Espreita

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Ora, ora, ora... apareceu a margarida!
Ainda se lembram dessa obra?
Graças aos incessantes comentários de uma leitora no discorrer da obra percebi que há quem goste muito de lê-la, então resolvi presenteá-los

Espero que gostem do capítulo. Boa leitura! ❤️

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Num passado não tão distante quanto gostaria, Jimin costumava se remexer na cama quando tudo que precisava fazer era se levantar. No entanto, seu corpo reagia retentivo refletido sobre a inquietação de sua mente, desnorteado em receios e inseguranças que o perseguiam já desde os primeiros minutos de sobriedade.

O ato de se casar havia se revelado ser muito mais do que ter alguém para eternamente amar e acompanhar, era como uma nova vida que apesar de não mais solitária, ainda tendia a parecer vazia.

Jimin já tinha tudo.

Taemin havia lhe dado tudo!

Tudo que o rapaz precisava fazer, era se esforçar para manter a vida que lhe fora dada, mas porque por vezes se pegava tão absorto? Sentindo-se tão vago no meio de toda aquela imensidão que o marido era e lhe oferecia?

A confusão de ter todo um cronograma mental montado desde o início do dia até o final, mas ainda se sentir vazio, como se independente de quantas coisas tivesse de fazer ou tantas outras conseguisse efetuar, ainda não fossem nada; não valessem nada.

Firmava um olhar opaco contra a madeira da porta que dava à suíte do quarto. Sabia para onde deveria ir e o que deveria fazer, mas não sabia se queria mesmo ou se era mesmo certo; se estava mesmo fazendo o certo.

Eram duas pessoas individuais que juntas firmaram um contrato civil e religioso que os uniam como um só, mas não se lembrava de em nenhuma cláusula notar que os desejos de Lee deveriam ser postos sempre como prioridade.

Mas quando virava para o lado e encontrava o outro corpo adormecido a certa distância do seu, concluía que talvez viver em função dos desejos do outro, fosse também o suficiente para sua própria felicidade. Afinal, a felicidade de um deveria ser a do outro, e o rapaz tinha simples e claro o quanto o sorriso do marido lhe fazia bem.

Assim, no instante seguinte lá estava o Park, sentindo-se um egoísta quando olhando em volta ainda sob o conforto quentinho do cobertor, se sentiu um ingrato por em algum momento pensar em virar-se contra o próprio marido que lhe dava tudo mesmo com suas imperfeições.

E foi assim que um novo ano veio após outro e mais outro até que não tivesse controle algum sobre a própria vida, seguindo apenas aquilo que lhe era escolhido e mandado. Até que o rapaz simplesmente não tivesse noção sobre seus gostos e vontades; desgostos e desprazeres; sonhos e metas.

Até que vivesse apenas na base daquilo que achasse que gostariam que ele escolhesse e fizesse.

Até que viver fosse servir.

As pessoas sempre vendem a ideia de constante entrega para um bom futuro retorno. Mas para Jimin aquela tese somente fez criar monstros que o perseguiam dia após dia.

Agora, mesmo depois de pedir o divórcio e estar consideravelmente separado, retorno nenhum tivera além das frustrações de simplesmente não saber quem era ou o que queria ser ou ter.

Não sabia distinguir o que realmente gostaria de vestir, do que achava que os outros gostariam de vê-lo usando; não sabia que tipo de penteado usar entre o que seria confortável e o que seria atrativo a terceiros. Pensou então que talvez uma coisa levasse a outra afinal. Quer dizer, a ideia de estar aceitável perante outros olhares, lhe parecia confortável, mas, estava mesmo certo?

Sofisma || JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora