Capítulo 35

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"Obrigada a ambas por tudo." Lena agarrou a mão de Sam de um lado e a de Nia do outro enquanto estava do lado de fora do imponente prédio de admissões em seu antigo campus da faculdade. "Este pode ser o fim da minha carreira acadêmica, mas eu não teria chegado tão longe sem vocês."

"Estamos aqui apenas para dar apoio moral", disse Sam.

"E para ter certeza de que você realmente viria a esta reunião, em vez de faltar e se esconder dentro do seu carro como sempre ameaça fazer", acrescentou Nia, forçando um sorriso nos lábios de Lena, embora ela estivesse apavorada.

"Isso é o que ganho por dizer meus planos malignos em voz alta", brincou Lena. "É o mesmo erro que os vilões sempre cometem nos filmes, e eu caí direto na armadilha."

"Exceto que você é o herói desta história", disse Sam.

"Isso faz de Kara a vilã?" Lena tentou rir, mas seu coração se apertou neste momento.

Sam se virou, com uma expressão muito mais séria do que a tentativa de brincadeira de Lena merecia. "Você acha que Kara é a vilã?"

"Não." Lena não precisou pensar em sua resposta. "Na verdade... não, deixa pra lá."

"O que você ia dizer?" Nia perguntou. Ela também parecia estar atenta a cada palavra de Lena.

A maneira como as duas estavam agindo era meio estranha.

Ambas insistiram para que ela marcasse aquela reunião com Helen, a mulher que cuidava da readmissão de estudantes como Lena, que tentavam voltar à estudar depois de uma longa ausência. Lena concordou, não que houvesse algo que ela pudesse fornecer cara a cara que já não tivesse sido abordado por e-mail. Nenhuma de suas opções mudou. Mas ambas as amigas agiram como se isso fosse muito importante, então Lena cedeu. Foi estranho.

Nia e Sam ainda olhavam para ela, esperando uma resposta.

Lena fechou os olhos com força e tentou organizar em palavras o caos turbulento de seu coração. "Achei que fugir de Kara iria doer por um ou dois dias e, depois disso, meu cérebro traria algum sentido ao meu coração."

"Isso não aconteceu?" Sam perguntou.

Lena balançou a cabeça. "Na verdade, estou mais confusa. Eu não esperava que Kara viesse atrás de mim e, embora parecesse a única opção no momento, fico me perguntando por que a mandei embora."

Ao dizer isso, o peito de Lena apertou. A qualquer minuto o pânico se instalaria, como acontecia sempre que ela tentava responder a essa pergunta. Por que ela mandou Kara embora?

"Por que você acha que fez isso?" Nia perguntou.

Lena respirou fundo, soltando o ar antes de dar a única resposta que conseguiu dar. "Pela mesma razão pela qual ainda não entrei naquele prédio. Não acho que sou boa o suficiente e tenho medo de falhar."

"Eu poderia tentar convencê-la de que você é boa o suficiente, mas não acho que funcionaria. Então, em vez disso, vou te perguntar uma coisa." Sam colocou a mão no ombro de Lena. "Qual é mais difícil de conviver: tentar de todo o coração conseguir o que deseja e não conseguir, ou desistir antes de tentar?"

Não tenho certeza admitiu Lena, cada vez mais confusa. "Eu economizei e economizei por dez anos para manter minha promessa ao meu pai, e estar aqui agora, sabendo o quão improvável é que isso aconteça, com certeza não me sinto bem."

"Mesmo assim, você ainda está aqui," Sam disse suavemente.

"Eu não deveria tê-la mandado embora. Fiquei com medo e pensei que era mais inteligente enfrentar o mundo sozinha, mas não é. Dói e é igualmente assustador." Um nó se formou na garganta de Lena. "Aqui estou eu na faculdade, tentando convencer o mundo de que sou muito inteligente e que mandar Kara embora foi a coisa mais estúpida que eu poderia ter feito."

KARLENA - Viagens&EmoçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora