Detenção e segredos

17 5 1
                                    

Chanyeol se encontrava na sala da diretoria com o cronograma dos serviços comunitários que deveriam cumprir em mãos, e suava frio com o olhar nada feliz do novo diretor sobre o atraso de Kim. De um jeito ou de outro, o castigo tinha que ser cumprido e, não querendo ficar até tarde da noite na escola por fazer não apenas a sua parte, mas também a de Jongin, que não havia aparecido para cumprir a detenção, Chanyeol decidiu procurá-lo.

Não foi surpresa alguma ter o encontrado encolhidinho do lado de fora do clube de balé, espiando pela brecha da porta o ensaio que havia sido proibido de participar.

Jongin queria tanto estar treinando, Chanyeol quase conseguia ver seus olhos brilhando. Sutilmente, o peso era colocado na ponta dos pés, como se se movimentar ao som da música clássica que tocava do lado de dentro fosse algo instintivo.

Chanyeol não deveria estar se culpando por isso, mas, talvez, se tivesse se esforçado mais um pouquinho e agido como o líder que costumava ser, fazendo o uso de sua autoridade para dissipar os outros membros, Jongin não estivesse prestes a perder sua vaga no clube.

— Aí está você — Chanyeol, propositalmente, sussurrou próximo ao ouvido de Jongin, que ficou branco como um papel por conta do susto e quase deu um salto para trás.

— Ah, Park... — cumprimentou com desânimo.

Jongin não pareceu muito feliz em vê-lo. Não que sua vida fosse um mar de rosas antes de conhecê-lo, na verdade, costumava lutar pela própria sobrevivência, mas, após ser transferido para El Dorado, tudo pareceu virar de ponta-cabeça.

— O que está bisbilhotando aí? — Chanyeol parecia ter a intenção de irritá-lo, cutucando seu braço com o boné que havia retirado para arrumar os cabelos escuros. — A gente tem muito trabalho a fazer, esqueceu?

— Como eu poderia? — reclamou, rolando olhos. — Eu já estava indo, não precisava vir atrás de mim.

Do bolso do uniforme riscado, Park retirou o papel amassado e limpou a garganta antes de ler da maneira mais desinteressada possível:

— "Os alunos devem pegar os produtos na sala da zeladoria e se dirigir até o prédio do ensino fundamental, onde deverão executar a limpeza das salas." — Park amassou o papel com uma mão só, arremessando a bolinha em uma das lixeiras próximas e ostentando uma expressão satisfeita por ter acertado o cesto. — Mas que merda! Eles já não têm funcionários para fazer isso? Ou isso é tudo coisa desse diretor maluco?

— Pode ir passar um tempo com os seus amigos, se está tão insatisfeito.

Pelo menos não haviam ficado com os banheiros fedidos. Doh Kyungsoo e os Kim provavelmente se encontravam irados naquele momento.

— Para começo de conversa, isso nunca teria acontecido se você não tivesse aparecido no lugar errado, na hora errada. — Chanyeol possuía um orgulho quase tão sólido como uma rocha. Uma das coisas mais difíceis para ele admitir, era quando estava equivocado.

— Não me faça esfregar na sua cara de quem é a culpa, Park Chanyeol. — Jongin irritou-se, batendo a ponta do dedo no peitoral esguio do bad boy.

Os dois eram como gato e rato. Se alguém quisesse que uma discussão trivial se prolongasse por todo o dia, então bastava que os deixassem lado a lado.

Uma discussão provavelmente ocorreria ali também, caso Chanyeol não tivesse reparado nos curativos do rosto de Jongin. A boca dele estava inchada, tinha um curativo colorido no nariz (que Chanyeol, em algum momento de contemplação ou curiosidade, percebeu ser levemente achatado) e alguns arranhões pela maçã do rosto.

Park nem soube exatamente porque se sentiu tão triste. Segurou a mão de Jongin sobre seu peito e, ironicamente, o dedo indicador tão acusatório de outrora pousava no centro de um dos corações tortos desenhados no uniforme.

Por Trás das MáscarasOnde histórias criam vida. Descubra agora