「V◇」> Kamikaze 「◆」

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Algum tempo depois, ouvi passos vindo até a sala. A figura do acrobata apareceu logo em seguida, con seu cabelo molhado e com as roupas que eu o emprestei. Ele sorriu ao me ver, como se eu fosse uma obra de arte...

As vezes, eu não entendia o que se passava na cabeça daquele homem.

— Ainda tem sangue na sua boca... — Eu o alertei, fazendo com que ele esfregasse o canto de seu lábio, percebendo a coloração vermelha. Fui até ele e limpei o líquido com minhas próprias mãos.

— Eu estava pensando sobre a minha recompensa, sabe, meu amor? — Ele choramingou, sem perder tempo.

Revirei os olhos em encarei em sua direção, esperando a próxima atrocidade que deixaria sua boca.

— Diga... — Eu perguntei, irritado.

— Eu quero algo gostoso! — Ele me fuzilou com seus olhos, como se eu fosse um doce. — Um drink com Vodka!

Parei antes de respondê-lo,  já que eu esperava ter que fazer algo para cessar nosso acordo... Mas, pelo jeito, não foi bem isso...

— Um drink com Vodka? — Eu questionei, não acreditando em meus ouvidos, suspeitando que o homem a minha frente não era, de fato, o Nikolai Gogol que eu sequestrei.

— Oras bolas, sim! — Ele cruzou os braços, fazendo bico. — Eu sei que você tem na sua cozinha, não seja um pão duro!

Suspirei, com raiva, revirando os olhos novamente.

— Não diga "oras bolas" assim, me dá dor de cabeça... — Eu repreendi enquanto ele ria da minha cara. Me levantei e fui até a cozinha, abrindo o armário de bebidas e colocando tudo que eu tinha em cima do balcão.

O homem me seguiu, saltitante, observando os itens alcoólicos que eu havia oferecido. Ele posicionou a mão em seu queixo, fazendo uma pose pensativa.

— Dostoy, sente-se! — Ele mandou, indo em minha direção e me pegando no colo, me sentando no balcão, ao lado das bebidas. — Vou fazer algo para você, preste atenção em mim, ok?

Franzi as sombrancelhas, irritado por não saber qual seria seu próximo passo.

— Ok... — Eu concordei, assistindo um sorriso enorme se formar no rosto do homem.

— Ótimo! — Ele guardou todas as bebidas, deixando apenas a Vodka, alguns outros ingredientes. — Você pode apenas me assistir! — Ele piscou, com seu típico tom de flerte.

Nikolai improvisou o copo que ele usava pra misturar a bebida quando trabalhava na boate, usando dois copos de metal que eu tinha, que, mesmo sendo parecidos com o do bar, não tinham o formato certo.

— A-ham... — Ele limpou a garganta. — Para fazer um bom Kamikaze, você precisa de 25 ml de vodca, 25 ml de cointreau, 25 ml de suco de limão fresco, que nós vamos improvisar usando suco de limão do... — Ele olhou o rótulo. — ...mês passado! E gelo picado, que vai ser gelo mesmo, não tem o que fazer!

Ele explicou tudo que fazia com extrema clareza, como se fosse algum tipo de obsessão sua.

Me apoiei no balcão, assistindo enquanto ele mexia os copos, ouvindo o gelo se chocar contra a parece de metal, fazendo um barulho alto de água. Ele tirou tudo do copo e me serviu.

— Você não tem o copo certo, então vou usar a taça de vinho, algum problema, meu senhor, Dostoy? — Ele perguntou, colocando o líquido em uma das taças.

— Essa bebida vai me deixar alterado? — Eu questionei, deslizando meu dedo médio na borda do copo, fazendo com que um som calmo e melodioso resssoasse.

Golpes Com Sabor De Vodka| FYOLAIOnde histórias criam vida. Descubra agora