KARLENA - Viagens&Emoções

Capítulo 14

Kara firmou sua determinação, não querendo murchar diante de Lena e da inesperada audiência de espectadores. Não foi apenas o fato de a mulher estar olhando fixamente para ela que fez as pernas de Kara tremerem. Todo o seu corpo se tornou uma gigantesca inundação de hormônios, lembrando-a por que ela estava tão encantada com a mulher em Las Vegas.

Aquela pele macia. Aqueles olhos deslumbrantes. Aqueles seios que...

Não!

Se Kara pensasse nisso agora, ela nunca conseguiria se recompor.

"Receio que você não possa me evitar", disse Kara com toda a sensatez que conseguiu reunir. "Nós precisamos conversar."

"Ah, agora você quer conversar?" Lena colocou as mãos nos quadris, a raiva irradiando por todos os poros. "Você sabe quando seria um bom momento para conversar sobre o que quer que você queira discutir? Naquela manhã em Las Vegas. Mas não, você foi uma covarde e foi embora sem nem se despedir."

"Não foi assim que aconteceu." Kara cerrou os punhos, mal se impedindo de bater o pé como uma criança tendo um ataque de raiva. Não deveria ser uma surpresa o que Lena pensava ter acontecido, mas Kara ficou magoada ao ser acusada de tal insensibilidade. Ela não pôde deixar de notar como as duas estranhas amigas de Lena, presumiu Kara olhavam para ela como se quisessem arrancar sua cabeça.

"Minha vida pegou fogo desde aquela noite. Você tem alguma ideia do que estou passando?" A voz de Lena falhou e Kara temeu que as lágrimas fossem iminentes. O que diabos aconteceu desde que elas se separaram e por que parecia que Lena pensava que era culpa de Kara?

"Podemos ir ao seu apartamento para discutir isso em particular?" Kara implorou. Ela esfregou as mãos, soprando as pontas dos dedos enluvadas como se isso fosse fazer alguma diferença. "Ainda não é exatamente primavera."

"Não, não podemos, porque o apartamento não é mais meu e já deixei minha chave pro porteiro. Outra coisa que é inteiramente culpa sua!"

"O que você está falando?" Kara percebeu, pela forma como as amigas de Lena giravam a cabeça, como se uma bola de tênis tivesse acabado de ser lançada no lado da quadra de Lena, que essa acusação também era novidade para eles.

"Naquela noite em que estávamos juntas e bebemos demais, mandei uma mensagem para meu chefe contando o que pensava e pedi demissão."

"Sinto muito, mas não tenho certeza de como desempenhei um papel nisso." Mesmo enquanto ela proclamava sua inocência, Kara ficou um pouco tensa. A verdade é que ela não tinha ideia do que acontecera naquela noite e ficava nervosa ao pensar que Lena poderia ter mais informações sobre o assunto do que ela.

"Claro que não porque responsabilidade não é sua praia, não é?"

"Não é minha culpa que você não conhece seus limites!"

"Eu não posso... espere. Deixe-me te mostrar." Lena pegou o telefone do bolso de trás, rolando a tela até que seus olhos brilhassem de vitória. "Eu tenho isso em vídeo."

Kara recuou quando o som de sua própria voz, embriagada, mas ainda reconhecível, veio do aparelho. A imagem estava borrada, mas era fácil distinguir o formato de um chapéu de cowboy, junto com luzes brilhantes brilhando atrás da silhueta sombria, que parecia estar andando em algum tipo de conversível ao longo de Las Vegas.

"Você deveria dizer a ele exatamente o que você pensa", Kara do vídeo disse arrastado, enquanto outra mulher - provavelmente Lena - podia ser ouvida rindo fora da câmera. "Ou me dê o telefone e eu direi ao Dey o que penso. Ninguém trata minha garota assim."

Lena pegou o telefone de volta, interrompendo o vídeo. "Vê?"

O estômago de Kara revirou enquanto ela tentava digerir a evidência perturbadora. Ela estava prestes a quebrar o silêncio que se abateu sobre o grupo quando uma das amigas de Lena chegou antes dela.