. A cada segundo ficava mais insistente, provavelmente porque Lena se recusava a dar uma resposta. Pela simples razão de que ela não sabia. Enquanto o elevador de latão brilhante se dirigia ao topo da torre do hotel e o vinho tinto corria por suas veias, ela só tinha certeza de que não conseguia se lembrar de ter se sentido tão maravilhosamente viva.

O corpo de Kara pressionado contra o dela no elevador vazio, uma boca quente contra o lóbulo da orelha de Lena enviando tremores através dela com a promessa de mais por vir. Lena entregou-se inteiramente à sensação, bloqueando uma série de preocupações práticas que disputavam sua atenção.

Por exemplo, desde quando ela era do tipo que ia para a cama com um estranho? Ou uma mulher, aliás? Ela nunca tinha pensado em fazer sexo com uma mulher antes. Só que isso não era verdade. Lena passou a maior parte da noite acordada fantasiando com Kara. E daí se ela nunca tivesse feito isso antes? Não era ilegal tentar algo novo.

A verdade era que, se ela parasse para pensar, ou pensasse demais, como tantas vezes fazia, encontraria uma centena de razões para pisar no freio. Mas Lena não queria parar. Já fazia muito tempo que alguém a tratava como Kara, como se ela fosse a pessoa mais sexy e interessante do planeta. Se sua vida até agora lhe ensinou alguma coisa, foi como raramente aconteciam coisas boas.

Lena virou a cabeça, dando acesso à boca de Kara aos seus lábios. Dedos macios roçaram a pele nua do braço de Lena, causando arrepios em cada centímetro. Ela separou os lábios e a língua de Kara brincou com a abertura, lenta e suavemente. Será que algum dos homens que Lena beijou (não que fossem muitos) teria demonstrado tanta paciência? Nunca imaginou que o ato de beijar pudesse ser reverente e sensual ao mesmo tempo.

O elevador apitou e a porta se abriu. Elas se espalharam pelo corredor, que Lena ficou grata por notar que estava vazio, embora duvidasse que duas mulheres se beijando e se apalpando em um elevador chegassem perto de entrar na lista das cem coisas mais malucas que aconteceram em um hotel de Las Vegas.

O destino delas era no final do corredor. Era uma suíte e, em vez do número do quarto, levava o nome de um rei francês. Kara acenou com o cartão-chave para destrancar a porta, mal prestando atenção à tarefa que tinha em mãos, tão perdida estava beijando Lena. Mas quando a porta se fechou atrás delas, Lena abriu os olhos o tempo suficiente para vislumbrar o novo ambiente.

Ela engasgou, quebrando o beijo. "Puta merda. Essa é a Torre Eiffel."

Kara riu daquele jeito que Lena chegou a suspeitar que ela estava agindo de forma revigorante genuína ou irremediavelmente ingênua, dependendo da sua perspectiva. Pela maneira como Kara olhou para ela, Lena ficou aliviada ao ver que ela ainda estava caindo no lado certo do charme.

"Eu solicitei um quarto com vista", disse Kara.

Lena foi até a janela e Kara a seguiu. Isso ainda não era o quarto, mas uma grande sala de estar, completa com um sofá cinza aveludado e poltrona de dois lugares, cadeiras almofadadas e ricas cortinas cor de vinho.

"Estaríamos tão perto que se esta janela se abrisse, eu poderia estender a mão e tocá-la." Lena ergueu a mão como se quisesse demonstrar.

Kara envolveu a mão de Lena com os dedos. "Prefiro tocar em você."

Lena suspirou de satisfação, inclinando a cabeça para cima para dar a Kara melhor acesso à boca. Quem diria que beijar poderia ser tão quente? Estava começando a ficar claro para Lena que seus parceiros no passado consideravam o ato uma parte obrigatória das preliminares, uma entre cerca de meia dúzia de ações que eles precisavam marcar em uma lista para ganhar um ingresso para o show principal.

KARLENA - Viagens&EmoçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora