Capítulo 15 - Onde o Mar Molha

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Sunny POV: ON

  Começamos a andar pelas ruas e o clima estava como eu tinha imaginado para esse momento: um entardecer a beira de anoitecer, o vento um pouco frio, mas não gélido, e um ar confortável o suficiente para respirar. Depois de andar bastante o guiei para a praia, eu já estava um pouco ofegante por conta dessa atividade física tão básica, porém Kel como tinha boa forma ainda estava intacto. Chegando na praia eu me sento em uma mesa que pertencia ao restaurante daquela praia, Kel logo em seguida se senta perto de mim.

Kel: -Então...Você quer dizer agora oque você tinha em mente?

Sunny: -Pera que eu tô nervoso. -Kel ri, provavelmente do jeito que eu falei, eu normalmente não sou assim, mas esse idiota faz questão de me desconsertar mesmo que seja com esse sorriso, esse sorriso que brilha mais que o sol do verão.

Kel: -Deixa eu tentar te ajuda. Você me trouxe em um restaurante, no restaurante oque as pessoas fazem? Isso mesmo, elas comem. Então eu acho que você quer comer, provavelmente comida. Acertei? 

Sunny: -É...Eu meio que acho que é por esse caminho aí. 

Kel: -Quer que eu pague?

Sunny: -P-Pera aí também! Quem te trouxe fui eu, eu acho que no mínimo eu que tenho que pagar a conta. 

Kel: -Negativo, quem paga a conta é o homem. 

Sunny: -...

Kel: -Eita.

Sunny: -Tudo bem. A gente racha então, beleza?

Kel: -Beleza. 

  Cara, isso vai ser muito mais difícil do que eu falei. Eu devia ter trazido a Mari comigo. Não, eu consigo! Eu posso, eu tenho capacidade de tomar as atitudes da minha vida sozinho, eu posso construir um futuro sozinho. Eu posso...Dizer eu te amo pra ele sem a ajuda de ninguém. 

Sunny POV: OFF


Mari POV: ON 

  Será que tá tudo bem com o Sunny? O coitado não conseguiu planejar nada pro encontro dele, será que ele pelo menos tem um textinho bonitinho decorado? OU PIOR, SERÁ QUE O KEL PELO MENOS SAIU COM ELE?! Não, Mari, calma, mulher. Seu irmão já tem 17 anos, ele sabe muito bem oque tá fazendo com a própria vida...Será mesmo que sabe? Ah, meu Deus, que complicação. Tô pior que a nossa mãe quando era mais nova, ela se preocupava até demais, hahaha, hoje não é mais assim...
  De repente a campainha toca, atrapalhando todos os meus pensamentos. E quando eu vou ver, era Aubrey. 

Mari: -Aubrey? O Sunny saiu caso você tenha vindo falar com ele.

Aubrey: -Eu vim falar com você, Mari. 

Mari: -Uhm? Pode dizer. 

Aubrey: -Então...Lembra quando eu vim aqui te relembrar sobre o cabelo pintando? Que a gente ia pintar, tu te roxo e eu de rosa?

Mari: -Claro que eu me lembro! Mas por que isso agora?

Aubrey: -O Basil me emprestou um dinheiro pra nois duas ir pintar o cabelo. Ai eu queria saber se você... -Antes que ela pudesse continuar, eu a abraço e pulo de alegria, finalmente aquele simples desejo de infância iria se realizar. 

Mari: -SIM SIM SIM, EU QUERO. BORA!

Aubrey: -SÉRIO?! YAYYYY. -Aquele gritinho de alegria de Aubrey era algo que eu não via a tanto tempo. Estou muito aliviada de ver que ela consegue sorrir mesmo com tudo que ela tem passado durante esses anos. 

Mari: -No salão da esquina?

Aubrey: -No salão da esquina. -E assim fomos. Aquilo não era só uma simples mudança de cor de cabelo, era uma mudança interna de mim e Aubrey, estávamos realizando um sonho de infância que por conta de acontecimentos imprevisíveis teve que ser guardado no fundo do baú, no canto do armário, mas agora nada nos impedia de realizar, nada nos impedia de relatar a nossa relação de amizade tão antiga. Depois de tanto tempo, mesmo namorando com Hero, eu consegui sentir uma alegria diferente pela primeira vez, a alegria de um laço impartível. Obrigado, Aubrey, minha amiga e irmã. 

Mari POV: OFF 


Sunny POV: ON

  Mano do céu, como é difícil se declarar. O Kel não parava de falar sobre tema aleatórios, que eu gostava de ouvir, porém eu precisava de um pouco de silêncio pra poder falar oque eu quero dizer. Já havíamos terminado de comer há um bom tempo, ele continuava falando sobre oque quer que brotasse na sua mente e eu só concordava e comentava algo bem breve sobre. 
  Pedi pra ele pedir a conta e assim ele fez, pagamos e fomos para fora do restaurante. Já era de noite, já não era o clima que eu queria, mas servia. Agora era provavelmente a minha última chance, mas antes que eu pudesse tomar alguma atitude, quem pegou a minha mão para me conduzir para algum lugar agora foi Kel. Ele me levou a praia, se sentou na areia e me convidou para ficar perto dele, e assim eu fui. Ficamos lá sentados ouvindo o suave som das ondas quebrando na areia. 

Kel: -Eu estou aqui. Quando você quiser dizer oque você quer dizer, pode dizer. Fale da forma mais confortável para si possível.

  Ah claro. Ele me conhecia o suficiente para saber que eu estava engasgado com algum punhado de palavras, mas que droga. Apenas olho para o fim do mar, esperando que ele me dê forças, vontade, ânimo, ou até mesmo as palavras certas para dizer oque eu queria dizer. Eu escrevo poemas, mas não consigo dizer um eu te amo de forma minimamente romântica sem soar tão fria e rasa. Queria algo mais profundo, mas aparentemente isso vai ser impossível. Mesmo sem ter ideia do que eu estava fazendo ou pensando direito, ainda tentava focar em pensar em algumas palavras minimamente decentes para conseguir falar aquilo. Até que desisto e decido deixar o coração tomar o controle da minha boca. 


Sunny: -Olha, Kel, eu não sei como dizer isso de uma forma muito detalhada então vou ser bem direito, ok? 

Kel: -Beleza! Pode dizer, Sol. -Não me faça boiolar mais do que eu já vou. 

Sunny: -Eu te amo. -Kel paralisou com as minhas palavras, ele olhava fixamente para o oceano e levantou sua cabeça suavemente e congelou. Eu não faço a mínima ideia se ele queria ouvir oque eu iria dizer, mas mesmo assim continuei, na minha boca só havia o meu coração.

Sunny: -Desde o dia que eu percebi o quanto que você brilha pra mim, o quanto que você consegue iluminar o meu dia só com a sua presença, eu não consegui parar de pensar em você. Você parece que é bordado com luz de candeia pra ser desse jeito. Eu amo tudo em você, o jeito que você fala de coisas do nada, o jeito que você se expressa, até o seu abestalhamento até na hora de um jogo de basquete. Eu...Eu amo você por inteiro. 

  Eu provavelmente devo ter fudido naquele exato momento, Kel só olhava para o mar, nem virou o rosto ou movimento um músculo qualquer. Eu devia ter ficado em casa...

Kel: -Sunny...Eu posso te responder de uma forma mais direta ainda? -Lá se vem um fora bem dado. 

Sunny: -Pode. 

  Logo após eu dizer isso eu fecho os meus olhos, para não encarar o rosto de desgosto de Kel que eu nem havia visto ainda. Enquanto esperava um esporro ou algo do tipo eu recebo...Nada? Não estava acontecendo nada, talvez ele estivesse pensando no que dizer? Até que eu sinto a sua mãe quente segurar em meu rosto e logo em seguida sinto uma respiração um pouco ofegante perto do meu rosto. Antes que eu pudesse terminar de raciocinar, Kel sela os lábios nos meus, sua boca ainda estava com gosto de limão, oque só fez aquele beijo ter mais significado para mim do que ele já tinha. Eu queria poder toca-lo mais, porém meu corpo ainda estava em estado de choque com o ato repentino dele. Independente de eu conseguir retribuir aquela condução direito, ainda foi o melhor beijo que eu já recebi na minha vida, o único pra ser mais preciso. 

Kel: -Sunny, eu também te amo. Mais do que eu posso mostrar, eu sou péssimo em matemática, mas saiba que oque eu sinto por você não cabe em nenhuma unidade de medida. 

Sunny: -Kel...

Kel: -Eu gastei meus neurônios todos pra dizer isso, tá bom? -Eu o abraço e ele retribui na mesma hora.

Sunny: -Você é muito idiota...

Kel: -Um idiota que você ama.

Sunny: -Pra caralho...





Continua...


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