Capítulo 36

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▪︎Giulia Dantas ▪︎ 

Quinta-feira, 06:20 a.m 

Desci as escadas com minha bolsa e fui direto pra cozinha preparar meu café.

Teve invasão no morro ontem e lennon nem em casa dormiu, e não deu as caras até agora. 

Ele e nem os meninos atendiam o celular e eu neurótica do jeito que sou, já pensei no pior. 

Eu: Quem é? - Perguntei após baterem na porta. 

- É eu! 

Eu: Aaah jura? - Andei até a porta. - Já sei quem é. Pra que eu fui perguntar né? - Abri e vi RD com cara de deboche. - Idiota. 

RD: Tu é bobona - Me abraçou. - l7 mandou eu te levar pro trabalho. 

Eu: Não precisa, eu vou de uber. 

RD: Que vai de uber o que? Mó cota que nós não bate um papo, tenho que desabafar pô. 

Eu: Dramático - Ele mandou dedo e eu subi pra escovar meus dentes. Desci com meu carregador portátil na mão e meu celular. - Bora chofer. 

RD: Gosta de abusar da sorte né? - Fiz legal e entramos no carro, logo ele deu partida saindo do morro. - Vai falar nada não? 

Eu: Quem queria conversar era você - Ele fez careta e eu ri. - E o lance com a Raissa? 

RD: Lance? Porra, Dantas. Que lance cara? Se faz não, porque eu tenho certeza que ela te contou tudo. 

Eu: É, contou mesmo e eu tô muito desapontada com você. Como que você deixa uma pessoa tão maravilhosa como ela escapar? Ricardo ela te amava. 

RD: Ela não me ama mais? - Perguntou parando no sinal. 

Eu: Não sei, a gente não tem conversado esses dias... Na verdade eu não conversei com ninguém o resto da semana - Olhei ele. - O que tá rolando? 

RD: Ih tá doidona? 

Eu: Conheço vocês o suficiente pra saber que tão planejando besteira - Ele riu. - Certeza que eu esqueci alguma coisa em casa também. 

RD: Mas em... a Raissa tá de boa? 

Eu: Boa? Ela tá ótima. Forte que nem touro. 

RD: Ela tá ficando com o Pit ainda? - Ele coçou a cabeça. - Fala pra ela que eu sinto muito. 

Eu: Ih caralho! Fala você, tenho cara de pombo correio pra ficar mandando recadinho? 

RD: Porra mas tu tá chata em?! 

Eu: E você tá maluco! - Me virei pra ele. - Porra Ricardo! Qual o teu problema? Não, namoralzinha. Só tá nós dois aqui. Fala porque tu fez aquilo com ela. 

RD: É complicado, Giulia- Fiz cara de nojo. 

Eu: Eu já falei pra você parar de afastar as pessoas de você - Apontei na cara dele. - Raissa não é igual essas putas que você pega e nem ioiô pra ir e voltar na hora que você quer. Eu espero do fundo do meu coração que você tome um rumo na sua vida, porque a última coisa que eu quero é ver você sozinho. 

RD: Nada a ver esses papo aí - Disse puto. 

Eu: Você não queria conversar? Estamos conversando - Sorri olhando pra ele. - A última coisa que eu te digo é: corre atrás e faz tudo que puder pra ter de volta. Porque Ricardo, se você não cuidar, tem quem vá cuidar mil vezes melhor que você. 

Ele abaixou a cabeça e eu saí do carro, entrando na loja e dando de cara com Celso e Fabrício discutindo. 

Nem dei bola, não era problema meu. Fui pra copa e comecei a comer os pão doce que tinha ali fresquinho. 

Celso: Bom dia pra você também, pequena - Sorri de boca cheia pra ele que bagunçou meus cabelos. - Tudo bem? 

Eu: Você aumentou o meu salário. Óbvio que tá tudo bem - Ele riu. - E você? Problemas com o filho lesado? 

Celso: Pois é - Suspirou. - As vezes acho que não vale a pena ficar discutindo, mas acabo indo debater com ele. 

Eu: É normal, Celso. Você é pai dele e só quer o melhor pra ele - Assentiu. - Não desiste dele não, que a pior coisa é um pai ou mãe desistir do filho, não ter fé sabe?! Não diz que não vale a pena, porque vale a pena sim. Olha pelo lado bom; Pelo menos ele não tá se envolvendo com coisa errada. Ele tá aqui, do seu lado, te ajudando. 

Celso: Uma menina de vinte e um anos, dando sermão pra um macaco velho de cinquenta e seis - negou rindo e eu olhei feio pra ele. - Esqueceu do seu aniversário de novo, pequena? 

Eu: Era isso que eu tinha esquecido - Ele riu negando e se levantou. Nos abraçamos e ele me deu uma caixinha de veludo e um envelope. - Mentira, Celso.

Celso: Presente simples - Olhei pra ele com deboche e fiz ele colocar o colar em mim. - Tava fazendo compras com minha mulher e quando vi esse colar lembrei de você. Esse envelope é presente dela. 

Eu: Sério? A gente mal se conhece e ela me presenteia assim? 

Celso: Ela gosta de você mesmo sem conhecer - riu. Abri o envelope e vi que eram dois vouchers de trezentos e cinquenta reais; um da Parmê e outro do Outback. - Gostou? 

Eu: É presente pra eu comer sem pagar, você quer que eu fique triste? - Abracei ele. - Muito obrigada, sério mesmo Celso. Além de você só minha mãe e outros dois amigos meus lembram do meu aniversário.

Celso: O engraçado de tudo é que todo ano você esquece - Riu. - Você é praticamente minha filha, não tem como esquecer. 

Eu: Obrigada, pai - Ele colocou a mão no peito fingindo choro e eu bati nele que riu.

Ficamos conversando por mais um tempinho e logo os clientes começaram a chegar. Fui pro meu lugar e atendi todos numa boa. Almocei, lanchei e fiquei organizando o lugar depois das seis. 

FB: Vamo embora cara, tem mais nada pra arrumar aqui. 

Eu: Filho da puta! - Bati nele com a vassoura e o empurrei. - Olha o que tu fez desgraça! 

FB: Fiz nada, morena. Tá doida? 

Eu: Você passou com esse pé de ogro onde eu acabei de passar pano! - Gritei impaciente. Aquela porra era grande pra um cacete e custou pra passar pano em tudo. - Nós só sai daqui depois que você passar pano onde você sujou. 

FB: Que? - Riu. - Você quer fazer graça. Meu pai não paga gente pra limpar isso aqui a toa não, morena. 

Eu: E custa alguma coisa você pode dar uma agilizada antes? - Ele fez bico me ignorando. - Fabrício um... Fabrício dois... Fabrício dois e meio... Filho da puta! - Passei a mão na testa. Eu tava começando a ficar puta de verdade. - Eu só não chuto tua cara porque respeito meu tênis. 

FB: Chata demais, Deus me livre - Falou pegando a vassoura da minha mão e passando pelo chão. - Quer que eu te leve em casa também madame? 

Eu: Você ia levar de qualquer jeito, gato - Ele sorriu bobo e eu peguei meu celular pra ver se tinha mensagem do pessoal. E claro, os filhos da puta não deram um sinal de vida

Mente milionária (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora