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-eu não vou Ana Luiza, tá tão difícil de entender? Meus pais não vão deixar nunca isso.- falo enquanto termino de lavar as louças.

Ela só vem na minha casa no período que meus pais estão trabalhando, não é sempre que minha mãe trabalha, só 2 vezes na semana limpando a casa de uma senhora lá no início da comunidade.

Ana Luiza: seus pais não precisam saber amiga, vamos por favor,você precisa se divertir um pouco cara.

Ana Luiza está desde segunda implorando pra eu ir no baile de sexta, já está me estressando de tanto insistir.

- como que eles não vão saber? Larga de ser tapada, pra sair de casa tenho que pedir a eles, e eu vou falar oque? "A pai, eu posso ir em um baile onde só tem drogas, armas, bebidas e músicas feias?"- gesticulo com as mãos enquanto falo.

Ana Luiza: fala que vai dormir lá em casa.

-você sabe que eles não gostam muito de você também.

Ana Luiza: então foge quando eles estiverem dormindo, a gente fica só umas 3 horas lá, eles nem vão perceber.- olho pra sua cara, não acreditando que ela realmente estava falando aquilo.- amiga, sério, você precisa se divertir um pouco, você já está quase fazendo 18 anos, e nunca saiu pra curtir, ainda é lacrada, e não sabe nem beijar direito. A gente vai, e se você não gostar, voltamos embora na mesma hora- fala quase que implorando.

Eu apenas fico calada pensando ma possibilidade, por um lado ela tem razão, eu preciso viver um pouco, mas por outro lado, tenho medo dos meus pais descobrirem.

-se eu for você vai parar de insistir?- vejo um sorriso surgir em seu rosto.

Ana Luiza: sim sim sim simmmm, aí meu Deus, nem tô acreditando que consegui te convencer, já sei até que roupa você vai usar. Amanhã cedo eu trago a ela pra você.

(.......)

O resto do meu dia foi totalmente chato, nas quintas feiras eu não trabalho, então fico a parte da tarde em casa.
Já tinha terminado de fazer tudo, limpei a casa todinha, e ainda é capaz da minha mãe achar defeito.

Estava nervosa pensando se o plano de amanhã daria certo.
Eu e a Analu planejamos de quando for lá pras 20:30 eu subir para o quarto falando que vou "dormir", esperar até 21:00 que é o horário que meus pais geralmente dormem, trancar meu quarto e pular a janela, que por sorte, é baixa.

Como o baile só começa às 23:00, ela vai me encontrar pra gente ir se arrumar na casa dela.

Meu plano é voltar pra casa as 02:00 da madrugada.

Escuto um barulho na cozinha, e me levanto para ver o que é.

-me assustou mãe, chegou agora?

Clara: sim, acabei de entrar, você tava toda perdida no sofá que nem ouviu eu falando com você.
E essa pia toda molhada aqui eim, nem pra passar o rodinho.

-vou passar agora- pego o rodinho e faço oque ela pediu.- a senhora vai precisar de ajuda em alguma coisa?

Clara: vou não, vou só tomar um banho e vou descer lá no mercadinho pra comprar umas coisas que tá faltando.

- vou dormir um pouquinho então, tô morrendo de sono. Se for precisar de ajuda pra subir com as coisas, me liga.

Falo indo no caminho do meu quarto, me deito na cama e nem vejo a hora que dormi.

(.....)

Acordo escutando uma gritaria do lado de fora do meu quarto, não estava nem raciocinando direito.

Vou até o local da gritaria e encontro meu pais brigando, pego um copo de água e fico de canto só observando tudo.

Clara: o junior me contou tudo, por isso que você não gosta dele, é porque ele não esconde nada de mim. -fala brava- você é tão safado que fica dando encima das mulheres no meio da rua, não tem vergonha na cara não? Não tem nem medo dos irmãos da igreja ver.- olho para o rosto da minha mãe, vendo que ela estava lacrimejando.

Antônio: esse traficantezinho é um mentiroso, e você cai nas mentiras dele, você é burra e mente fraca, tem que confiar no seu marido, não em um qualquer da rua- aponta o dedo na cara da minha mãe.

Clara: você é muito descarado, quando estiver sozinho no mundo, espero que não venha atrás de mim, só estou te aguentando ainda pela minha filha, tenho nojo de você, espero que os irmãos da igreja percebam quem você é de verdade.- se retirou da cozinha indo para o banheiro,provavelmente para não chorar na nossa frente.

Meu pai que ainda não tinha me visto ali, me olhou com uma cara de poucos amigos.

Antônio: e você tá fazendo o que aqui também? Você  é outra imprestável igual sua mãe, some da minha frente, so traz desgosto pra essa família.

Não entendi o ataque a minha pessoa, o errado da história é ele.

Nunca fui muito apegada a minha mãe, ela nunca foi de me dar muito carinho, mas hoje enxergo que é tudo culpa dele.
Ela não é uma pessoa ruim.

Deixo esses pensamentos e tento me livrar de tudo que ouvi, voltei para meu quarto pra tomar um banho relaxante, amanhã seria um dia tenso demais.

Paradoxo Mítico Onde histórias criam vida. Descubra agora