– Senju! – O Haitani mais velho encontrou a platinada, que franziu o cenho ao vê-lo, ele não era acostumado a falar com ela.
– O que quer Ran? – Ela cruzou os braços.
– Calma baixinha, só queria falar com você – Disse brincalhão – Na verdade quero tirar umas dúvidas...
– Sobre? – Ela ergueu uma sobrancelha.
– A sua amiga, a Kiyomi...
– Nem pensar! – Ela virou as costas e foi andando.
Ele correu e parou a frente dela.
– Vamos Senju! Estou realmente interessado, ela é diferente, quero conhecê-la melhor – O Haitani despejou seu veneno.
– Você?! Ata! – A platinada jogou a cabeça pra trás e riu – Ran você troca mais de peguete do que de cueca, não vai machucar minha amiga!
– Por favor Senju! Não quero só ficar com ela, de verdade quero conhecer melhor a Kyiomi, vejo ela sempre tão concentrada... Ela é diferente das outras garotas que já vi e eu acho que realmente tenho sentido algo por ela, só me ajude a conhecer as coisas que ela gosta... O resto eu mesmo vou fazer.
A platinada tinha um bico exposto em sua boca. Em seu interior ela buscava algum motivo para virar as costas. Analisou toda a expressão do Haitani a procura de algo que indicasse que era uma mentira, mas algo nele parecia desesperado demais.
Alguém que só quer transar com uma garota difícil não se mostra assim tão em desespero, não é?
Por fim ela suspirou.
– Tá... O que quer saber?
– Apenas os gostos dela... Ela gosta de flores ou chocolates?
Uma risada sincera da menor.
– É capaz de ela pisar nas suas flores!
– Está debochando do meu coração apaixonado!
– Ran, Kiyomi quer algo épico! Um amor que ela não espera. Ela já foi muito machucada, machucada tão profundamente que nem queria voltar pra cá, e mesmo que eu tenha contato com ela a anos, ela nunca me disse o nome do garoto que a machucou – Ela começou a andar pelo pátio e viu a garota de cabelos brancos ao longe com um livro na mão – Ela lê esses livros buscando algo que acha que nunca vai ter na vida real, se está gostando dela de verdade, sugiro que veja as capas dos livros e o que esses personagens fizeram pelas suas garotas, então você vai saber o que fazer por ela.
– Você quer que eu leia?! – Disse indignado – Não pode me dar um resumo?
– O resumo é que você é um idiota! – Ela abriu a bolsa e tirou dali um livro lhe entregando – Comece por esse!
Ele analisou a capa. "Orgulho e Preconceito"
– Isso não tem um filme?
– Leia o maldito livro, Ran Haitani.
A garota virou as costas e saiu.
Ran estava indo muito longe, mas a aposta valia uma noite ou duas acordado lendo. Ou talvez ele apenas buscasse o filme e pegasse o resumo.
Senju ainda tinha um pé atrás com o mais velho, ela conhecia bem as histórias que Haru contava sobre como Ran ia atrás de uma garota depois da outra. Mas talvez realmente ele tivesse interesse em Kiyomi, afinal a amiga era linda, diferente, interessante. Era forte e inteligente, era tudo que metade das garotas daquele lugar queriam ser, principalmente empoderada.
A platinada caminhou até a amiga que a olhou com um olhar duvidoso.
– O que estava falando com aquele Haitani?
– Você viu?!
– Eu vejo tudo Senju.
A mais baixa se sentou ao lado da amiga.
– Ele apenas me pediu uns concelhos.
– Ran Haitani te pediu conselhos? – Kiyomi riu – E o que você disse a ele?
– Mandei ele ler um livro – Sorriu.
– Eu duvido que ele leia, e talvez até estrague.
– Reze pra que não, por que ele está com a sua edição de Orgulho e Preconceito.
– VOCÊ FEZ O QUE? – A albina gritou, atraindo olhares.
– Talvez eu tenha... Emprestado? – A mais baixa se afastou levemente.
– Se meu livro tiver um arranhão, você vai comprar um novo.
– É justo.
A albina revirou os olhos e logo os passou por todo o pátio, onde os grupinhos se reuniam. Viu facilmente o grupo da tal Tenjiku, os donos de Yokohama, vestidos para matar.
Um par de olhos brilhantes já estava olhando pra ela. Ela desviou o olhar rapidamente, sentindo o ódio que lhe era dirigido.
– Vou voltar pra sala – Se levantou.
– Já? Falta muito pro intervalo acabar! – Senju reclamou.
– Eu tô cansada, depois falamos mais.
Ela não esperou para saber se a mais baixa diria algo, apenas saiu.
Era torturante ver aqueles olhos o tempo todo. Como era possível amar alguém que lhe odiava tanto? Como era possível que seu coração traidor continuasse amando alguém que havia lhe destruído em vários pedaços apenas com um olhar.
Aquela noite estava pregada em sua mente, enraizada em seus ossos, e nunca sairia da sua cabeça.
"– Você está indo embora! Eu sabia que faria isso! Está fazendo o mesmo que sua mãe fez com você! Você é uma pessoa horrível e nojenta igual a ela!
E ali estavam os olhos dele, olhando daquele jeito triste, e então, carregado de ódio"
Naquela noite, ela fez suas malas e antes do sol nascer, estava no aeroporto, aguardando seu voo para Manhattan, onde faria intercâmbio.
Não era sua intenção ir embora, mas sempre se sentiu um fardo entre aqueles que a acolheram quando sua mãe a abandonou. Então ela sempre fazia provas para intercâmbios, na esperança de poder deixá-los em paz.
Ela apenas não sabia que ouviria palavras tão dolorosas ao contar que iria embora.
Seu coração foi partido em vários pedaços e deixado espalhado por aquela casa. Ela nunca o reconstruiria novamente, mas tudo bem, ela havia aprendido a lidar com a dor.
Mas nunca havia deixado de amar o garoto, por mais que ele passasse a vida lhe odiando.
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Rainha de Copas - Tenjiku
FanfictionUm coração ferido. Palavras ditas com ódio. Afastaram um amor anos atrás. Agora eles se reencontrariam em meio a uma aposta. "- A partir de amanhã, me chame de Rainha."