Capítulo 18

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"Aqui. Vista isso." Kara estendeu um moletom preto para Lena, o traje padrão que ela usava para visitar as vacas no pasto. Porém, como era o moletom de Kara, ele iria ofuscar a pequena mulher que estava nele.

Adoravelmente, Kara acrescentou mentalmente antes que ela tivesse o bom senso de pensar melhor. A onda de calor que a envolveu foi muito irritante, e foi sua própria culpa. Se ela quisesse sobreviver ao tempo de Lena no rancho, Kara teria que dominar todas aquelas emoções pegajosas que continuavam vazando e endurecer seu exterior. Se ao menos ela pudesse descobrir como até mesmo um moletom com capuz poderia fazê-la amolecer.

Com o nariz enrugado, Lena segurou o moletom entre o polegar e o indicador. "É este que você usou ontem?"

"Sim."

"E você está usando um idêntico hoje?"

Kara encolheu os ombros. Se os moletons pretos ofendiam a sensibilidade fashion da garota da cidade, não era culpa dela.

"Por que?" Lena exigiu. "Eu sei que deve haver uma razão. Se você quiser que eu aprenda sobre a vida no rancho para ajudar no marketing, precisarei de mais do que seus encolheres de ombros. Palavras. Pessoas que não pertencem ao rancho vivem com elas."

"É por isso que os fazendeiros preferem vacas a pessoas", Kara disse a ela, embora não fosse exatamente verdade neste caso específico. Desde a chegada de Lena, Kara estava com um humor melhor do que conseguia se lembrar há muito tempo. "As vacas são de longe as melhores colegas de trabalho. Bem, a menos que alguém atropele você."

Os olhos de Lena se arregalaram e ficou claro que ela estava repensando seu pedido de um passeio de perto pela fazenda e seus animais. "Isso acontece muito?"

"Não. A última vez foi... deixe-me ver"  Kara colocou um dedo no queixo dela, fingindo pensar "dez dias atrás."

Lena engoliu em seco, parecendo estar enjoada.

Kara apontou um dedo para ela, rindo. Não havia nada mais engraçado do que uma pessoa que não tinha experiência com a vida no campo. Eles cairiam em qualquer coisa.

Lena mostrou a língua. "Não seja idiota."

"Humor do rancho. Você vai pegar o jeito." Kara puxou o moletom preto que ela usava. "Quanto às roupas, a razão pela qual uso a mesma coisa todos os dias é que as vacas não são tão boas em ver rostos, mas reconhecem cores e cheiros. Elas sabem que sou a senhora do moletom preto, aquela que traz feno para elas durante todo o inverno. Quando você vier comigo usando a mesma coisa e com um perfume em que confiam, será menos provável que elas se sintam ameaçadas."

"E os casacos?"

"O moletom é forrado de lã e eu uso camadas por baixo. Quase nunca preciso de mais nada, a menos que esteja muito frio ou nevando. Mas deveriam ser 13 graus hoje, ótimo para o final de março."

"Elas não vão me atropelar?" Lena ainda parecia insegura.

"Não se você ouvir e seguir as instruções."

"Sim, sim, Capitã." Lena a saudou.

"Tenho certeza de que você está adorando isso."

Lena encolheu os ombros em resposta.

"Ei!" Kara exclamou, reagindo ao óbvio duplo padrão em jogo. "Como é que você pode encolher os ombros para se comunicar, mas eu não posso?"

"É um mundo cruel."

Kara revirou os olhos, mas pensou consigo mesma, com bastante prazer, que Lena já tinha talento para o outro elemento básico da comunicação no rancho: o sarcasmo.

KARLENA - Viagens&EmoçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora