XIV

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Everytime I look into your eyes, it feels like I could stare in them for a lifetime. We can get started for life tonight.

Eu gostaria de poder dizer que no meu caso o banho frio, assim que voltei para casa, havia sido bem sucedido. Gostaria de dizer que o meu banho gelado tinha tido o mesmo efeito em mim que tivera em Alfonso e me fizesse caminhar mais leve para que conseguisse seguir com o meu dia, contudo, o resultado havia sido muito diferente do que o esperado. Mesmo embaixo do chuveiro frio era possível sentir o corpo dele grudado em minhas costas, me fazendo imaginar como seria tê-lo ali comigo, me explorando com as mãos como eu havia feito quando estávamos no seu sofá.

Eu já havia aceitado o fato de que nada que eu fizesse seria capaz de aplacar o desejo que sentia por ele e era inegável que minha mente estava ficando cada vez mais criativa em imaginar todos os cenários possíveis de nós dois juntos. Não era nenhum segredo que Alfonso gostava, e muito, de sexo e pelas nossas sessões de pegação de adolescentes excitados, era possível presumir que ele era sim muitíssimo bom de cama. Contudo, era inevitável imaginar como ele seria quando finalmente acontecesse... se era mais calmo e romântico ou se gostava de algo mais intenso e profundo. Será que ele usava nomes? Será que ele se permitia gemer e falar o que sentia?

Céus, já fazia muito tempo que eu não ia para cama com alguém novo e principalmente que eu não ia literalmente para cama com alguém, tanto que era difícil controlar aquele friozinho na barriga de expectativa.

Por outro lado, a carência havia me atingido forte ao passar pela porta do meu apartamento naquela manhã, e por alguns instantes eu cogitei trabalhar do escritório ao invés de em casa, uma vez que a imagem de Christopher me agarrando a força e depois dizendo que seria pai ainda parecia muito fresca ali no canto da minha sala. Porém, no dia seguinte finalmente aconteceria a audiência da adoção de Christian e eu precisava me concentrar e me preparar para isso. Apesar de saber que já era um caso ganho, eu queria dar o meu melhor para eles e enfrentar o escritório, com toda a energia passiva-agressiva do lugar, era a última coisa que eu precisava.

Ter pedido socorro para Mai e Alfonso tinha sido a melhor escolha no dia anterior e o acalento que estava precisando. Era a primeira vez desde que toda minha relação com Christopher havia começado, que eu senti que não precisava lidar com aquela situação sozinha... contudo, aquela imagem em específico era um monstro que inevitavelmente eu precisaria lidar sozinha. Não havia nada que os dois pudessem fazer que me faria esquecer o pior lado de Christopher.

A tarde de quinta, por fim, se passou em meio a leituras, pensamentos intrusivos sobre Christopher e lembranças vívidas de Alfonso duro contra mim.

"De quanto tempo será que Dulce estava grávida? Será que eles já sabiam o sexo do bebê?".

"Será que se tivéssemos acordado em sua cama, nós teríamos transado?".

Uma montanha russa de emoções que eu me vi obrigada a passar mais de duas horas na academia com o intuito de amenizar aquele acúmulo de energia e tensão do meu corpo.

Para o meu alívio – e confesso que decepção –, Alfonso não havia ido naquele fim de tarde, permitindo assim que eu tivesse pelo menos um treino "normal" em muito tempo.

Na sexta-feira, após mais ou menos duas horas e meia de audiência, quando o juiz determinou plenos direitos parentais para Christian e Ed, eu não consegui conter as lágrimas ao ver o casal se encontrando nos corredores com os bebês que aguardavam com os avós. Os quatro se abraçaram em meio às lágrimas e sorrisos e eu pude sentir que finalmente um propósito havia sido cumprido. Naquele momento eu senti que nenhuma injustiça havia sido feita e que pela primeira vez ninguém estava saindo perdendo. Que finalmente algo bom tinha sido feito depois de tanto esforço.

Let me love youWhere stories live. Discover now