– Ainda não acredito que você aceitou ir com ele – Senju reclamava enquanto andava com Kiyomi pelo shopping.
– Ele está tentando – Falou a garota – Acha mesmo que se ele quisesse só transar comigo estaria lendo livros e passando horas comigo?
– Não sei Kiyomi, mas não confio nele – A platinada tinha os braços cruzados enquanto observava os vestidos.
– Eu disse que se ele fizesse algo eu ia acabar com ele, e que ele tinha até o baile para me conquistar – Explicou.
– E você ainda acredita no Haitani?
– Preciso acreditar em alguém, Senju, ou vou viver o resto da vida fechada e com medo – Passou a mão por um tecido azul e outro lilás.
– Mas não podia ser alguém mais de boa? Tipo meu irmão?
– Sabe que isso é impossível – Kiyomi revirou os olhos e pegou o vestido lilás – Acho que combina comigo e com Ran, o que acha?
– Não é impossível, vocês já se conhecem a muito tempo! E essa cor tá ótima, mas ainda acho vermelho melhor em você.
– Tenho certeza que Sanzu me odeia por não parar Mikey aquele dia, assim como ele tem raiva de você – Ela caminha até o provador com o vestido na mão.
– Por que você não me conta o que aconteceu de verdade? Nos conhecemos a anos e você nunca disse por que parou de falar com todo mundo quando fez o intercâmbio – Senju confrontava a amiga do lado de fora do provador.
– Não quero falar sobre isso – Disse a de cabelos brancos enquanto vestia o vestido de seda lilás.
– Você nunca quer, mas um dia vai precisar admitir o que aconteceu, um dia isso vai voltar pra você e você vai ter que encarar – Kiyomi abriu a cortina olhando a amiga que dava um sermão – Mas lembre que vou estar lá quando precisar desabafar sobre isso.
– Um dia, Senju. Um dia.
*****
– Vou de lilás, com uma fantasia de fada – Disse Kiyomi ao Haitani quando chegou nele no dia seguinte na aula, ele ergueu as sobrancelhas – Acho que a cor combina com nós dois.
– Claro, vou usar uma gravata lilás então – Ele sorriu, o que deixou os amigos ao redor confusos, Kiyomi saiu e todos olharam pra ele, inquiridores.
– É impressão minha ou esse seu sorriso não foi nada fingido? – Rindou tinha uma expressão sarcástica no rosto.
– Deixa de ser idiota! – O Haitani mais velho brigou com o mais novo, jogando um lápis nele.
– Não acredito que vivi pra ver isso – Madarame sorria diabólico – Ran Haitani está realmente se apaixonando!
– Ah vocês não entendem! – Ele suspirou – Ela é totalmente diferente do que eu esperava, é carinhosa quando deixa eu me aproximar, gentil, sorridente... Nunca tinha visto esse lado dela.
– Nem você, nem ninguém – Rindou murmurou.
– Alguém viu – O mais velho mordeu a boca – Ela é fechada assim por que alguém a machucou, de uma maneira tão profunda que ela acredita que se não disser o nome dele ou mesmo falar sobre o acontecido, pode fingir que nunca existiu, mas a dor ainda está lá.
– E como fica a aposta? – Madarame olhava.
– Ainda mantém, ainda posso ganhar a aposta e ganhar a garota – Ele cruzou os braços – É só vocês ficarem quietos sobre isso!
Mas nem todos ficariam. Não. Nem todos estavam dispostos a deixar alguém tão importante se machucar dessa maneira, e ficar com alguém que começou a procurá-la por conta de uma aposta.
O Haitani saiu com uma ideia em mente, e os demais ficaram ali na praça onde se encontravam.
Andando pelo centro de Roppongi ele visualizou as lojas, queria dar algo de presente a ela. Kiyomi nunca usava acessórios, pois sua pele clara ficava com alergia facilmente, então ele buscaria algo que ela pudesse usar que não a afetasse.
Depois de várias lojas com presentes caros e diferentes, anéis, colares, pulseiras, de ouro, prata e demais metais preciosos, ele encontrou a beira da rua uma senhora que vendia bijuterias feitas a mão.
Um olhar rápido e ele pode ver um pingente curioso, ele se aproximou olhando, um delicado pingente esculpido em um cristal arroxeado, formando um livro aberto.
– Senhora, quanto é esse? – Ele apontou, a senhora sorriu.
– Ah esse é muito diferente, é esculpido em obsidiana, protege aquele que o usa de todo o mal, custa apenas mil yenes!
– Vou levar.
Ele entrega o dinheiro a ela, e ela lhe dá o colar em uma caixinha aveludada. Rapidamente ele sai do local e vai para a praça onde sempre encontra a garota, era curioso o fato de que ninguém nunca a encontraria em casa.
Ao que era possível perceber, Kiyomi odiava a própria casa, só ia para dormir, pois fazia todas as suas refeições na rua, assim como todo o resto que pudesse fazer.
Alguns minutos caminhando e lá estava ela, sentada a sombra de uma árvore lendo algum livro que ele não conseguia identificar a distância que estava.
Mas era algo interessante, você sempre a encontraria com um livro na mão, independente da situação.
– Olá – Ele apareceu na frente dela e se sentou na grama – Tenho algo pra você.
– Outro livro? – Ela franziu o cenho já com um leve sorriso brotando nos lábios.
– Algo diferente dessa vez – Ele estendeu a caixinha e a abriu, dando um leve susto na garota, essa buscou o colar e o observou na palma da mão.
– Ran... Isso é... É lindo – Ela sorriu abertamente – Obrigada...
A questão é que Kiyoki mal se lembrava da última vez que alguém havia sido gentil com ela dessa maneira. Havia passado por maus bocados quando criança, sendo abandonada pela mãe e depois um fardo para a família que a acolhera.
Mais tarde, na América, havia sido um incômodo para o casal que a acolheu. pois não sabia inglês muito bem, então tinha dificuldades de falar e dificuldades na escola que quase a fizeram repetir alguns anos.
Quando finalmente estava tudo se encaminhando, ela descobriu que precisaria voltar, pois a senhora da família que a acolhia estava grávida, além da própria mãe dela ter falecido recentemente.
Era uma gravidez de risco e tudo estava muito perigoso, portanto, Kiyomi teve que voltar. Com o dinheiro que havia economizado na América, viver no Japão era quase como ser rica, além de ter uma casa própria que a mãe que a havia abandonado deixou em seu nome.
– Posso colocar em você? – O Haitani perguntou, ela assentiu e se virou.
O pingente foi colocado e foi como se uma promessa tivesse sido selada, o Haitani sabia que a estava amando e sabia o quanto isso era perigoso. Já Kiyomi sabia que ele era perigoso, mas seu coração ansioso não se incomodava em sofrer mais uma vez se fosse para ter momentos de paz como aquele.
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Rainha de Copas - Tenjiku
Hayran KurguUm coração ferido. Palavras ditas com ódio. Afastaram um amor anos atrás. Agora eles se reencontrariam em meio a uma aposta. "- A partir de amanhã, me chame de Rainha."